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Europa propõe plano anticrise de 200 bi
Pacote da Comissão Européia prevê que 27 países aumentem incentivos fiscais, oferta de crédito e benefícios sociais
Pela proposta, que deve ser votada em dezembro, cada país investirá 1,5% do PIB para incentivar consumo e
restaurar confiança perdida
MARCELO NINIO
EM LONDRES
Um plano contra a crise no
valor de 200 bilhões (R$ 580
bilhões) foi anunciado ontem
pela Comissão Européia, o órgão executivo da União Européia. O objetivo é estimular a
economia dos 27 países do bloco, alguns já em recessão, com
medidas que incluem incentivos fiscais, aumento do crédito
a empresas e benefícios sociais.
A maior parte do pacote proposto por Bruxelas, cujo valor
equivale a 1,5% do PIB (Produto Interno Bruto) da UE, deverá ser injetada pelos governos
nacionais. Alguns já lançaram
seus planos, cujas linhas gerais
se assemelham às sugeridas pela UE.
Segundo o presidente da Comissão Européia, José Manuel
Durão Barroso, cada país entrará com 1,2% de seu PIB, totalizando 170 bilhões. O resto
sairá do orçamento comunitário e do Banco Europeu de Investimentos (BEI).
Para Barroso, que vinha sendo criticado nas últimas semanas pela falta de atitude no
combate à crise, o momento é
de medidas mais ousadas que
as tomadas pelos governos até
agora, e é importante que elas
sejam tomadas de forma coordenada dentro da UE.
"Crises excepcionais exigem
respostas excepcionais", disse
Barroso. "Os empregos e o
bem-estar de nossos cidadãos
correm perigo. A Europa precisa estender à economia real sua
inédita coordenação nos mercados financeiros. Esse plano
de recuperação é grande e ousado, mas também estratégico
e sustentável."
A esperança, disse Barroso, é
que as medidas do pacote, como aumento de gastos públicos
e cortes de impostos, estimulem o consumo e restaurem a
confiança dos mercados para
tentar reduzir a duração e a
profundidade da recessão. Barroso também defendeu novas
reduções nas taxas de juros do
BCE (Banco Central Europeu).
Para permitir que os países
usem 1,2% de seu PIB no pacote, a CE prometeu flexibilidade
na aplicação da norma que exige déficit fiscal máximo 3% do
PIB. Barroso reiterou que a regra continuará em vigor, mas
que os países terão mais tempo
para atendê-la. Disse ainda que
não espera que todos os países
colaborem de forma idêntica.
"Não vamos pedir a países
que estão em programas do
FMI para aumentar seus gastos", exemplificou Barroso, em
clara referência à Hungria, que
em outubro conseguiu obter
um empréstimo de US$ 25 bilhões do Fundo Monetário Internacional.
Embora o tamanho do pacote europeu tenha sido maior
que o esperado, muitos acham
que ainda é pouco para evitar
uma recessão prolongada. O
próprio Barroso admitiu que o
estímulo pode ser insuficiente.
Outro problema deve ser a
falta de consenso. As maiores
economias do continente, Alemanha, França e Reino Unido,
já começaram a seguir direções
diferentes no esforço contra a
crise. Os britânicos optaram
por estimular o consumo com
cortes do IVA (Imposto sobre
Valor Agregado), medida rejeitada por alemães e franceses.
A reação ao pacote foi positiva. O governo britânico chamou a atenção para semelhanças com seu próprio programa,
e a Alemanha considerou a "ordem de grandeza" apropriada,
mas quer discutir detalhes. A
CE espera que o pacote seja
aprovado em cúpula entre 11 e
12 de dezembro.
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