São Paulo, sábado, 27 de outubro de 2007

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Ação da Bovespa Holding estréia com alta de 52%

Na maior abertura de capital registrada no país, demanda é estimada em R$ 60 bi

Papéis da empresa foram os mais negociados ontem; giraram R$ 5,1 bi, acima da média diária de R$ 4,5 bi de todas as outras ações

TONI SCIARRETTA
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em um pregão considerado histórico, as ações da Bovespa Holding, controladora da maior Bolsa de Valores da América Latina, estrearam com alta de 52,13%, concluindo a mais aguardada operação de abertura de capital do ano. Trata-se do maior IPO [oferta pública inicial de ações, na sigla em inglês] da história, que levantou R$ 6,6 bilhões, dinheiro que vai para o caixa das corretoras -antigas donas da Bolsa.
A alta das ações da Bovespa foi a maior em uma estréia desde 2004, quando começou a mais recente onda de capitalização das empresas por meio de ações. A alta recorde dos papéis da Bolsa ontem foi atribuída à forte demanda de investidores que não conseguiram levar as ações para as quais tinham pedido reserva. Estima-se que a demanda foi de cerca de R$ 60 bilhões -quase dez vezes superior ao volume disponível para venda.
Analistas também prevêem crescimento no volume de negociações na Bovespa nos próximos anos devido ao crescimento da economia e ao aumento do interesse estrangeiro pelo país, além da perspectiva de obtenção do grau de investimento (selo de bom pagador que abriria portas a investidores mais conservadores, como fundos de pensão estrangeiros). Tudo isso seria favorável à Bovespa como empresa, já que agora suas receitas dependem de comissões ligadas aos negócios feitos em pregão. Além disso, a possibilidade de a Bolsa brasileira se tornar alvo de aquisições internacionais elevaria ainda mais suas ações.
Os papéis da holding da Bolsa foram de longe os mais negociados ontem no pregão. Trocaram de mãos ontem R$ 5,1 bilhões em ações da nova empresa -acima da média diária negociada por todas as ações brasileiras, que gira em torno de R$ 4,5 bilhões. Estrelas da Bovespa, como Vale e Petrobras giraram ontem cerca de R$ 600 milhões cada uma.
Para o matemático Marcos Crivelaro, da Fiap, a valorização das ações da Bovespa foi uma "festa esperada", mas "para poucos". "Foi uma festa para grandes e até pequenos investidores. Todos que participaram saíram ganhando. Os maiores ganhadores são as corretoras, mas quem investiu R$ 12.098 e ganhou R$ 6.000 também está rindo à toa. Pena que não foi acessível a mais gente, ficou distante da população."
Já o economista Ricardo Almeida, professor do Ibmec-SP, vê um eventual excesso de otimismo no mercado, que pode não ser confirmado com lucro no futuro. "Tenho medo de uma bolha. Há uma expectativa de que a Bolsa entregue um resultado muito bom pelo preço das ações. Ela precisa dar lucro e distribuir dividendo aos acionistas. Vou acompanhar se a Bolsa vai entregar o resultado ou se é uma bolha", disse.
O início das negociações das ações da Bovespa reuniu representantes de todas as corretoras e de entidades do mercado financeiro no antigo local em que funcionava o pregão viva-voz, extinto em setembro de 2005. Desde então, a negociação de ações na Bovespa passou a ser integralmente eletrônicas, o que ajudou a diminuir os custos das corretoras, mas que retirou o glamour do antigo espaço de negociação.
Para José Olympio Pereira, diretor-executivo do Crédit Suisse, coordenador da operação, o mercado de IPO seguirá firme em 2008. "O volume de IPO hoje é mais de 20 vezes o que foi em 2003", disse.


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