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MERCADO FINANCEIRO
Nem problemas políticos afastaram investidores; analista vê abundância de capitais no mundo
Saldo estrangeiro é o 2º maior da história
DA REPORTAGEM LOCAL
O balanço do investimento estrangeiro na Bovespa nos primeiros 20 dias de fevereiro ficou positivo em R$ 1,523 bilhão.
Embora parcial, o resultado é o
melhor para um mês desde junho
de 2000, quando, no fechamento
do mês, o saldo ficara em R$ 2,121
bilhões. Naquele período, no entanto, ações ON da Telesp Celular
responderam pelo ingresso de R$
1,322 bilhão -referente a operação de recompra de ações feita
por sua controladora, a Portugal
Telecom. Se desconsiderada a
movimentação da Portugal Telecom, o saldo de fevereiro, supondo-se que o mês estivesse encerrado, seria o melhor desde 1994.
No ano, o balanço está positivo
em R$ 1,846 bilhão. Em janeiro, o
ingresso de capital estrangeiro somou R$ 323,456 milhões. O resultado de fevereiro também mostra
que não houve, como se temia,
uma debandada de investidores
estrangeiros por conta das denúncias de corrupção envolvendo
o ex-assessor Waldomiro Diniz.
De acordo com a Bovespa, o saldo positivo de investimento estrangeiro nos 20 primeiros dias
deste mês é resultado de compras
de ações no valor de R$ 6,696 bilhões e de vendas que totalizaram
R$ 5,172 bilhões.
Para o economista Alexandre
Maia, da Gap Asset Management,
o saldo positivo (por ora) em fevereiro é explicado pela abundância de capitais no mercado mundial. Com as taxas de juros em níveis historicamente baixos nos
EUA e na Europa, os investidores
estrangeiros acabam estimulados
a trocarem as aplicações mais seguras (como títulos do Tesouro
americano) e menos rentáveis
por ativos de países emergentes,
em busca de maiores ganhos
-embora se sujeitem a maiores
volatilidade e riscos.
"Não fosse a questão política [o
caso Waldomiro], acredito que o
saldo estaria maior", afirma Maia.
"O que acontece agora não é exclusividade da Bovespa, repete-se
em Bolsas de outros países. Temos um fenômeno amplo de
abundância de capitais e baixa
aversão ao risco", completa.
Os efeitos do caso Waldomiro
na Bolsa não podem ser menosprezados. Na semana entre 16 e 20
de fevereiro, ou seja, a subseqüente à divulgação das denúncias
contra o ex-assessor de José Dirceu (Casa Civil), o Ibovespa recuou 5,29%. Apenas no dia 18,
quando circularam rumores da
renúncia do ministro, a queda
chegou a 4,8%.
(JOSÉ ALAN DIAS)
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