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COMÉRCIO EXTERIOR
Insuficiência de financiamento para exportações limita vantagem obtida com a desvalorização do real
Crédito curto anula ganho de exportador
RICARDO GRINBAUM
da Reportagem Local
O entusiasmo
durou pouco.
Depois da desvalorização do
real, as empresas imaginaram
que era hora de
aumentar as exportações rapidamente. Mas não
contavam com um problema: o
crédito, escasso desde setembro de
98, agora está ainda mais raro.
"Está cada vez mais difícil obter
financiamento", diz Marcus Vinícius Pratini de Moraes, presidente
da Associação de Comércio Exterior (AEB). "A falta de crédito é o
principal impedimento ao crescimento das exportações."
Cada banco tem uma conta diferente para a retração do mercado.
A estimativa mais otimista é que
hoje estejam sendo renovadas 50%
das linhas de crédito que estão
vencendo, segundo levantamento
da Folha junto a oito grandes bancos. A mais pessimista é de que
nem 10% dos empréstimos estão
sendo renovados.
"Em janeiro, a renovação dos
créditos estava em 60% e agora
caiu para 45%", diz Ângelo Vasconcellos, diretor do Unibanco. "A
oferta caiu, mas houve aumento de
demanda pelos exportadores."
O crédito é importante porque
ajuda, principalmente pequenas e
médias empresas, a comprar matéria-prima, pagar os empregados
e viabilizar a produção.
Nas contas de José Augusto de
Castro, diretor da AEB, o Brasil
deixou de exportar US$ 3 bilhões,
por falta de crédito, desde que o
mercado se retraiu para o país, em
setembro de 98.
²
Boas oportunidades
"A desvalorização criou boas
oportunidades. Algumas empresas poderiam dobrar as exportações, mas falta crédito", diz Castro.
A razão da seca financeira é uma
desconfiança extrema em relação
ao país. "A situação devia ter melhorado, mas os investidores querem ter certeza que não vai sair do
controle", diz Lúcio de Moura Netto, do Lloyds Bank.
A desconfiança afeta linhas comerciais, mesmo sendo consideradas a forma mais segura de empréstimo. "Teoricamente, o risco é
menor porque o país deve privilegiar as exportações", diz Angelim
Curiel, do Citibank.
O temor é que o país seja levado a
situações extremas, como limitar a
saída de dólares, por meio de controle de capitais, ou decretar moratória. Outra razão é que o Brasil ganhou má fama. Analistas financeiros rebaixam a avaliação de empresas com dinheiro aplicado no
país, considerado de alto risco.
O preço das ações do Bank of
America caiu 40% devido a exposição aos países emergentes. Em 99,
o banco não vai trazer dinheiro novo. Vai se limitar a reemprestar o
que receber dos clientes no país.
"Os banqueiros estrangeiros
vêm aqui e vêem que a situação
não é tão grave quanto se fala no
exterior, mas é preciso tempo para
recuperar a imagem do país", diz
Ralf Sommer, diretor do HSBC.
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