São Paulo, sábado, 27 de dezembro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Bolsa no Brasil tem o 3º pior desempenho das Américas

Apesar de a economia no Brasil ainda não ter sofrido os efeitos da crise como os Estados Unidos sentiram, o mesmo não se pode dizer da Bolsa. O Ibovespa apresentou até quarta-feira o terceiro pior desempenho neste ano nas Américas, segundo estudo da consultoria Economática. Só perde para a Argentina e Peru.
Foi também até agora o segundo pior resultado da Bovespa na história. O Ibovespa caiu neste ano 42,91%. O pior resultado até hoje ainda é o de 1972, quando o índice caiu 44,42%. Para fechar este ano, ainda faltam mais dois pregões (segunda e terça) e se o Ibovespa cair mais 3% nesses dois dias, 2008 será pior do que 1972.
Na verdade, todas as Bolsas sofreram os efeitos da crise internacional. As Bolsas nos Estados Unidos, principal responsável pela crise, tiveram um desempenho apenas um pouco melhor do que o Brasil.
O Nasdaq, por exemplo, caiu 42,5%, o pior desempenho da história. O S&P 500 registrou uma queda de 41,1%, e o Dow Jones, caiu 36,16%. Na Colômbia, a retração foi de 29,52%, a maior queda desde 1991; no Chile, queda de 23,37%, a mais forte desde 1989; e na Argentina, as perdas foram de 51,7%, o pior resultado desde 1989. No Peru, a queda foi de 60,1%.
A Bolsa que apresentou melhor desempenho foi a da Venezuela, que caiu apenas 8,9%. Naquele país, no entanto, o mercado de ações sofre muita interferência do governo, muitas operações de mercado de capitais são proibidas e tudo isso leva a Bolsa a ter um comportamento atípico em relação aos outros países.
De acordo com Einar Rivero, da Economática, apesar do resultado ruim da Bolsa neste ano, isto não significa que as empresas brasileiras irão apresentar um balanço muito negativo. Nos EUA, por exemplo, as companhias sofreram com a queda nos preços das ações e com a redução substancial do lucro. No Brasil, os lucros serão menores, mas nem tanto.
Para 2009, Rivero afirma que o comportamento da Bolsa no Brasil depende essencialmente da reação da economia americana.
"O Brasil depende mais do Obama do que do governo Lula", diz.

DECISÃO
As ações da SDE (Secretaria de Direito Econômico) para desmantelar cartéis ganharam um forte aliado: a crise econômica, segundo o advogado Mário Roberto Villanova Nogueira, sócio do escritório Demarest e Almeida.
"Na crise, abandonar o cartel torna-se ainda mais interessante", diz Nogueira. É que, nos últimos anos, com a ajuda da SDE, o governo tem somado esforços no combate aos cartéis, usando, como uma das ferramentas, o programa de leniência. Trata-se de uma delação premiada que existe há anos nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, a leniência oferece recompensas ao participante do cartel que colaborar com a investigação, revelando informações internas. A parte delatora recebe isenção total ou parcial das penas administrativas e criminais.
Para Nogueira, o momento de crise torna os cartéis mais instáveis, pois além do risco de serem descobertos pela investigação, os cartelizados passaram a avaliar se seus ganhos são maiores com a ação ilícita ou com a delação. "A leniência gera ganhos ao delator ao evitar a própria punição e por ter seus concorrentes processados e punidos."

CONSTRUTIVO
A Lego espera uma alta recorde nas vendas nos EUA neste ano, segundo a Bloomberg. Para Soren Laursen, chefe da empresa nas Américas, com pouco dinheiro, os pais passaram a procurar brinquedos mais duradouros. A alta das vendas vai superar a projeção de 12% feita pela empresa em agosto. Para um analista do setor, as vendas de brinquedo devem cair pelo menos 5% neste ano.

ENTRE AMIGOS
Com os empréstimos bancários cada vez mais difíceis de tomar e o desemprego avançando, pedir dinheiro emprestado a amigos e familiares começa a virar moda entre os americanos, de acordo com o "New York Times". A Virgin Money USA, que administra empréstimos entre pessoas íntimas, diz que o valor total das negociações subiu para US$ 370 milhões no final de novembro, contra US$ 200 milhões em outubro do ano passado.

SERPENTINA
A agência Tudo, do grupo ABC, já movimentou cerca de R$ 11 milhões para o Carnaval de Salvador 2009. A agência já vendeu todas as cotas master. As empresas que patrocinam o Carnaval 2009 são Itaú e Nova Schin, que já participaram em 2008 e renovam agora. A novidade é a entrada da Nextel.

DE VIDRO
A Saint-Gobain Embalagens anuncia investimento de R$ 6 milhões na fábrica de Porto Ferreira (SP). O valor foi aplicado na instalação de um filtro eletrostático que deve reduzir emissões da combustão no forno de vidro. O projeto levou 12 meses para ser concluído.

NO MAPA
Sistema Eadcon, Faculdade da Lapa e Instituto Chiavenato de Educação fecham parceria para levar pós-graduação latu sensu em administração, com ensino a distância, a 800 municípios brasileiros.

Alta de custo de energia preocupa mais em 2008

O nível de ansiedade dos fabricantes com o aumento dos custos da energia mais do que dobrou no final deste ano em relação a 2007, segundo pesquisa da consultoria de gestão de processos TBM Consulting.
O levantamento, que é feito anualmente, foi realizado no terceiro trimestre deste ano com cerca de 1.400 executivos de empresas de médio e grande porte em seis países, Alemanha, Brasil, Espanha, Estados Unidos, México e Reino Unido.
Para aliviar as pressões de custos e o aumento dos preços da energia, 59% dos executivos entrevistados afirmaram que pretendem tomar medidas para eliminar desperdício.
"Mais de 50% dos entrevistados classificaram as pressões de custos como o maior obstáculo ao sucesso empresarial para 2009", diz Carlos Louzada, diretor superintendente da TBM para a América Latina.
Apesar das turbulências que a economia tem sofrido desde o aprofundamento da crise, 72% dos fabricantes dos seis países afirmaram que ainda conseguiram ganhos de produtividade. A melhoria contínua foi identificada como principal fonte de aumento de produtividade para 69% dos entrevistados no Brasil e 72% nos EUA.

com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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