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Desemprego recua para 10%, mas renda cai
Após seis meses de estagnação, taxa atinge seu menor patamar desde janeiro, puxada por serviços e pela indústria
Rendimento médio interrompe trajetória de alta e sofre queda de 0,8% em setembro, atingindo
R$ 1.030,20, diz IBGE
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Após seis meses de relativa
estagnação, a taxa de desemprego finalmente cedeu em setembro: ficou em 10% -em
agosto, era 10,6%. É a menor
marca desde janeiro deste ano
(9,2%), mas supera a de setembro de 2005, de 9,6%. Já o rendimento interrompeu a trajetória de recuperação e caiu
0,8% de agosto para setembro,
segundo o IBGE.
Diferentemente do que ocorreu em outros meses, o mercado de trabalho gerou, em setembro, vagas em número suficiente para atender a todos que
buscavam um emprego. Resultado: o desemprego caiu. Foram criados 244 mil empregos
de agosto para setembro (alta
de 1,2%), mais do que as 128 mil
pessoas que estavam à procura
de trabalho (queda de 5,3%).
Neste ano, porém, a taxa custou a ceder. É que o número de
pessoas empregadas caiu sistematicamente de janeiro a abril,
recuperando-se só a partir de
maio. Tal cenário retardou a
queda da taxa de desemprego,
fenômeno que tradicionalmente acontece no final do segundo
trimestre (maio ou junho), segundo Marcelo de Ávila, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplica). "No
início do ano, o mercado de trabalho mostrava tremenda apatia, havia grande dificuldade de
gerar postos de trabalho, o que
começou a se reverter em maio.
Agora, o reaquecimento está
muito vigoroso."
Segundo Cimar Azeredo Pereira, gerente da PME (Pesquisa Mensal de Emprego) do IBGE, havia no início do ano a expectativa de uma taxa de desocupação mais baixa em 2006
por conta do fato de o desemprego vir de um patamar menor (fechou 2005 em 8,3%) e da
própria melhora do cenário
econômico, com taxas de juros
mais baixas.
A perspectiva foi frustrada,
diz Azeredo, especialmente por
conta da eleição, que aumentou
a procura por trabalho. "O período eleitoral fez muitas pessoas que estavam fora do mercado de trabalho buscarem um
bico, o que inchou a PEA [População Economicamente Ativa]", concorda Ávila.
Somente em setembro, a
PEA, que abriga os empregados
e quem procura por trabalho,
cresceu 3,5% ante igual mês de
2005, atingindo 39,8 milhões
de pessoas nas seis maiores regiões metropolitanas do país.
Para Ávila, a recuperação dos
rendimentos neste ano, que sofreu uma brecada em setembro, também fez mais pessoas
se lançarem ao mercado de trabalho, animadas com a perspectivas de ganharam mais. Em
setembro, a renda média manteve a expansão (2,7%) sobre o
mesmo mês de 2005 e atingiu
R$ 1.030,20. Foi a 15ª alta consecutiva.
De agosto para setembro, a
queda da renda foi fortemente
influenciada pela perda dos
empregadores (4,6%), categoria com pouco peso na ocupação, mas com alto rendimento
(R$ 2.795,80).
Setorialmente, o emprego
cresceu mais na indústria
(1,9%, ou 66 mil novos postos) e
em serviços prestados a empresas (4,18%, ou 118 mil), também
sob impacto da maior atividade
fabril. Segundo Fábio Romão,
economista da LCA, boa parte
do crescimento da ocupação
em setembro foi provocada pelo aquecimento sazonal da indústria, que já prepara sua produção destinada a atender às
encomendas de final de ano e
contribuiu positivamente para
a redução do desemprego.
"A novidade em setembro é
que o emprego industrial veio
bem, o que ainda não havia
acontecido neste ano e acabou
por se refletir na taxa de desocupação", disse Romão.
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