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TENSÃO PÓS-PALOCCI
Para analistas, Mantega pode gerar desconforto por declarações passadas, apesar de promessa de continuidade
Mudança na Fazenda deve agitar mercado
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de o novo ministro da
Fazenda, Guido Mantega, ter dito
ontem que a política econômica
"não mudará", o mercado financeiro pode iniciar as operações de
hoje em clima de nervosismo
após o afastamento de Antonio
Palocci da pasta.
Em momentos de incertezas e
temores, cresce a possibilidade de
dólar e risco-país subirem e de a
Bolsa de Valores cair.
A saída de Palocci foi anunciada
ontem após o fechamento do
mercado de câmbio. Mas, no exterior, os ativos brasileiros pioraram seu desempenho após o
anúncio da mudança no Ministério da Fazenda, mas antes das declarações de Mantega defendendo
a manutenção das políticas de Palocci.
O risco-país brasileiro chegou
ao fim das operações na máxima
do dia, a 236 pontos -alta de
0,85%. O Global 40, um dos mais
negociados títulos da dívida externa brasileira, perdeu 0,92% de
seu valor.
"Como a situação do Palocci vinha se agravando nos últimos
dias, a saída era esperada. O Murilo Portugal [secretário-executivo
da Fazenda] seria uma opção melhor na visão do mercado para
substituir o Palocci", afirmou Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra. Portugal,
bem-visto pelo mercado financeiro, acabou saindo do ministério
junto com Palocci.
Para o economista Alex Agostini, da consultoria Austing Rating,
"o ruim é que o Mantega andou
batendo muito forte na política
econômica recentemente". "O
Mantega vai ter de dar um choque
de credibilidade muito forte no
mercado, que não gosta de algumas das posições dele mais à esquerda", disse Agostini.
Foi isso que o novo ministro
tentou fazer já ontem, ao repetir
que nada mudará na Fazenda e
que quem determina a política
econômica é o presidente Lula.
A Bovespa, que operava no
ponto mais alto do dia (0,84%)
quando foi anunciado o afastamento de Palocci, perdeu fôlego e
fechou o pregão com ganho moderado de 0,17%.
A expectativa é a de que hoje os
negócios nos diferentes segmentos do mercado financeiros sejam
marcados por bastante volatilidade, o que gera oportunidades de
lucro aos investidores.
Ontem, os ativos (ações, moeda,
títulos) já haviam oscilado consideravelmente. O dólar chegou a
subir 2,32% (a R$ 2,204) nos negócios da manhã, com os investidores especulando sobre o agravamento da situação do Palocci e
a possibilidade de ele deixar o governo a qualquer momento. O
dólar fechou em alta de 0,79%, a
R$ 2,171.
Apesar de a condução da taxa
básica de juros estar nas mãos do
Banco Central e não da Fazenda, o
mercado teme que a saída de Palocci aumente as pressões sobre o
Copom (Comitê de Política Monetária) para que haja um afrouxamento mais rápido na política
monetária.
Em ocasiões anteriores de forte
pressão sobre o BC e sua diretoria
(que determina a taxa de juros), a
instituição mostrou forte independência em relação aos críticos.
O mercado de juros futuros não
reagiu muito bem às expectativas
de mudanças. Durante todo o
pregão de ontem da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), os
contratos com vencimentos mais
longos, acima de 18 meses, marcaram alta expressiva para os juros.
No contrato DI -que mostra as
projeções para os juros- com
resgate em janeiro de 2008, a taxa
saltou de 14,75% para 14,90% ao
ano, chegando a 15,07% no pior
momento do pregão.
No papel que vence em julho de
2008, a taxa de juros projetada foi
de 14,69% na sexta-feira para
14,87% ontem.
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