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OUTRO LADO
Friboi nega cartel e irregularidades com banco oficial
DA REPORTAGEM LOCAL
O Friboi nega que seja responsável pela formação de
cartel para segurar os preços
da carne e afirma que não há
irregularidades no contrato
com o BNDES. O frigorífico
considera como sendo
"montagem" as fitas nas
quais seus sócios aparecem
falando em cartel e "contrato de gaveta" com o banco.
"Não existe controle de
preço de boi, nem que você
queira", afirma Wesley
Mendonça Batista.
Os frigoríficos já foram alvo neste ano de investigação
do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) sobre a prática de
combinação de preços. O
pedido foi feito pela CNA
(Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) em
nome de pecuaristas.
"Estamos provando ao Cade, com notas fiscais, que isso não existe", diz Wesley.
"Temos um volume grande
de abate, por isso acabamos
sendo uma referência de
preço no mercado. Não fazemos cartel."
Com 18.500 funcionários,
o Friboi abate 16 mil cabeças
de gado por dia (3 milhões
por ano), o que equivale a
7% do mercado. Segundo
Wesley, os cinco principais
frigoríficos do país, somados, executam cerca de 15%
dos abates.
A pecuária brasileira é extremamente pulverizada na
mão de pequenos criadores,
que têm pouquíssimo poder
no mercado. Por outro lado,
o setor de frigoríficos, no
qual o gado é abatido, passa
por um período de maior
concentração, o que aumenta o poder de fogo nas regiões em que atuam.
Ao saber que estava na lista dos possíveis controladores de preços da arroba de
boi, Miguel Russo Neto, vice-presidente do frigorífico
Independência, disse: "Não
tenho essa força. Atuo em
apenas um Estado e com
poucas unidades. Como
posso formar preço se concorro com outras 33 indústrias no Estado?".
Neto afirma que o Independência é um frigorífico
pequeno, com abate de 2.400
animais por dia e que não
tem expressão suficiente para participar da formação de
preços.
"Apenas sigo a tendência
de mercado", acrescentou.
Outro que ficou surpreso
com a menção nas conversas
de Batista Junior, do Friboi,
foi Cláudio Pimenta de Castro, do Frigorífico Mataboi.
Com unidade industrial em
Araguari (MG), Castro afirma: "Não fazemos e não coadunamos com essa prática".
Já o frigorífico Bertin diz
"desconhecer o teor do que
foi abordado" pelo dono do
Friboi nas gravações.
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