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Ação da Bovespa Holding estréia com alta de 52%
Na maior abertura de capital registrada no país, demanda é estimada em R$ 60 bi
Papéis da empresa foram os mais negociados ontem; giraram R$ 5,1 bi, acima
da média diária de R$ 4,5 bi de todas as outras ações
TONI SCIARRETTA
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em um pregão considerado
histórico, as ações da Bovespa
Holding, controladora da
maior Bolsa de Valores da
América Latina, estrearam
com alta de 52,13%, concluindo
a mais aguardada operação de
abertura de capital do ano. Trata-se do maior IPO [oferta pública inicial de ações, na sigla
em inglês] da história, que levantou R$ 6,6 bilhões, dinheiro
que vai para o caixa das corretoras -antigas donas da Bolsa.
A alta das ações da Bovespa
foi a maior em uma estréia desde 2004, quando começou a
mais recente onda de capitalização das empresas por meio
de ações. A alta recorde dos papéis da Bolsa ontem foi atribuída à forte demanda de investidores que não conseguiram levar as ações para as quais tinham pedido reserva. Estima-se que a demanda foi de cerca
de R$ 60 bilhões -quase dez
vezes superior ao volume disponível para venda.
Analistas também prevêem
crescimento no volume de negociações na Bovespa nos próximos anos devido ao crescimento da economia e ao aumento do interesse estrangeiro
pelo país, além da perspectiva
de obtenção do grau de investimento (selo de bom pagador
que abriria portas a investidores mais conservadores, como
fundos de pensão estrangeiros). Tudo isso seria favorável à
Bovespa como empresa, já que
agora suas receitas dependem
de comissões ligadas aos negócios feitos em pregão. Além disso, a possibilidade de a Bolsa
brasileira se tornar alvo de
aquisições internacionais elevaria ainda mais suas ações.
Os papéis da holding da Bolsa
foram de longe os mais negociados ontem no pregão. Trocaram de mãos ontem R$ 5,1 bilhões em ações da nova empresa -acima da média diária negociada por todas as ações brasileiras, que gira em torno de
R$ 4,5 bilhões. Estrelas da Bovespa, como Vale e Petrobras
giraram ontem cerca de R$ 600
milhões cada uma.
Para o matemático Marcos
Crivelaro, da Fiap, a valorização das ações da Bovespa foi
uma "festa esperada", mas "para poucos". "Foi uma festa para
grandes e até pequenos investidores. Todos que participaram
saíram ganhando. Os maiores
ganhadores são as corretoras,
mas quem investiu R$ 12.098 e
ganhou R$ 6.000 também está
rindo à toa. Pena que não foi
acessível a mais gente, ficou
distante da população."
Já o economista Ricardo Almeida, professor do Ibmec-SP,
vê um eventual excesso de otimismo no mercado, que pode
não ser confirmado com lucro
no futuro. "Tenho medo de
uma bolha. Há uma expectativa
de que a Bolsa entregue um resultado muito bom pelo preço
das ações. Ela precisa dar lucro
e distribuir dividendo aos acionistas. Vou acompanhar se a
Bolsa vai entregar o resultado
ou se é uma bolha", disse.
O início das negociações das
ações da Bovespa reuniu representantes de todas as corretoras e de entidades do mercado
financeiro no antigo local em
que funcionava o pregão viva-voz, extinto em setembro de
2005. Desde então, a negociação de ações na Bovespa passou
a ser integralmente eletrônicas, o que ajudou a diminuir os
custos das corretoras, mas que
retirou o glamour do antigo espaço de negociação.
Para José Olympio Pereira,
diretor-executivo do Crédit
Suisse, coordenador da operação, o mercado de IPO seguirá
firme em 2008. "O volume de
IPO hoje é mais de 20 vezes o
que foi em 2003", disse.
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