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Para analistas, meta frouxa não compromete BC
DA REPORTAGEM LOCAL
A possibilidade de o Banco
Central elevar a meta de inflação
deste ano não surpreendeu e não
deve alterar as expectativas do
mercado quanto à alta dos preços,
na avaliação de economistas e
analistas financeiros.
O último levantamento feito pelo BC com instituições financeiras
mostra que a expectativa média
do mercado para o IPCA -índice
de preços usado para verificar se a
meta está sendo cumprida- neste ano é de 12,34%. Mesmo que a
meta suba dos atuais 8,5% para
9,5%, como admite a ata da última reunião do Copom (Comitê
de Política Monetária), realizada
na semana passada, ainda ficará
muito distante do que espera o
mercado.
Neste ano, as expectativas do
mercado para o IPCA só começaram a ceder há duas semanas. E
isso só começou a ocorrer após os
dados sobre inflação apontarem
uma desaceleração na alta dos
preços.
De uma expectativa de inflação
de 12,58% para este ano, computada no levantamento feito pelo
BC no último dia 12, a média das
projeções caiu para 12,34% no início desta semana.
Alta
A aceleração da escalada dos
preços no segundo semestre do
ano passado deteriorou consideravelmente as expectativas das
instituições financeiras. Há um
ano, por exemplo, o mercado
projetava que o IPCA de 2003 ficasse em torno dos 4%. No final
de 2002, o boletim do Banco Central já mostrava projeções médias
de inflação para este ano em torno
dos 11%.
Juros
"A possibilidade concreta de
termos uma nova meta ajustada
não implica o fim das rodadas de
elevação da Selic [taxa básica de
juros da economia"", afirma relatório do banco BBV. Para a instituição, o governo apenas ainda
não elevou a meta devido ao "zelo
com a credibilidade do sistema de
metas".
O aumento da meta pode significar, na interpretação de alguns
analistas, a possibilidade de o governo deixar os juros básicos nos
atuais 26,5% ao ano ou mesmo
iniciar em breve um período de
corte da taxa. A principal justificativa para a elevação dos juros
nos últimos meses tem sido a
preocupação com a escalada dos
preços.
Para o BBV, uma nova mudança na meta "não sinaliza de forma
nenhuma leniência [do governo"
com a inflação".
Na avaliação do ABN-Amro Asset Management, um novo aumento da meta de inflação não
chegará a afetar a credibilidade do
BC. Uma atitude dessa já era esperada após a primeira reunião do
Copom deste ano, quando foi admitido que, se houvesse nova previsão de alta dos preços administrados -como fez a autoridade
monetária ontem-, a meta de inflação poderia ser elevada. A instituição projeta que este ano deve
se encerrar com um IPCA próximo dos 11,5%.
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