PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Pelo quinto ano consecutivo, a Companhia Vale do Rio Doce registrou lucro recorde. Em 2001, o resultado atingiu R$ 3,051 bilhões -o maior da história da empresa e 43% superior aos R$ 2,133 bilhões de 2000.
A rentabilidade da empresa -retorno sobre o patrimônio líquido- foi de 25,9%, contra 20,2% em 2000. O resultado supera a rentabilidade média dos bancos no ano passado.
O desempenho da Vale foi influenciado positivamente pela venda de participações em empresas de papel e celulose -Bahia Sul e Cenibra-, além do crescimento das vendas de minério de ferro.
A venda de participações contribuiu em R$ 1,702 bilhão para o lucro da Vale e a ampliação da receita, em R$ 1,792 bilhões. Por outro lado, a variação do dólar pesou negativamente no lucro em R$ 741 milhões.
No ano passado, o faturamento da Vale foi de R$ 11 bilhões -também recorde e 21% maior do que o de 2000 (R$ 9,04 bilhões). Das receitas da Vale do Rio Doce, 38% vieram da comercialização de minério de ferro, 16% do alumínio e, 14% de suas atividades em transporte.
A Vale do Rio Doce foi, em 2001, a maior exportadora líquida do país -ou seja, descontando as importações de insumos. Vendeu ao mercado externo R$ 2,9 bilhões.
"A Petrobras e a Embraer exportam muito, mas importam também. O saldo da Vale é o que mais contribui positivamente para a balança [comercial"", disse Roger Agnelli, presidente da companhia.
Do total que lucrou no ano passado, a Vale irá distribuir dividendos (pagamento) aos acionistas de R$ 1,7 bilhões -ou R$ 4,61 por ação.
Mais um recorde: a geração de caixa da companhia, medida pelo EBTDA (lucro antes de depreciações, amortizações e pagamentos de impostos), ficou em R$ 5,128 bilhões -35% superior à de 2000.
No ano passado, as vendas de minério de ferro atingiram 143,6 milhões de toneladas. Desse total, 121 milhões de toneladas foram destinadas ao mercado externo.
"Com o resultado deste ano, consolidamos a nossa posição de maior mineradora de ferro do mundo", disse Agnelli. Daqui pra frente, a intenção da Vale é expandir seus negócios em outros produtos, como cobre.

Aço
Na disputa comercial que divide Brasil, Estados Unidos e União Européia, Agnelli disse ser contra a proposta de que o Brasil levante barreiras protecionistas ao aço nacional contra as sanções apresentadas pelos EUA e UE .
Setores da siderurgia nacional pressionam o governo a tomar atitude semelhante à adotada pela União Européia, que instaurou sobretaxa ao aço importado pelos países que compõem o grupo.
Agnelli fez as declarações em São Luís onde inaugurou a 8ª usina de pelotização da Vale. Pelotização é o processo pelo qual o minério de ferro em pó é transformado em pequenas bolas de aço, base para a produção do aço