São Paulo, domingo, 28 de fevereiro de 2010

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Desenvolvimento verde na Amazônia engatinha

DA REDAÇÃO

Outro setor estratégico ainda subexplorado é o de florestas. Vista como a principal estratégia do governo para fomentar a economia sustentável na Amazônia, a concessão de florestas públicas, aprovada em 2006 com a expectativa de licitar 13 milhões de hectares em dez anos, só licitou 96 mil até agora.
Apenas no setor madeireiro, as florestas que podem ser licitadas têm potencial para girar ao menos US$ 1,8 bilhão ao ano, estima Roberto Waack, presidente da Amata, empresa que levou um lote de Jamari (RO). O valor é ampliado quando se consideram o extrativismo e as cadeias industriais da madeira.
Antônio Carlos Hummel, diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro, afirma que "a previsão da época esqueceu as instruções processuais", como a necessidade de criar plano de manejo, fazer consultas públicas e obter autorizações ambientais. Neste semestre, 700 mil ha deverão ser concedidos.
Na mata densa, a economia pode ser turbinada com ecoturismo, serviços ambientais e extrativismo em cadeias produtivas para produzir fármacos, diz Roberto Smeraldi, da ONG Amigos da Terra e autor de "O Novo Manual de Negócios Sustentáveis" (2009).
"Na Europa, estão avançando nessa indústria sustentável e moderna. Esse papo [de só preservação] fica para nós. Estamos perdendo tempo", diz a geógrafa Bertha Becker.
Em 2008, ela e outros cinco cientistas produziram um documento que propunha uma "revolução científica e tecnológica" na região: em dez anos, com investimentos de R$ 3 bilhões anuais, três institutos de pesquisa e duas universidades começariam a inventar formas de agregar valor a produtos locais e de inseri-los globalmente. "Até agora, não saiu nada. Mas deram mais dinheiro para bolsas [de pesquisa] na região."
No fim de 2008, o Ministério de Ciência e Tecnologia criou a Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal, para desenvolver projetos de pesquisa e formar doutores. Os recursos da rede somarão R$ 19 milhões, entre 2009 e 2010.
Para o ministro Sergio Rezende, a base institucional "está crescendo". Ele cita a criação da Rede Clima em 2008, de um futuro centro de pesquisa, em cooperação com a França, em Macapá (AP), e de oito institutos nacionais de ciência e tecnologia no Pará e no Amazonas. "Estamos avançando num ritmo que, se não é ideal, é o mais rápido que o Brasil já teve."


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