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ANO DO DRAGÃO
IPCA-E deve ser de 2,5% no mês e de 9,65% no acumulado até novembro; em dezembro, taxa anual passará de 10%
Inflação oficial volta a dois dígitos em 2002
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
A inflação deste mês medida pelo IPCA-15 (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo-15) chegou a
2,08%, a maior variação do índice
desde que foi criado pelo IBGE,
em maio de 2000. Como o IPCA-15 tem a mesma metodologia e
período de coleta do IPCA-E (IPCA Especial), é possível dizer que
sua maior variação antes da divulgada ontem foi em julho de 1995
(2,59%).
Com o resultado do IPCA-E, o
economista Luiz Roberto Cunha,
especialista em inflação da PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), já estima
que o IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo), a inflação
oficial do país, chegará a 2,5%
neste mês.
Isso elevará a taxa acumulada
no ano para 9,65% e tornará irreversível que o índice oficial chegue neste ano a dois dígitos, pela
primeira vez desde 1995 (22,41%),
primeiro ano do governo Fernando Henrique Cardoso.
Cunha avalia que a inflação fechará o ano em torno de 11%, um
ponto percentual acima da estimativa de 10% apontada em pesquisa feita pelo BC com bancos e
empresas de consultoria.
Alimentos e combustíveis
A alta de 4,47% nos preços dos
alimentos, contra 1,77% no índice
de outubro, e os aumentos dos
combustíveis foram decisivos para que o IPCA-15 deste mês desse
um salto de 1,18 ponto percentual
em relação ao anterior (0,90%).
Entre os alimentos, o IBGE destacou os aumentos de produtos
como açúcar cristal (30,83%),
açúcar refinado (27,07%), farinha
de trigo (22,80%), arroz (11,87%),
óleo de soja (10,61%), macarrão
(9,64%) e pão francês (9,78%).
A gasolina apresentou alta de
5,23%, refletindo parcialmente no
varejo o reajuste de 12,09% nos
preços do produto vendido na refinaria, ocorrido dia 4 deste mês.
A maior parte desse reajuste no
atacado só será captada pelos índices que têm pesquisa nos 30
dias deste mês, como o IPCA, devendo sobrar uma parte a ser captada em dezembro.
Regiões
O mesmo ocorre com o gás de
botijão. Do reajuste de 22,1% praticado sobre os preços a partir de
5 deste mês, só aparece no IPCA-15 de novembro uma alta de
3,98%.
Isso acontece porque o IPCA-15, como o IPCA-E, tem os dados
para sua composição coletados
do dia 16 do mês anterior ao dia 15
do mês de referência.
Em relação ao IPCA-E, a única
diferença do índice divulgado ontem pelo IBGE é que o primeiro é
pesquisado mensalmente, mas só
divulgado a cada três meses. O IPCA-E era a base para o reajuste da
Ufir, extinta em janeiro de 2000.
Entre as 11 regiões metropolitanas de capitais brasileiras que fazem parte da pesquisa do IBGE, a
maior variação do IPCA-15 foi registrada em Fortaleza (2,73%). A
menor, em Salvador (1,84%). São
Paulo teve a segunda menor variação (1,86%).
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