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Turbulência no mercado não afeta otimismo da indústria
Crise não traz preocupação para 68% das empresas ouvidas em pesquisa do Ciesp
Previsão é que indústria cresça mais de 4,5% neste ano; construção civil espera avanço de 7,8% neste ano, mas teme aumento de custo
CLAUDIA ROLLI
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem sentir o impacto da crise
dos mercados, a indústria paulista está otimista, espera crescer acima de 4,5% no ano e elevar a produção e as vendas internas neste mês. Na construção civil, a percepção dos empresários é a mesma: a tensão financeira não abalou o setor.
É o que mostram dois levantamentos obtidos pela Folha
-a pesquisa Rumos, do Ciesp
(Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), realizada
no início deste mês com 609
empresas, e a Sondagem do
Sinduscon-SP, feita em agosto
com 239 empresários da construção em todo o país.
Para 68% das indústrias ouvidas, a crise nos EUA que atingiu o mercado financeiro mundial traz pouca ou nenhuma preocupação aos seus negócios.
Oito em cada dez empresas
consultadas acreditam que a
crise não vá atingir a expansão
do setor industrial ou terá pouco impacto nos negócios.
"Nem a crise no mercado
imobiliário americano, nem a
ata do Copom, que já anunciou
o fim do ciclo de afrouxamento
monetário [fim do processo de
queda dos juros], nem a prorrogação da CPMF foram capazes de causar abalo nas expectativas dos empresários", diz
Carlos Cavalcanti, economista-chefe do Ciesp.
"Poucas vezes, nos últimos
anos, vi uma posição tão firme
e contundente da classe empresarial ao apostar na continuidade do crescimento. Estão
de fato começando a acreditar
que estamos engrenando num
crescimento sustentado. Só um
acontecimento catastrófico pode reverter esse cenário", diz.
No setor elétrico e eletrônico, a percepção é a mesma.
"Não é qualquer notícia que
nos abala. O Brasil diminuiu a
sua vulnerabilidade. E o mercado interno cresce de forma
sustentada com o aumento do
crédito e da renda, o que permite que as camadas com rendimento menor tenham acesso
a novos produtos", afirma
Humberto Barbato, presidente
da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica).
Construção
O desempenho da construção civil foi positivo em agosto,
e essa tendência deve se manter, segundo sondagem feita
pelas indústrias do setor e a
FGV Projetos. "A expansão esperada para este ano é de 7,9%.
No ano que vem, deve ser ainda
maior: 10,8%. Os indicadores
mostram resultados positivos",
diz João Claudio Robusti, presidente do Sinduscon-SP. O
ponto negativo na sondagem
foi a preocupação com aumento de custos na construção, reflexo de gastos com maior número de contratações e dos reajustes salariais concedidos.
Segundo a pesquisa do Ciesp,
63% das empresas estimam
crescer na média esperada pelo
setor (entre 4,5% e 5%) ou acima de 5%.
Edgard Pereira, economista-chefe do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
Industrial), diz que as 46 empresas reunidas no instituto
prevêem crescimento de 5%
para a produção industrial neste ano. "A crise no mercado
imobiliário nos EUA não tem
efeito imediato no Brasil. Mas
pode ter impacto a médio prazo
à medida que a economia mundial desacelere."
Se a demanda mundial diminuir, o Brasil pode exportar
menos. "Ainda há, entretanto,
um ponto positivo a favor do
Brasil. O gasto público previsto
para o ano que vem pode compensar a redução de vendas no
mercado externo. A atividade
industrial está sendo mantida
pelo mercado interno."
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