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ENERGIA
Para especialista, tarifas podem ficar mais altas
Empresas fazem documento com críticas ao novo modelo de energia
DA REPORTAGEM LOCAL
As empresas do setor elétrico
entregaram ontem ao secretário-executivo do Ministério de Minas
e Energia, Maurício Tomalsquim,
um extenso documento com críticas e sugestões de alterações ao
novo modelo do setor elétrico
proposto pelo governo.
O novo modelo visa estabelecer
uma parceria entre os setores público e privado para garantir investimentos na expansão da oferta de energia. Nesse sentido, pretende levar a experiência bem-sucedida de concessão do setor de
transmissão de energia -no qual
vence uma licitação a empresa
que apresentar a menor proposta
de receita anual para a prestação
do serviço- à área de geração.
O modelo quer, ainda, garantir
tarifas mais baratas. No entanto a
proposta do governo vem sofrendo críticas de especialistas e de
empresários do setor. De acordo
com Wolfgang Rüth, especialista
em energia da Roland Berger, "o
modelo proposto poderá atrair
investimentos, pois oferece receita garantida e por longo prazo ao
investidor. Mas vai encarecer as
tarifas".
Rüth diz que, no modelo proposto, de oferecer um "mix" de
energia velha -fornecida pelas
atuais geradoras- e energia nova
-das futuras usinas-, há um
subsídio embutido.
"A energia velha será vendida a
um preço baixo, que não leva em
conta o custo de oportunidade do
capital, pois considera que o investimento já foi amortizado",
afirma ele.
Além disso, "à medida que for
sendo agregada ao sistema a energia das novas geradoras, o preço
médio vai subir, encarecendo as
tarifas", observa o especialista.
O documento entregue ontem
pelas entidades que representam
as distribuidoras, comercializadoras de energia, geradoras termelétricas e produtores independentes foi discutido com as principais empresas do setor. O trabalho foi coordenado pela CBIEE
(Câmara Brasileira de Investidores em Energia Elétrica).
Divergências
A Folha apurou que o documento expõe divergências entre
as distribuidoras e as geradoras
de energia, a ponto de a associação que representa as geradoras, a
Abrage, ter optado por não participar da elaboração do texto.
Segundo Flávio Neiva, presidente da Abrage, a entidade preferiu não participar porque o setor tem problemas específicos e
não seria produtivo a unificação
com os demais.
"Há duas semanas entregamos
ao Ministério de Minas e Energia
um documento com as nossas posições", afirmou Neiva.
(SANDRA BALBI)
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