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São Paulo, sábado, 27 de setembro de 2003

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ENERGIA

Para especialista, tarifas podem ficar mais altas

Empresas fazem documento com críticas ao novo modelo de energia

DA REPORTAGEM LOCAL

As empresas do setor elétrico entregaram ontem ao secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Maurício Tomalsquim, um extenso documento com críticas e sugestões de alterações ao novo modelo do setor elétrico proposto pelo governo.
O novo modelo visa estabelecer uma parceria entre os setores público e privado para garantir investimentos na expansão da oferta de energia. Nesse sentido, pretende levar a experiência bem-sucedida de concessão do setor de transmissão de energia -no qual vence uma licitação a empresa que apresentar a menor proposta de receita anual para a prestação do serviço- à área de geração.
O modelo quer, ainda, garantir tarifas mais baratas. No entanto a proposta do governo vem sofrendo críticas de especialistas e de empresários do setor. De acordo com Wolfgang Rüth, especialista em energia da Roland Berger, "o modelo proposto poderá atrair investimentos, pois oferece receita garantida e por longo prazo ao investidor. Mas vai encarecer as tarifas".
Rüth diz que, no modelo proposto, de oferecer um "mix" de energia velha -fornecida pelas atuais geradoras- e energia nova -das futuras usinas-, há um subsídio embutido.
"A energia velha será vendida a um preço baixo, que não leva em conta o custo de oportunidade do capital, pois considera que o investimento já foi amortizado", afirma ele.
Além disso, "à medida que for sendo agregada ao sistema a energia das novas geradoras, o preço médio vai subir, encarecendo as tarifas", observa o especialista.
O documento entregue ontem pelas entidades que representam as distribuidoras, comercializadoras de energia, geradoras termelétricas e produtores independentes foi discutido com as principais empresas do setor. O trabalho foi coordenado pela CBIEE (Câmara Brasileira de Investidores em Energia Elétrica).

Divergências
A Folha apurou que o documento expõe divergências entre as distribuidoras e as geradoras de energia, a ponto de a associação que representa as geradoras, a Abrage, ter optado por não participar da elaboração do texto.
Segundo Flávio Neiva, presidente da Abrage, a entidade preferiu não participar porque o setor tem problemas específicos e não seria produtivo a unificação com os demais.
"Há duas semanas entregamos ao Ministério de Minas e Energia um documento com as nossas posições", afirmou Neiva.
(SANDRA BALBI)


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