São Paulo, quinta-feira, 27 de setembro de 2007

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Turbulência no mercado não afeta otimismo da indústria

Crise não traz preocupação para 68% das empresas ouvidas em pesquisa do Ciesp

Previsão é que indústria cresça mais de 4,5% neste ano; construção civil espera avanço de 7,8% neste ano, mas teme aumento de custo

CLAUDIA ROLLI
FÁTIMA FERNANDES

DA REPORTAGEM LOCAL

Sem sentir o impacto da crise dos mercados, a indústria paulista está otimista, espera crescer acima de 4,5% no ano e elevar a produção e as vendas internas neste mês. Na construção civil, a percepção dos empresários é a mesma: a tensão financeira não abalou o setor.
É o que mostram dois levantamentos obtidos pela Folha -a pesquisa Rumos, do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), realizada no início deste mês com 609 empresas, e a Sondagem do Sinduscon-SP, feita em agosto com 239 empresários da construção em todo o país.
Para 68% das indústrias ouvidas, a crise nos EUA que atingiu o mercado financeiro mundial traz pouca ou nenhuma preocupação aos seus negócios. Oito em cada dez empresas consultadas acreditam que a crise não vá atingir a expansão do setor industrial ou terá pouco impacto nos negócios.
"Nem a crise no mercado imobiliário americano, nem a ata do Copom, que já anunciou o fim do ciclo de afrouxamento monetário [fim do processo de queda dos juros], nem a prorrogação da CPMF foram capazes de causar abalo nas expectativas dos empresários", diz Carlos Cavalcanti, economista-chefe do Ciesp.
"Poucas vezes, nos últimos anos, vi uma posição tão firme e contundente da classe empresarial ao apostar na continuidade do crescimento. Estão de fato começando a acreditar que estamos engrenando num crescimento sustentado. Só um acontecimento catastrófico pode reverter esse cenário", diz.
No setor elétrico e eletrônico, a percepção é a mesma. "Não é qualquer notícia que nos abala. O Brasil diminuiu a sua vulnerabilidade. E o mercado interno cresce de forma sustentada com o aumento do crédito e da renda, o que permite que as camadas com rendimento menor tenham acesso a novos produtos", afirma Humberto Barbato, presidente da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica).

Construção
O desempenho da construção civil foi positivo em agosto, e essa tendência deve se manter, segundo sondagem feita pelas indústrias do setor e a FGV Projetos. "A expansão esperada para este ano é de 7,9%. No ano que vem, deve ser ainda maior: 10,8%. Os indicadores mostram resultados positivos", diz João Claudio Robusti, presidente do Sinduscon-SP. O ponto negativo na sondagem foi a preocupação com aumento de custos na construção, reflexo de gastos com maior número de contratações e dos reajustes salariais concedidos.
Segundo a pesquisa do Ciesp, 63% das empresas estimam crescer na média esperada pelo setor (entre 4,5% e 5%) ou acima de 5%.
Edgard Pereira, economista-chefe do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), diz que as 46 empresas reunidas no instituto prevêem crescimento de 5% para a produção industrial neste ano. "A crise no mercado imobiliário nos EUA não tem efeito imediato no Brasil. Mas pode ter impacto a médio prazo à medida que a economia mundial desacelere."
Se a demanda mundial diminuir, o Brasil pode exportar menos. "Ainda há, entretanto, um ponto positivo a favor do Brasil. O gasto público previsto para o ano que vem pode compensar a redução de vendas no mercado externo. A atividade industrial está sendo mantida pelo mercado interno."


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