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REUNIÃO DO FMI
Diretor do Fundo credita turbulência às eleições, e O'Neill diz que "só futuro dirá" se socorro livrará país da crise
Pacote de ajuda ainda vai funcionar, diz FMI
DO ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
Mesmo diante da forte depreciação do real nas últimas semanas, o diretor-gerente do Fundo
Monetário Internacional, Horst
Köhler, e o secretário do Tesouro
dos Estados Unidos, Paul O'Neill,
disseram ontem que o pacote de
ajuda de US$ 30 bilhões concedido pelo FMI ao Brasil não falhou.
"Não acho que o pacote falhou
porque o programa ainda está em
curso. O que ocorre agora, o que
nós podemos observar, não é
uma surpresa. Sempre esteve claro que haveria volatilidade", disse
o diretor-gerente do Fundo.
Segundo ele, "muito do que
ocorre agora" no mercado financeiro está relacionado com as eleições e com as discussões em torno
das campanhas. "Ainda sinto que
o pacote vai funcionar."
O programa de ajuda do FMI
para o Brasil foi anunciado no começo do mês passado. Após o
anúncio do pacote, a cotação da
moeda americana (que havia ultrapassado os R$ 3 na primeira semana de agosto), caiu para menos
de R$ 3. O governo esperava que a
medida fosse valorizar ou pelo
menos manter a cotação do real
no nível em que estava. Ontem, o
dólar fechou cotado em R$ 3,76.
Custo alto
O diretor-gerente do FMI, no
entanto, admite que o custo da dívida é claramente alto. "Mas, se
você observar o potencial de crescimento e de produtividade do
Brasil, realmente acho que a dívida é sustentável."
Indagado sobre o assunto, o secretário Paul O'Neill disse que "o
futuro dirá" se o Brasil, com o pacote do FMI, conseguirá livrar-se
da crise econômica.
"Mas posso dizer que, da maneira com que foi feito, o pacote
tem lógica e foi a decisão correta",
afirmou O'Neill.
De acordo com o secretário
americano, o FMI foi "sábio" ao
concentrar o desembolso dos recursos no final do programa, no
ano que vem. "Ele está vinculado
à adoção de boas políticas pelo
próximo governo. O pacote faz
muito sentido. Cerca de US$ 24
bilhões ficarão para o final do
programa."
Patamares normais
Na semana passada, a vice-diretora-gerente, Anne Krueger, disse
que o pacote funcionou porque o
câmbio havia retornado para um
patamar de R$ 3,15 e os juros sobre a dívida haviam caído para
patamares mais "normais". No
mesmo dia em Krueger deu essas
declarações, o câmbio e os juros
da dívida explodiram.
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