São Paulo, quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

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Um ano após crise chinesa, Bolsa chega perto de recorde

Apesar de susto da China e turbulência com os EUA, Bolsa tem alta de 52% em 12 meses

Ibovespa encostou em 66 mil pontos na máxima de ontem, mas perdeu força e fechou com alta de 0,48%; dólar recuou para R$ 1,672

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Passado um ano do susto que a China deu no mercado financeiro global, a Bovespa ensaia conquistar novo patamar histórico. Durante as operações de ontem, a Bolsa alcançou os 65.968 pontos, mas encerrou um pouco abaixo, a 65.494 pontos -em alta de 0,48%, no que foi seu sexto pregão consecutivo de ganhos.
Além de se destacar em 2008, estando entre as poucas Bolsas que saíram do vermelho no ano, a Bovespa chama a atenção quando a comparação é feita para um período de 12 meses. Desde a turbulência chinesa, que derrubou os mercados no dia 27 de fevereiro de 2007, a Bovespa acumula valorização de 51,80%. Apenas a própria Bolsa de Xangai, dentre as maiores do planeta, supera o resultado da brasileira, com alta de 56,23% no período.
O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, tem alta acumulada de apenas 3,91% em 12 meses. A Bolsa do México tem ganhos de 15,16%. Já o índice Nikkei, de Tóquio, registra perdas de 22,56% no período.
Há um ano, a possibilidade de o governo chinês impor restrições às operações no mercado acionário assustou os investidores pelo mundo, e o resultado foram quedas pesadas (a Bovespa caiu 6,63% em 27 de fevereiro de 2007, e a Bolsa de Xangai perdeu quase 9%).
Com os ganhos de ontem, o índice Ibovespa (o principal do mercado acionário brasileiro) passou a registrar valorização mensal de 10,09%. No ano, é de 2,52%. Uma alta de 0,46% no pregão de hoje conduzirá a Bovespa a um novo patamar histórico, acima de seu fechamento recorde de 65.790 pontos de 6 de dezembro passado. A pontuação representa o valor de mercado das empresas que fazem parte do Ibovespa. Quanto mais valem as empresas, mais elevada é a pontuação.
A instabilidade marcou as operações de ontem. No pior momento, o Ibovespa caiu 0,82%; no melhor, subiu 1,21%.
O sobe-e-desce do mercado acionário norte-americano ditou o ritmo por aqui. Em Nova York, o índice Dow Jones subiu 0,57% na máxima e caiu 0,59% na mínima, para encerrar com alta branda de 0,07%. A Nasdaq se valorizou em 0,37%.
O discurso do presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), Ben Bernanke, concentrou as atenções dos investidores.
Bernanke destacou que o Fed atuará para favorecer o crescimento do país, apesar de a inflação ainda exigir cautela. A fala foi interpretada pelos investidores como sinal de que a taxa básica de juros americana, que está em 3% anuais, voltará a ser cortada no próximo mês. Logo após o discurso de Bernanke, as Bolsas fortaleceram o movimento de alta. Mas não se sustentaram até o fim do pregão.

Dólar em queda
O mercado cambial reagiu à fala de Bernanke com mais uma rodada de depreciação do dólar. Diante do euro, a moeda bateu mínimas históricas.
No mercado brasileiro, o dólar recuou para R$ 1,672, após baixa de 0,71%. A moeda americana já se depreciou em 5,91% no ano e está com sua menor cotação desde maio de 1999.
"O dólar não tem fundo. E não vejo o que poderia ser feito para conter a apreciação do real. Com os fundamentos brasileiros positivos e a diferença de taxas de juros entre aqui e lá fora, a tendência de queda do dólar se mantém firme", afirma João Medeiros, diretor de câmbio da corretora Pionner.
Se os juros americanos forem reduzidos dos atuais 3% para 2,5%, como espera parte do mercado, o Brasil se tornará ainda mais atrativo ao capital especulativo estrangeiro, com sua taxa de 11,25%.


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