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PRODUÇÃO
Pesquisa mostra que empresários do setor vêem melhora na procura e nos estoques, mas produção continua baixa
Substituição de importado anima indústria
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A indústria brasileira dá alguns
sinais de recuperação: os estoques
estão caindo e os empresários
afirmam que, graças às exportações e à substituição de importações, a procura por produtos começou a subir.
Ainda que positivos, esses indicadores não significam aquecimento da produção. As indústrias
ainda esperarão por mais ajustes
de estoques e pela melhora nas
vendas para aumentar a produção e o emprego.
Esse é o cenário sugerido pela
Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação, pesquisa
divulgada ontem pela Eaesp/FGV
(Escola de Administração de Empresas de São Paulo/Fundação
Getúlio Vargas). "A pesquisa
mostra que existem algumas notícias boas no lado real da economia", afirma Salomão Quadros, coordenador da sondagem.
A pesquisa foi feita nas duas últimas semanas e ouviu 230 empresários de grandes e médias empresas que, juntas, empregam 221 mil pessoas e têm faturamento de R$ 41,6 bilhões.
Procura maior
O levantamento mostra que diminuiu significativamente o número de empresários que afirmam ter estoques excessivos. Ao
mesmo tempo, pela primeira vez
no ano -a sondagem foi feita em
janeiro, abril e junho-, a proporção de empresas que dizem ter
percebido aumento na procura
foi maior do que a das que dizem
que a procura está fraca.
"Isso sugere que a procura por
produtos industrializados se reaqueceu", explica Quadros.
De fato, as empresas aumentaram o nível de utilização de capacidade instalada, que era de 76%
na última pesquisa, em junho, para 78,2%.
Apesar da pequena recuperação, os níveis de utilização ainda
estão baixos. A indústria raramente trabalha com 100% de utilização, já que os empresários precisam estar preparados para atender a oscilações na procura. Em
períodos de crescimento, a utilização máxima é de cerca de 85%.
Apesar da melhora nos indicadores de estoques, procura e uso
da capacidade instalada, o ânimo
dos empresários não mudou desde a última pesquisa, feita em junho. O número dos que esperam
melhora dos negócios ainda é
maior do que os que acreditam
que a situação vai piorar, mas hoje há relativamente mais pessimistas do que em abril deste ano.
Exportações
O aquecimento da procura, diz
Quadros, é explicado principalmente pelo setor externo. Os empresários começaram a colher os
frutos do câmbio desvalorizado,
que fez subir tanto a procura externa como a interna.
No caso da procura por produtos brasileiros no mercado externo, a melhora já havia sido detectada na última pesquisa da FGV.
Com a valorização do dólar, os
produtos brasileiros ficaram mais
competitivos, e os empresários
começaram a notar um maior interesse no mercado internacional.
A procura pelos substitutos dos
importados também subiu. O
efeito é mais forte no caso dos
produtos intermediários -matérias-primas. No início do ano, o
número de empresários que havia
percebido aumento da procura
por esses produtos era menor do
que os que afirmavam ter detectado queda na demanda. Agora, a
situação se inverteu.
O movimento é mais lento no
caso dos bens de consumo, mas o
número de empresários que afirmam ainda não ter percebido aumento na procura por esses produtos também diminuiu.
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