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IR vai diminuir para parte da população, diz Mantega
Governo apresentará projeto de desoneração na próxima semana, afirma ministro
Entre as medidas em estudo, está a criação de mais duas alíquotas de IR, de 20% e 25%, além das que existem atualmente, de 15% e 27,5%
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Guido Mantega
(Fazenda) disse que apresenta
na próxima semana um projeto
de desoneração do Imposto de
Renda para a pessoa física. Ele
não quis antecipar nenhum detalhe do estudo elaborado pelos
técnicos do ministério em torno do alívio da carga fiscal para
os trabalhadores, mas afirmou
que uma parte da população vai
pagar menos imposto.
"Estamos estudando alguma
mudança no IR. Certamente,
uma parte da população vai pagar menos. Na próxima semana, já direi quais serão as intenções do governo em relação às
alíquotas do IR. Serão para beneficiar, para melhorar", disse.
Depois de apresentar as diretrizes da proposta de reforma
tributária para um grupo de
empresários, o ministro disse
que pretende colocar na PEC
(proposta de emenda constitucional) um instrumento limitador da carga tributária, para
impedir o seu aumento. Logo
em seguida, admitiu que esse
mecanismo ainda não estava
pronto, porque não é intenção
do governo criar amarras.
"Haverá um instrumento
que estará impresso na Constituição, porém nós ainda não temos esse mecanismo. E também não queremos impor uma
camisa-de-força", disse.
Mantega tem insistido em
que o efeito da reforma será nulo para a carga tributária. Ontem explicou que a alíquota do
IVA-F (Imposto sobre Valor
Adicionado Federal) será igual
à soma dos tributos a serem
unificados. O IVA-F vai substituir a PIS, a Cofins, a Cide e o
salário-educação. O mesmo vale para o IR de pessoa jurídica,
que vai incorporar a CSLL
(Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido).
Na segunda-feira, Mantega
ouviu de líderes sindicais o pedido para que fosse feita a desoneração do IR como uma segunda fase da reforma tributária. Uma das sugestões foi a taxação de heranças e grandes
fortunas, o que poderia compensar a redução de alíquotas
do IR para a classe média.
Uma das medidas em estudo
na Fazenda é criar duas alíquotas intermediárias de IR, de
20% e 25%. Hoje a Receita cobra 15% para quem tem rendimento mensal entre R$
1.372,82 e R$ 2.743,25. E de
27,5% para quem ganha mais
de R$ 2.743,25 por mês.
Elevação do IOF
Mantega justificou ontem
que o governo não aumentou o
IOF (Imposto sobre Operações
Financeiras) apenas para compensar o fim da CPMF, mas
também para conter a alta do
consumo no país. Um dia antes,
a Receita Federal anunciara
que a arrecadação de janeiro foi
recorde para o período, mesmo
sem o imposto do cheque.
O ministro aproveitou para
criticar os bancos, pela elevação dos juros e do "spread" bancário. "Devo confessar que aumentamos o IOF para a pessoa
física para conter um pouco o
ímpeto do consumo, para jogar
um pouco de água fria na fervura", disse. "Os bancos aproveitaram e colocaram mais 4% no
"spread". Não perderam tempo
e deram uma subidinha nos juros." Procurada, a Febraban
(Federação Brasileira dos Bancos) não se pronunciou.
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