São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 2008

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Europa propõe plano anticrise de 200 bi

Pacote da Comissão Européia prevê que 27 países aumentem incentivos fiscais, oferta de crédito e benefícios sociais

Pela proposta, que deve ser votada em dezembro, cada país investirá 1,5% do PIB para incentivar consumo e restaurar confiança perdida

MARCELO NINIO
EM LONDRES

Um plano contra a crise no valor de 200 bilhões (R$ 580 bilhões) foi anunciado ontem pela Comissão Européia, o órgão executivo da União Européia. O objetivo é estimular a economia dos 27 países do bloco, alguns já em recessão, com medidas que incluem incentivos fiscais, aumento do crédito a empresas e benefícios sociais.
A maior parte do pacote proposto por Bruxelas, cujo valor equivale a 1,5% do PIB (Produto Interno Bruto) da UE, deverá ser injetada pelos governos nacionais. Alguns já lançaram seus planos, cujas linhas gerais se assemelham às sugeridas pela UE.
Segundo o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, cada país entrará com 1,2% de seu PIB, totalizando 170 bilhões. O resto sairá do orçamento comunitário e do Banco Europeu de Investimentos (BEI).
Para Barroso, que vinha sendo criticado nas últimas semanas pela falta de atitude no combate à crise, o momento é de medidas mais ousadas que as tomadas pelos governos até agora, e é importante que elas sejam tomadas de forma coordenada dentro da UE.
"Crises excepcionais exigem respostas excepcionais", disse Barroso. "Os empregos e o bem-estar de nossos cidadãos correm perigo. A Europa precisa estender à economia real sua inédita coordenação nos mercados financeiros. Esse plano de recuperação é grande e ousado, mas também estratégico e sustentável."
A esperança, disse Barroso, é que as medidas do pacote, como aumento de gastos públicos e cortes de impostos, estimulem o consumo e restaurem a confiança dos mercados para tentar reduzir a duração e a profundidade da recessão. Barroso também defendeu novas reduções nas taxas de juros do BCE (Banco Central Europeu).
Para permitir que os países usem 1,2% de seu PIB no pacote, a CE prometeu flexibilidade na aplicação da norma que exige déficit fiscal máximo 3% do PIB. Barroso reiterou que a regra continuará em vigor, mas que os países terão mais tempo para atendê-la. Disse ainda que não espera que todos os países colaborem de forma idêntica.
"Não vamos pedir a países que estão em programas do FMI para aumentar seus gastos", exemplificou Barroso, em clara referência à Hungria, que em outubro conseguiu obter um empréstimo de US$ 25 bilhões do Fundo Monetário Internacional.
Embora o tamanho do pacote europeu tenha sido maior que o esperado, muitos acham que ainda é pouco para evitar uma recessão prolongada. O próprio Barroso admitiu que o estímulo pode ser insuficiente.
Outro problema deve ser a falta de consenso. As maiores economias do continente, Alemanha, França e Reino Unido, já começaram a seguir direções diferentes no esforço contra a crise. Os britânicos optaram por estimular o consumo com cortes do IVA (Imposto sobre Valor Agregado), medida rejeitada por alemães e franceses.
A reação ao pacote foi positiva. O governo britânico chamou a atenção para semelhanças com seu próprio programa, e a Alemanha considerou a "ordem de grandeza" apropriada, mas quer discutir detalhes. A CE espera que o pacote seja aprovado em cúpula entre 11 e 12 de dezembro.


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