São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 2008

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Fundos de renda fixa têm retorno até negativo com crise

Nas últimas semanas, rentabilidade da renda fixa ficou até abaixo da verificada em aplicações como fundos DI e CDBs

Diminuição do retorno "assusta" investidores por conta das bruscas oscilações que ocorrem em meio às turbulências nos mercados

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A crise não tem poupado nem os fundos de renda fixa. Na semana passada, muita gente se assustou ao ver a rentabilidade de seu fundo ficar negativa, em um período em que ninguém espera que a taxa básica de juros recue. Nos últimos 30 dias, os fundos de renda fixa estão com retornos menores que os oferecidos pelos fundos DI ou mesmo pelos CDBs.
A rentabilidade dos fundos de renda fixa teve na quarta e na quinta-feira passadas dois de seus piores dias. O fundo Bradesco Renda Fixa Saturno, por exemplo, chegou a marcar retorno negativo de 0,11% na quarta-feira. Nesse dia, o fundo de investimento em cotas Itaú Personnalite Plus Renda Fixa recuou 0,04%, acumulando rentabilidade mensal negativa de 0,42%. Muitos fundos tiveram rentabilidade zero na última quarta-feira.
Isso ocorreu porque as taxas futuras e as pagas pelos títulos públicos subiram de forma considerável, bem acima do que os analistas podiam prever. E os gestores têm de ajustar os preços dos títulos prefixados que estão nas carteiras dos fundos às novas taxas que estão sendo praticadas no mercado.
Esse ajuste, chamado de marcação a mercado, começou a ser cobrado diariamente dos gestores de fundos em 2002. De positivo, a marcação a mercado torna a indústria de fundos mais transparente. Mas, quando há oscilações bruscas para baixo, como tem ocorrido nessa crise, acabam por assustar os investidores.
"Os movimentos dos valores dos títulos sempre ocorreu. Mas, com a crise e a volatilidade, eles aumentaram muito. Não via oscilações tão fortes nas taxas de juros na BM&F havia pelo menos uma década", afirma Luis Roberto Soares, superintendente-executivo de renda fixa da BRAM (Bradesco Asset Management).
Soares explica que os fundos que têm sofrido nesses dias passam, após esses ajustes iniciais, a ter uma remuneração maior daqui para frente.
"Por isso é importante pensar, mesmo nos fundos de renda fixa, como uma aplicação destinada a prazos mais longos", afirma o profissional. Dessa forma, esses ajustes acabam se equilibrando com o passar do tempo.
Os fundos de renda fixa carregam em suas carteiras títulos públicos e papéis privados que pagam juros, sendo boa parte formada por taxas prefixadas.
A Anbid apresentou circular, há cerca de dez dias, na qual pedia que os gestores também marcassem a mercado os títulos privados (como CDBs e debêntures) que estão nas carteiras dos fundos. E isso também pode trazer queda (mesmo que temporária) nas rentabilidades dos fundos de investimento.

Taxas menores
Apesar de ainda liderarem em retorno anual, os fundos de renda fixa registram rentabilidade abaixo de seus principais concorrentes nas últimas semanas -considerando as aplicações que pagam juros. Em um período de 30 dias, encerrado no dia 20, os fundos de renda fixa marcavam retorno acumulado de 0,92%, segundo levantamento da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento). Enquanto isso, os fundos DI tinham retorno de 0,98%. Os CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) se destacavam ainda mais, com taxa média de 1,05%.
No acumulado do ano, a renda fixa ainda se destaca, com retorno médio de 9,78%, contra 9,60% dos CDBs e 9,37% do DI.
Uma das principais diferenças dos fundos DI, que têm sofrido menos nesse momento turbulento, é que carregam em suas carteiras principalmente papéis atrelados à taxa básica Selic, que tem sido elevada nos últimos meses. Assim, o DI costuma perder atratividade nos períodos de queda da Selic.
"Vimos movimentos absolutamente fora do padrão nas taxas na BM&F nos últimos dias. E é importante lembrar que o que a gente viu [taxas disparando no mercado futuro] não está ligado a fundamentos internos e sim a investidores desmontando posições", diz Eduardo Castro, superintendente de gestão de fundos do grupo Santander Brasil.


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