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folhainvest
Fundos de renda fixa têm retorno até negativo com crise
Nas últimas semanas, rentabilidade da renda fixa ficou até
abaixo da verificada em aplicações como fundos DI e CDBs
Diminuição do retorno
"assusta" investidores por
conta das bruscas oscilações
que ocorrem em meio às
turbulências nos mercados
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise não tem poupado
nem os fundos de renda fixa. Na
semana passada, muita gente
se assustou ao ver a rentabilidade de seu fundo ficar negativa, em um período em que ninguém espera que a taxa básica
de juros recue. Nos últimos 30
dias, os fundos de renda fixa estão com retornos menores que
os oferecidos pelos fundos DI
ou mesmo pelos CDBs.
A rentabilidade dos fundos
de renda fixa teve na quarta e
na quinta-feira passadas dois
de seus piores dias. O fundo
Bradesco Renda Fixa Saturno,
por exemplo, chegou a marcar
retorno negativo de 0,11% na
quarta-feira. Nesse dia, o fundo
de investimento em cotas Itaú
Personnalite Plus Renda Fixa
recuou 0,04%, acumulando
rentabilidade mensal negativa
de 0,42%. Muitos fundos tiveram rentabilidade zero na última quarta-feira.
Isso ocorreu porque as taxas
futuras e as pagas pelos títulos
públicos subiram de forma
considerável, bem acima do
que os analistas podiam prever.
E os gestores têm de ajustar os
preços dos títulos prefixados
que estão nas carteiras dos fundos às novas taxas que estão
sendo praticadas no mercado.
Esse ajuste, chamado de
marcação a mercado, começou
a ser cobrado diariamente dos
gestores de fundos em 2002.
De positivo, a marcação a mercado torna a indústria de fundos mais transparente. Mas,
quando há oscilações bruscas
para baixo, como tem ocorrido
nessa crise, acabam por assustar os investidores.
"Os movimentos dos valores
dos títulos sempre ocorreu.
Mas, com a crise e a volatilidade, eles aumentaram muito.
Não via oscilações tão fortes
nas taxas de juros na BM&F havia pelo menos uma década",
afirma Luis Roberto Soares, superintendente-executivo de
renda fixa da BRAM (Bradesco
Asset Management).
Soares explica que os fundos
que têm sofrido nesses dias
passam, após esses ajustes iniciais, a ter uma remuneração
maior daqui para frente.
"Por isso é importante pensar, mesmo nos fundos de renda fixa, como uma aplicação
destinada a prazos mais longos", afirma o profissional.
Dessa forma, esses ajustes acabam se equilibrando com o passar do tempo.
Os fundos de renda fixa carregam em suas carteiras títulos
públicos e papéis privados que
pagam juros, sendo boa parte
formada por taxas prefixadas.
A Anbid apresentou circular,
há cerca de dez dias, na qual pedia que os gestores também
marcassem a mercado os títulos privados (como CDBs e debêntures) que estão nas carteiras dos fundos. E isso também
pode trazer queda (mesmo que
temporária) nas rentabilidades
dos fundos de investimento.
Taxas menores
Apesar de ainda liderarem
em retorno anual, os fundos de
renda fixa registram rentabilidade abaixo de seus principais
concorrentes nas últimas semanas -considerando as aplicações que pagam juros. Em
um período de 30 dias, encerrado no dia 20, os fundos de renda fixa marcavam retorno acumulado de 0,92%, segundo levantamento da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento). Enquanto isso, os
fundos DI tinham retorno de
0,98%. Os CDBs (Certificados
de Depósitos Bancários) se destacavam ainda mais, com taxa
média de 1,05%.
No acumulado do ano, a renda fixa ainda se destaca, com retorno médio de 9,78%, contra
9,60% dos CDBs e 9,37% do DI.
Uma das principais diferenças dos fundos DI, que têm sofrido menos nesse momento
turbulento, é que carregam em
suas carteiras principalmente
papéis atrelados à taxa básica
Selic, que tem sido elevada nos
últimos meses. Assim, o DI costuma perder atratividade nos
períodos de queda da Selic.
"Vimos movimentos absolutamente fora do padrão nas taxas na BM&F nos últimos dias.
E é importante lembrar que o
que a gente viu [taxas disparando no mercado futuro] não está
ligado a fundamentos internos
e sim a investidores desmontando posições", diz Eduardo
Castro, superintendente de
gestão de fundos do grupo Santander Brasil.
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