São Paulo, quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

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Presidente do BC norte-americano volta a sinalizar novo corte na taxa de juros

DA REDAÇÃO

O presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, voltou a sinalizar uma nova redução na taxa básica de juros, apesar do avanço da inflação nos últimos meses. "É importante reconhecer que permanecem os riscos negativos para o crescimento", afirmou ontem ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos.
Ele disse que o banco central norte-americano "precisará avaliar se as ações tomadas até o momento tiveram os efeitos desejados" e que a entidade agirá "no momento adequado" para proteger a economia de uma recessão.
No seu discurso aos deputados, Bernanke deu sinais de que a principal preocupação do Fed, pelo menos até o momento, é impedir -ou pelo menos aliviar- uma recessão, que seria a primeira nos Estados Unidos desde 2001.
A próxima reunião do Fed está marcada para 18 de março e a expectativa entre analistas é a de que aconteça um novo corte nos juros. No mês passado, o BC americano reduziu os juros em 1,25 ponto percentual, para 3%. A queda da taxa nos EUA favorece países emergentes como o Brasil, que, com juros mais altos, acabam atraindo investidores.
Os dados de inflação divulgados nos últimos dias aumentaram as preocupações com os riscos de estagflação (crescimento baixo e inflação alta). O CPI (inflação ao consumidor), considerado mais importante na hora de o BC americano avaliar os rumos das altas nos preços, subiu 0,4% no mês passado e, nos 12 meses encerrados em janeiro, o índice avançou 4,3% -muito acima da meta do Fed, que é de inflação de até 2%.
Já a inflação ao atacadista (PPI, na sigla em inglês) teve alta de 1% em janeiro, puxada especialmente pelos aumentos dos alimentos (que tiveram o maior avanço em três anos) e da energia. No acumulado de 12 meses, a inflação ao atacadista chegou a 7,4%, o maior avanço desde 1981, quando o país enfrentava período de recessão.
E o Fed divulgou na semana passada que reduziu em 0,50 ponto percentual a sua estimativa para a expansão do PIB neste ano, para até 2%.
"Qualquer tendência de erosão na credibilidade do Fed no combate à inflação pode complicar enormemente a tarefa de manter a estabilidade dos preços e pode diminuir a flexibilidade do Fomc [o comitê de política monetária do BC dos EUA] para a defesa no futuro contra recuos no crescimento", disse Bernanke.
E os dados sobre a economia norte-americana anunciados ontem aumentaram ainda mais as preocupações. Os pedidos de bens duráveis (com durabilidade de pelo menos três anos) caíram 5,3% em janeiro, a maior queda em cinco meses e um sinal de que as empresas estão menos dispostas a investir em equipamentos.
As vendas de casas novas retrocederam 2,8% no mês passado e atingiram o seu menor nível desde fevereiro de 1995.


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