São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 2002

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PRODUÇÃO

Pesquisa mostra que empresários do setor vêem melhora na procura e nos estoques, mas produção continua baixa

Substituição de importado anima indústria

MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria brasileira dá alguns sinais de recuperação: os estoques estão caindo e os empresários afirmam que, graças às exportações e à substituição de importações, a procura por produtos começou a subir.
Ainda que positivos, esses indicadores não significam aquecimento da produção. As indústrias ainda esperarão por mais ajustes de estoques e pela melhora nas vendas para aumentar a produção e o emprego.
Esse é o cenário sugerido pela Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação, pesquisa divulgada ontem pela Eaesp/FGV (Escola de Administração de Empresas de São Paulo/Fundação Getúlio Vargas). "A pesquisa mostra que existem algumas notícias boas no lado real da economia", afirma Salomão Quadros, coordenador da sondagem.
A pesquisa foi feita nas duas últimas semanas e ouviu 230 empresários de grandes e médias empresas que, juntas, empregam 221 mil pessoas e têm faturamento de R$ 41,6 bilhões.

Procura maior
O levantamento mostra que diminuiu significativamente o número de empresários que afirmam ter estoques excessivos. Ao mesmo tempo, pela primeira vez no ano -a sondagem foi feita em janeiro, abril e junho-, a proporção de empresas que dizem ter percebido aumento na procura foi maior do que a das que dizem que a procura está fraca.
"Isso sugere que a procura por produtos industrializados se reaqueceu", explica Quadros.
De fato, as empresas aumentaram o nível de utilização de capacidade instalada, que era de 76% na última pesquisa, em junho, para 78,2%.
Apesar da pequena recuperação, os níveis de utilização ainda estão baixos. A indústria raramente trabalha com 100% de utilização, já que os empresários precisam estar preparados para atender a oscilações na procura. Em períodos de crescimento, a utilização máxima é de cerca de 85%.
Apesar da melhora nos indicadores de estoques, procura e uso da capacidade instalada, o ânimo dos empresários não mudou desde a última pesquisa, feita em junho. O número dos que esperam melhora dos negócios ainda é maior do que os que acreditam que a situação vai piorar, mas hoje há relativamente mais pessimistas do que em abril deste ano.

Exportações
O aquecimento da procura, diz Quadros, é explicado principalmente pelo setor externo. Os empresários começaram a colher os frutos do câmbio desvalorizado, que fez subir tanto a procura externa como a interna.
No caso da procura por produtos brasileiros no mercado externo, a melhora já havia sido detectada na última pesquisa da FGV. Com a valorização do dólar, os produtos brasileiros ficaram mais competitivos, e os empresários começaram a notar um maior interesse no mercado internacional.
A procura pelos substitutos dos importados também subiu. O efeito é mais forte no caso dos produtos intermediários -matérias-primas. No início do ano, o número de empresários que havia percebido aumento da procura por esses produtos era menor do que os que afirmavam ter detectado queda na demanda. Agora, a situação se inverteu.
O movimento é mais lento no caso dos bens de consumo, mas o número de empresários que afirmam ainda não ter percebido aumento na procura por esses produtos também diminuiu.


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