São Paulo, Quinta-feira, 28 de Janeiro de 1999
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Ex-presidente comandava desde 80

CLAUDIA GARCIA
DENISE PEROTTI
do Banco de Dados

No comando do maior banco privado do país, desde 1980, Lázaro de Mello Brandão, 72 anos, foi o sucessor do legendário Amador Aguiar, fundador maior banco popular privado da América Latina.
Sob sua gestão o banco atingiu o maior lucro da história da iniciativa privada brasileira, em 1996, cerca de US$ 800 milhões. O recorde foi quebrado sucessivamente nos dois últimos anos. Ontem, o Bradesco anunciou um lucro de R$ 1,012 bilhão.
O convite para assumir a presidência do banco surgiu durante um passeio matinal. Amador Aguiar convidou Brandão para caminhar pela Cidade de Deus, em Osasco (12 km a oeste de São Paulo), onde fica a sede do Bradesco.
Continuou firme e forte na missão que recebeu de Amador Aguiar até ontem. Em fevereiro de 96, quando circulavam rumores segundo os quais poderia anunciar sua aposentadoria, Brandão disse: "Fico enquanto tiver forças e achar que não estou prejudicando a empresa".
Brandão começou cedo sua carreira, em 1942. De família humilde, trabalha desde os 16 anos. Seu primeiro emprego foi na então Casa Bancária Almeida & Cia, em Pompéia (480 km a noroeste de São Paulo), comprada posteriormente pelo Bradesco.

Segredo
Cresceu junto com o banco, passando de escriturário a gerente e chegando ao cargo de diretor, em 63, responsável pelas agências do banco. Em 77, torna-se diretor vice-presidente.
Brandão está hoje no mais alto posto da instituição, como diretor-executivo, cargo que acumula desde 1990 com a presidência do Conselho Superior de Administração do banco.
Sempre trabalhou cerca de 12 horas por dia e resume em uma frase como conduz sua vida -"a maneira mais séria, e ao mesmo tempo simples, de enfrentar o dia-a-dia: todo o segredo está no trabalho constante". Costuma chegar ao escritório às 7h e não deixa o trabalho antes das 19h.
Foi intimado a depor na CPI dos Precatórios, em 97, sobre a suposta participação dos grandes bancos no esquema de compras e vendas dos títulos públicos para fabricar lucro.
Brandão comandou o Bradesco com estilo prático e empreendedor. Prova disso foi o seu empenho, já na década de 60, mesmo contra o Conselho de Administração, de entrar firme na era da informática e, no mesmo caminho, bancar a idéia de abrir uma agência em Nova York.
O Bradesco foi a primeira empresa privada da América Latina a emitir o euro, a nova moeda da Comunidade Européia. O banco emitiu bônus no valor 100 milhões de euros.
Formado em economia e administração de empresas, Brandão nasceu em Itápolis (360 km a noroeste de São Paulo), em 15 de junho de 1926. É casado com Albertina Tassinari Brandão e tem três filhas -Sônia, Cecília e Beatriz.
Discreto, não costuma frequentar eventos sociais. Nos fins-de-semana, prefere viajar com a família para sua fazenda em Itatiba (90 km ao norte de São Paulo).


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