|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
INDÚSTRIA
Sondagem trimestral da CNI mostra que setor aposta no mercado interno; produção e faturamento estão estagnados
Empresários vêem retomada moderada
FERNANDO ITOKAZU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com produção e faturamento
estagnados pelo terceiro trimestre
seguido, a indústria reduziu estoques e aposta no mercado interno
para uma retomada, moderada,
do crescimento da atividade industrial no próximo semestre, de
acordo com sondagem trimestral
da CNI (Confederação Nacional
da Indústria).
A pesquisa, feita com 1.452 empresas de 4 a 24 de janeiro, utiliza
um índice de 0 a 100 pontos.
Nos indicadores de evolução,
como produção, faturamento e
estoques, um valor acima de 50
pontos significa crescimento.
A produção no quarto trimestre
do ano passado atingiu 51,2, resultado que a CNI interpreta como estagnação, pois há margem
de erro de 2 pontos. Nos trimestres anteriores, a avaliação foi de
49,4 e 48,9.
De maneira semelhante se comportou o faturamento, que se
manteve estável em comparação
com os dois períodos anteriores.
Com a falta de dinamismo no
setor, verificou-se a redução de
estoques na indústria. O índice
chegou em janeiro a 47,9 contra
51,6 em outubro e 53,5 em julho.
O movimento, porém, não foi o
suficiente para eliminar os estoques. "Como ainda há estoque, a
tendência é queimá-lo, por isso o
primeiro trimestre não deve ser
tão forte", disse Renato Fonseca,
economista da CNI.
Já quando o levantamento trabalha com expectativa, um indicador acima de 50 pontos indica
expectativa positiva e quanto
maior o valor, maior o otimismo.
A confiança dos empresários
para o primeiro semestre é de
66,1. É o índice mais pessimista
registrado em janeiro desde 1999,
quando foi de 53,6. A série histórica da pesquisa mostra que, no início do ano, os empresários estão
sempre mais otimistas. No mesmo período do ano passado, a expectativa era de 70,5.
Em faturamento, a avaliação foi
de 55,5, ou seja, se espera um aumento. Como a expectativa é que
as exportações se mantenham
constantes, o crescimento viria do
mercado interno.
"Essa percepção de crescimento
do faturamento com manutenção
das exportações já capta o aumento da renda dos trabalhadores, o que deve aquecer o mercado
doméstico", afirmou Paulo Mol,
economista da CNI, fazendo referência a dados do IBGE.
O órgão divulgou anteontem
que a renda do trabalhador cresceu 2% em 2005 em comparação
com 2004 nas seis principais regiões metropolitanas do país. Foi
o primeiro aumento desde 1997.
Também há tendência de manutenção no nível de emprego,
que subiu de 47,1 pontos em outubro para 49,6 em janeiro.
Como o índice voltou a se aproximar da linha divisória de 50
pontos, a indicação é que as empresas tendem a manter o número de trabalhadores.
Se confirmada, a tendência interrompe o movimento de redução do nível de emprego observado durante todo o ano passado.
Mas, na avaliação da CNI, um
resultado mais vigoroso do setor
só deve acontecer no segundo semestre, com a manutenção da trajetória de queda dos juros e redução de estoques.
O nível dos juros foi o segundo
principal problema apontado pelos empresários e foi citado por
41% das pequenas e médias empresas e por 48% das grandes.
O principal entrave para o crescimento da atividade industrial
assinalado na pesquisa foi a carga
tributária, considerada elevada.
Texto Anterior: Petróleo 2: Chevron tem no trimestre lucro 20% maior Próximo Texto: Frase Índice
|