São Paulo, sábado, 28 de janeiro de 2006

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INDÚSTRIA

Sondagem trimestral da CNI mostra que setor aposta no mercado interno; produção e faturamento estão estagnados

Empresários vêem retomada moderada

FERNANDO ITOKAZU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com produção e faturamento estagnados pelo terceiro trimestre seguido, a indústria reduziu estoques e aposta no mercado interno para uma retomada, moderada, do crescimento da atividade industrial no próximo semestre, de acordo com sondagem trimestral da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
A pesquisa, feita com 1.452 empresas de 4 a 24 de janeiro, utiliza um índice de 0 a 100 pontos.
Nos indicadores de evolução, como produção, faturamento e estoques, um valor acima de 50 pontos significa crescimento.
A produção no quarto trimestre do ano passado atingiu 51,2, resultado que a CNI interpreta como estagnação, pois há margem de erro de 2 pontos. Nos trimestres anteriores, a avaliação foi de 49,4 e 48,9.
De maneira semelhante se comportou o faturamento, que se manteve estável em comparação com os dois períodos anteriores.
Com a falta de dinamismo no setor, verificou-se a redução de estoques na indústria. O índice chegou em janeiro a 47,9 contra 51,6 em outubro e 53,5 em julho.
O movimento, porém, não foi o suficiente para eliminar os estoques. "Como ainda há estoque, a tendência é queimá-lo, por isso o primeiro trimestre não deve ser tão forte", disse Renato Fonseca, economista da CNI.
Já quando o levantamento trabalha com expectativa, um indicador acima de 50 pontos indica expectativa positiva e quanto maior o valor, maior o otimismo.
A confiança dos empresários para o primeiro semestre é de 66,1. É o índice mais pessimista registrado em janeiro desde 1999, quando foi de 53,6. A série histórica da pesquisa mostra que, no início do ano, os empresários estão sempre mais otimistas. No mesmo período do ano passado, a expectativa era de 70,5.
Em faturamento, a avaliação foi de 55,5, ou seja, se espera um aumento. Como a expectativa é que as exportações se mantenham constantes, o crescimento viria do mercado interno.
"Essa percepção de crescimento do faturamento com manutenção das exportações já capta o aumento da renda dos trabalhadores, o que deve aquecer o mercado doméstico", afirmou Paulo Mol, economista da CNI, fazendo referência a dados do IBGE.
O órgão divulgou anteontem que a renda do trabalhador cresceu 2% em 2005 em comparação com 2004 nas seis principais regiões metropolitanas do país. Foi o primeiro aumento desde 1997.
Também há tendência de manutenção no nível de emprego, que subiu de 47,1 pontos em outubro para 49,6 em janeiro.
Como o índice voltou a se aproximar da linha divisória de 50 pontos, a indicação é que as empresas tendem a manter o número de trabalhadores.
Se confirmada, a tendência interrompe o movimento de redução do nível de emprego observado durante todo o ano passado.
Mas, na avaliação da CNI, um resultado mais vigoroso do setor só deve acontecer no segundo semestre, com a manutenção da trajetória de queda dos juros e redução de estoques.
O nível dos juros foi o segundo principal problema apontado pelos empresários e foi citado por 41% das pequenas e médias empresas e por 48% das grandes.
O principal entrave para o crescimento da atividade industrial assinalado na pesquisa foi a carga tributária, considerada elevada.


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