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São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2003

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Para analistas, meta frouxa não compromete BC

DA REPORTAGEM LOCAL

A possibilidade de o Banco Central elevar a meta de inflação deste ano não surpreendeu e não deve alterar as expectativas do mercado quanto à alta dos preços, na avaliação de economistas e analistas financeiros.
O último levantamento feito pelo BC com instituições financeiras mostra que a expectativa média do mercado para o IPCA -índice de preços usado para verificar se a meta está sendo cumprida- neste ano é de 12,34%. Mesmo que a meta suba dos atuais 8,5% para 9,5%, como admite a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), realizada na semana passada, ainda ficará muito distante do que espera o mercado.
Neste ano, as expectativas do mercado para o IPCA só começaram a ceder há duas semanas. E isso só começou a ocorrer após os dados sobre inflação apontarem uma desaceleração na alta dos preços.
De uma expectativa de inflação de 12,58% para este ano, computada no levantamento feito pelo BC no último dia 12, a média das projeções caiu para 12,34% no início desta semana.

Alta
A aceleração da escalada dos preços no segundo semestre do ano passado deteriorou consideravelmente as expectativas das instituições financeiras. Há um ano, por exemplo, o mercado projetava que o IPCA de 2003 ficasse em torno dos 4%. No final de 2002, o boletim do Banco Central já mostrava projeções médias de inflação para este ano em torno dos 11%.

Juros
"A possibilidade concreta de termos uma nova meta ajustada não implica o fim das rodadas de elevação da Selic [taxa básica de juros da economia"", afirma relatório do banco BBV. Para a instituição, o governo apenas ainda não elevou a meta devido ao "zelo com a credibilidade do sistema de metas".
O aumento da meta pode significar, na interpretação de alguns analistas, a possibilidade de o governo deixar os juros básicos nos atuais 26,5% ao ano ou mesmo iniciar em breve um período de corte da taxa. A principal justificativa para a elevação dos juros nos últimos meses tem sido a preocupação com a escalada dos preços.
Para o BBV, uma nova mudança na meta "não sinaliza de forma nenhuma leniência [do governo" com a inflação".
Na avaliação do ABN-Amro Asset Management, um novo aumento da meta de inflação não chegará a afetar a credibilidade do BC. Uma atitude dessa já era esperada após a primeira reunião do Copom deste ano, quando foi admitido que, se houvesse nova previsão de alta dos preços administrados -como fez a autoridade monetária ontem-, a meta de inflação poderia ser elevada. A instituição projeta que este ano deve se encerrar com um IPCA próximo dos 11,5%.


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