São Paulo, sábado, 28 de fevereiro de 2004

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MERCADO FINANCEIRO

Nem problemas políticos afastaram investidores; analista vê abundância de capitais no mundo

Saldo estrangeiro é o 2º maior da história

DA REPORTAGEM LOCAL

O balanço do investimento estrangeiro na Bovespa nos primeiros 20 dias de fevereiro ficou positivo em R$ 1,523 bilhão.
Embora parcial, o resultado é o melhor para um mês desde junho de 2000, quando, no fechamento do mês, o saldo ficara em R$ 2,121 bilhões. Naquele período, no entanto, ações ON da Telesp Celular responderam pelo ingresso de R$ 1,322 bilhão -referente a operação de recompra de ações feita por sua controladora, a Portugal Telecom. Se desconsiderada a movimentação da Portugal Telecom, o saldo de fevereiro, supondo-se que o mês estivesse encerrado, seria o melhor desde 1994.
No ano, o balanço está positivo em R$ 1,846 bilhão. Em janeiro, o ingresso de capital estrangeiro somou R$ 323,456 milhões. O resultado de fevereiro também mostra que não houve, como se temia, uma debandada de investidores estrangeiros por conta das denúncias de corrupção envolvendo o ex-assessor Waldomiro Diniz.
De acordo com a Bovespa, o saldo positivo de investimento estrangeiro nos 20 primeiros dias deste mês é resultado de compras de ações no valor de R$ 6,696 bilhões e de vendas que totalizaram R$ 5,172 bilhões.
Para o economista Alexandre Maia, da Gap Asset Management, o saldo positivo (por ora) em fevereiro é explicado pela abundância de capitais no mercado mundial. Com as taxas de juros em níveis historicamente baixos nos EUA e na Europa, os investidores estrangeiros acabam estimulados a trocarem as aplicações mais seguras (como títulos do Tesouro americano) e menos rentáveis por ativos de países emergentes, em busca de maiores ganhos -embora se sujeitem a maiores volatilidade e riscos.
"Não fosse a questão política [o caso Waldomiro], acredito que o saldo estaria maior", afirma Maia. "O que acontece agora não é exclusividade da Bovespa, repete-se em Bolsas de outros países. Temos um fenômeno amplo de abundância de capitais e baixa aversão ao risco", completa.
Os efeitos do caso Waldomiro na Bolsa não podem ser menosprezados. Na semana entre 16 e 20 de fevereiro, ou seja, a subseqüente à divulgação das denúncias contra o ex-assessor de José Dirceu (Casa Civil), o Ibovespa recuou 5,29%. Apenas no dia 18, quando circularam rumores da renúncia do ministro, a queda chegou a 4,8%. (JOSÉ ALAN DIAS)


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