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Um ano após crise chinesa, Bolsa chega perto de recorde
Apesar de susto da China e turbulência com os EUA, Bolsa tem alta de 52% em 12 meses
Ibovespa encostou em 66 mil pontos na máxima de
ontem, mas perdeu força e fechou com alta de 0,48%;
dólar recuou para R$ 1,672
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Passado um ano do susto que
a China deu no mercado financeiro global, a Bovespa ensaia
conquistar novo patamar histórico. Durante as operações de
ontem, a Bolsa alcançou os
65.968 pontos, mas encerrou
um pouco abaixo, a 65.494 pontos -em alta de 0,48%, no que
foi seu sexto pregão consecutivo de ganhos.
Além de se destacar em 2008,
estando entre as poucas Bolsas
que saíram do vermelho no
ano, a Bovespa chama a atenção
quando a comparação é feita
para um período de 12 meses.
Desde a turbulência chinesa,
que derrubou os mercados no
dia 27 de fevereiro de 2007, a
Bovespa acumula valorização
de 51,80%. Apenas a própria
Bolsa de Xangai, dentre as
maiores do planeta, supera o
resultado da brasileira, com alta de 56,23% no período.
O índice Dow Jones, da Bolsa
de Nova York, tem alta acumulada de apenas 3,91% em 12 meses. A Bolsa do México tem ganhos de 15,16%. Já o índice Nikkei, de Tóquio, registra perdas
de 22,56% no período.
Há um ano, a possibilidade
de o governo chinês impor restrições às operações no mercado acionário assustou os investidores pelo mundo, e o resultado foram quedas pesadas (a Bovespa caiu 6,63% em 27 de fevereiro de 2007, e a Bolsa de Xangai perdeu quase 9%).
Com os ganhos de ontem, o
índice Ibovespa (o principal do
mercado acionário brasileiro)
passou a registrar valorização
mensal de 10,09%. No ano, é de
2,52%. Uma alta de 0,46% no
pregão de hoje conduzirá a Bovespa a um novo patamar histórico, acima de seu fechamento recorde de 65.790 pontos de
6 de dezembro passado. A pontuação representa o valor de
mercado das empresas que fazem parte do Ibovespa. Quanto
mais valem as empresas, mais
elevada é a pontuação.
A instabilidade marcou as
operações de ontem. No pior
momento, o Ibovespa caiu
0,82%; no melhor, subiu 1,21%.
O sobe-e-desce do mercado
acionário norte-americano ditou o ritmo por aqui. Em Nova
York, o índice Dow Jones subiu
0,57% na máxima e caiu 0,59%
na mínima, para encerrar com
alta branda de 0,07%. A Nasdaq
se valorizou em 0,37%.
O discurso do presidente do
Fed (Federal Reserve, o banco
central dos EUA), Ben Bernanke, concentrou as
atenções dos investidores.
Bernanke destacou que o Fed
atuará para favorecer o crescimento do país, apesar de a inflação ainda exigir cautela. A fala foi interpretada pelos investidores como sinal de que a taxa
básica de juros americana, que
está em 3% anuais, voltará a ser
cortada no próximo mês. Logo
após o discurso de Bernanke, as
Bolsas fortaleceram o movimento de alta. Mas não se sustentaram até o fim do pregão.
Dólar em queda
O mercado cambial reagiu à
fala de Bernanke com mais
uma rodada de depreciação do
dólar. Diante do euro, a moeda
bateu mínimas históricas.
No mercado brasileiro, o dólar recuou para R$ 1,672, após
baixa de 0,71%. A moeda americana já se depreciou em 5,91%
no ano e está com sua menor
cotação desde maio de 1999.
"O dólar não tem fundo. E
não vejo o que poderia ser feito
para conter a apreciação do
real. Com os fundamentos brasileiros positivos e a diferença
de taxas de juros entre aqui e lá
fora, a tendência de queda do
dólar se mantém firme", afirma
João Medeiros, diretor de câmbio da corretora Pionner.
Se os juros americanos forem
reduzidos dos atuais 3% para
2,5%, como espera parte do
mercado, o Brasil se tornará
ainda mais atrativo ao capital
especulativo estrangeiro, com
sua taxa de 11,25%.
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