São Paulo, sábado, 27 de outubro de 2007

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Meirelles anuncia troca na diretoria do BC

Diretores de Assuntos Internacionais e de Fiscalização deixam o cargo e serão substituídos por funcionários de carreira

Diretoria de Administração, que estava sendo acumulada, ganha titular, e Copom passa a ter oito pessoas com direito a voto

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central anunciou ontem mudanças na composição de sua diretoria, aumentando de sete para oito o número de pessoas no comando da instituição. O diretor de Assuntos Internacionais, Paulo Vieira da Cunha, e o de Fiscalização, Paulo Cavalheiro, pediram demissão alegando "motivos pessoais" e serão substituídos por funcionários de carreira do BC.
Além disso, outro funcionário de carreira foi indicado para ocupar a Diretoria de Administração, que estava sendo acumulada por Antônio Gustavo Matos do Vale, diretor de Liquidações e Desestatização. Com isso, passam a ser oito as pessoas com direito a voto no Copom (Comitê de Política Monetária do BC). A posse dos diretores depende de aprovação do Senado.
Segundo o presidente do BC, Henrique Meirelles, a mudança anunciada ontem é "rotineira, parte do processo normal de evolução dos profissionais".
Dos dois diretores demissionários, o que ocupava o cargo havia mais tempo era Paulo Cavalheiro, que estava no posto desde março de 2003. Ele é funcionário de carreira do BC há 31 anos e agora, diz Meirelles, "vai cumprir a "quarentena" e depois vai procurar se colocar no mercado de trabalho".
"Quarentena" é o nome dado ao período de quatro meses em que as pessoas que deixam o governo não podem trabalhar no setor privado em áreas próximas às dos cargos públicos que ocupavam. O segundo diretor de saída do BC, Paulo Vieira da Cunha, foi nomeado em junho do ano passado. De acordo com Meirelles, ele pediu para se afastar do cargo para voltar a morar com a família nos EUA.
Vieira da Cunha permanece no BC até janeiro do ano que vem, e Cavalheiro deve continuar até que o nome de seu substituto seja aprovado.
A Folha apurou que, no BC, a troca não é vista como problemática, pois os diretores que saem não fazem parte do grupo dos principais operadores da política monetária. Dessa forma, a avaliação é que a notícia não deve gerar reação negativa no mercado financeiro.
As mudanças "rotineiras" vinham sendo negociadas com o presidente Lula nas últimas semanas. O martelo foi batido anteontem, quando Meirelles acertou os últimos detalhes com o presidente sobre as trocas no BC, que também foram informadas ao ministro Guido Mantega (Fazenda).
No Planalto, a avaliação também é que as trocas foram rotineiras e não têm relação com a decisão do BC de interromper, na semana passada, o processo de queda dos juros. Foi comentado até que Vieira da Cunha é próximo a Meirelles e estava na lista dos menos conservadores da instituição.
Trata-se da terceira substituição de diretores neste ano. A mais polêmica foi em março, quando Afonso Bevilaqua deixou a Diretoria de Política Econômica. Bevilaqua era apontado como um dos mais conservadores entre os diretores do BC e, por isso, acumulava atritos com a Fazenda. Depois da posse dos novos indicados, subirá para 14 o número de pessoas que já passaram pela diretoria do BC desde o início do governo Lula, em 2003.
Todos os indicados para a diretoria são funcionários de carreira da instituição. Alvir Alberto Hoffmann, 44, será o diretor de Fiscalização, área em que já trabalhou entre 1978 e 2005, ocupando cargos diferentes. Formado em contabilidade pela Universidade Federal do Paraná, Hoffmann trabalhou, nos últimos dois anos, no Departamento de Assuntos Monetários e de Mercado de Capitais do FMI (Fundo Monetário Internacional).
Para a Diretoria de Administração, foi indicado Anthero de Moraes Meirelles, 43. Doutor em administração pela Universidade Federal de Minas Gerais, era gerente do escritório do BC em Belo Horizonte.
A Diretoria de Assuntos Internacionais será ocupada por Maria Celina Berardinelli Arraes, 54, mestre em economia pela UnB (Universidade de Brasília) e que entrou no BC em 1973. Foi secretária-executiva do BC em 1998, na gestão de Gustavo Franco, e desde 1999 trabalhava no Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).


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