São Paulo, domingo, 27 de novembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OUTRO LADO

Friboi nega cartel e irregularidades com banco oficial

DA REPORTAGEM LOCAL

O Friboi nega que seja responsável pela formação de cartel para segurar os preços da carne e afirma que não há irregularidades no contrato com o BNDES. O frigorífico considera como sendo "montagem" as fitas nas quais seus sócios aparecem falando em cartel e "contrato de gaveta" com o banco.
"Não existe controle de preço de boi, nem que você queira", afirma Wesley Mendonça Batista.
Os frigoríficos já foram alvo neste ano de investigação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) sobre a prática de combinação de preços. O pedido foi feito pela CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) em nome de pecuaristas.
"Estamos provando ao Cade, com notas fiscais, que isso não existe", diz Wesley. "Temos um volume grande de abate, por isso acabamos sendo uma referência de preço no mercado. Não fazemos cartel."
Com 18.500 funcionários, o Friboi abate 16 mil cabeças de gado por dia (3 milhões por ano), o que equivale a 7% do mercado. Segundo Wesley, os cinco principais frigoríficos do país, somados, executam cerca de 15% dos abates.
A pecuária brasileira é extremamente pulverizada na mão de pequenos criadores, que têm pouquíssimo poder no mercado. Por outro lado, o setor de frigoríficos, no qual o gado é abatido, passa por um período de maior concentração, o que aumenta o poder de fogo nas regiões em que atuam.
Ao saber que estava na lista dos possíveis controladores de preços da arroba de boi, Miguel Russo Neto, vice-presidente do frigorífico Independência, disse: "Não tenho essa força. Atuo em apenas um Estado e com poucas unidades. Como posso formar preço se concorro com outras 33 indústrias no Estado?".
Neto afirma que o Independência é um frigorífico pequeno, com abate de 2.400 animais por dia e que não tem expressão suficiente para participar da formação de preços.
"Apenas sigo a tendência de mercado", acrescentou.
Outro que ficou surpreso com a menção nas conversas de Batista Junior, do Friboi, foi Cláudio Pimenta de Castro, do Frigorífico Mataboi. Com unidade industrial em Araguari (MG), Castro afirma: "Não fazemos e não coadunamos com essa prática".
Já o frigorífico Bertin diz "desconhecer o teor do que foi abordado" pelo dono do Friboi nas gravações.


Texto Anterior: Agronegócio: BNDES admite ao menos 2 erros em operação
Próximo Texto: Luís Nassif: O iconoclasta internacionalista
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.