São Paulo, quarta-feira, 27 de novembro de 2002

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ANO DO DRAGÃO

IPCA-E deve ser de 2,5% no mês e de 9,65% no acumulado até novembro; em dezembro, taxa anual passará de 10%

Inflação oficial volta a dois dígitos em 2002

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A inflação deste mês medida pelo IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15) chegou a 2,08%, a maior variação do índice desde que foi criado pelo IBGE, em maio de 2000. Como o IPCA-15 tem a mesma metodologia e período de coleta do IPCA-E (IPCA Especial), é possível dizer que sua maior variação antes da divulgada ontem foi em julho de 1995 (2,59%).
Com o resultado do IPCA-E, o economista Luiz Roberto Cunha, especialista em inflação da PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), já estima que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação oficial do país, chegará a 2,5% neste mês.
Isso elevará a taxa acumulada no ano para 9,65% e tornará irreversível que o índice oficial chegue neste ano a dois dígitos, pela primeira vez desde 1995 (22,41%), primeiro ano do governo Fernando Henrique Cardoso.
Cunha avalia que a inflação fechará o ano em torno de 11%, um ponto percentual acima da estimativa de 10% apontada em pesquisa feita pelo BC com bancos e empresas de consultoria.

Alimentos e combustíveis
A alta de 4,47% nos preços dos alimentos, contra 1,77% no índice de outubro, e os aumentos dos combustíveis foram decisivos para que o IPCA-15 deste mês desse um salto de 1,18 ponto percentual em relação ao anterior (0,90%).
Entre os alimentos, o IBGE destacou os aumentos de produtos como açúcar cristal (30,83%), açúcar refinado (27,07%), farinha de trigo (22,80%), arroz (11,87%), óleo de soja (10,61%), macarrão (9,64%) e pão francês (9,78%).
A gasolina apresentou alta de 5,23%, refletindo parcialmente no varejo o reajuste de 12,09% nos preços do produto vendido na refinaria, ocorrido dia 4 deste mês. A maior parte desse reajuste no atacado só será captada pelos índices que têm pesquisa nos 30 dias deste mês, como o IPCA, devendo sobrar uma parte a ser captada em dezembro.

Regiões
O mesmo ocorre com o gás de botijão. Do reajuste de 22,1% praticado sobre os preços a partir de 5 deste mês, só aparece no IPCA-15 de novembro uma alta de 3,98%.
Isso acontece porque o IPCA-15, como o IPCA-E, tem os dados para sua composição coletados do dia 16 do mês anterior ao dia 15 do mês de referência.
Em relação ao IPCA-E, a única diferença do índice divulgado ontem pelo IBGE é que o primeiro é pesquisado mensalmente, mas só divulgado a cada três meses. O IPCA-E era a base para o reajuste da Ufir, extinta em janeiro de 2000.
Entre as 11 regiões metropolitanas de capitais brasileiras que fazem parte da pesquisa do IBGE, a maior variação do IPCA-15 foi registrada em Fortaleza (2,73%). A menor, em Salvador (1,84%). São Paulo teve a segunda menor variação (1,86%).


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