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São Paulo, terça-feira, 28 de janeiro de 2003

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INTEGRAÇÃO

Para governo do Brasil, chilenos cederam muito em acordo bilateral

Chile é exemplo para Alca, dizem EUA

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

Apesar da resistência do governo Lula, os EUA insistem em usar seu acordo bilateral de comércio com o Chile como parâmetro para as negociações da Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Num debate realizado ontem em Washington, o vice-representante comercial dos EUA, Peter Allgeier, disse que as negociações com o Chile, concluídas no mês passado, foram um "sucesso" e devem servir como "referência" para a instalação de uma área de livre comércio nas Américas.
Em dezembro passado, EUA e Chile fecharam um acordo bilateral de comércio depois de quase oito anos de negociações. O acordo será submetido ao Congresso americano em alguns meses.
Para a equipe econômica do governo Lula, há indicações de que os chilenos fizeram concessões exageradas nas áreas de investimento e de propriedade intelectual e recebido, em troca, ganhos reduzidos em acesso a mercados.
Para Allgeier, a percepção brasileira está equivocada. "O acordo com o Chile é a própria mensagem que há tempos queríamos divulgar. Não estamos querendo excluir produto algum da negociação da Alca. Quando o TPA (autorização dada pelo Congresso americano para que o presidente negocie acordos comerciais sem interferência permanente do Legislativo) foi aprovado, muitas vozes em português disseram que ele trazia tantas condições que não conseguiríamos negociar agricultura. Não é verdade. O acordo com o Chile, feito com a autorização da TPA, inclui produtos agrícolas." Segundo ele, o acordo com o Chile não deve ser um modelo absoluto, mas uma "referência" necessária.
Uma das mais importantes "vozes em português" é a do embaixador brasileiro em Washington, Rubens Barbosa, que tem se oposto à insistência do governo americano em usar negociações bilaterais (nas quais os EUA obtêm vantagens exageradas devido a seu poder de barganha) como modelo para a Alca.
Presente no debate de ontem, Barbosa disse que será "muito difícil" negociar a Alca se os EUA adotarem o acordo com o Chile como referência. "Se acordos como o do Chile forem utilizados como precedente, será muito difícil negociar a Alca porque o Brasil tem reservas em alguns dos pontos negociados pelos EUA com os chilenos." Para Barbosa, as reservas estão nas áreas de serviços, investimentos e licitações públicas.


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