São Paulo, terça-feira, 28 de março de 2006

Texto Anterior | Índice

Se um ganhar, outros também irão à Justiça

DA AGÊNCIA FOLHA, EM DIAMANTINO E CUIABÁ (MT)

O produtor rural Lauro Diavan, 29, pede na Justiça uma indenização de R$ 40 milhões da Bayer CropScience devido a perdas na safra provocadas, segundo ele, pelo Stratego.
Diavan diz que contava com dois técnicos da multinacional em sua propriedade e havia gasto R$ 2,5 milhões na aquisição dos fungicidas Folicur e Stratego diretamente da Bayer para o combate à ferrugem.
Ele plantou 12 mil hectares em Campos Novos dos Parecis (MT) e afirma que perdeu metade da produção -o que dá ao menos 300 mil sacas de soja- apesar de, segundo ele, ter feito a pulverização do Stratego orientado por técnicos da Bayer.
A multinacional nega que tivesse funcionários na fazenda.
Diavan diz ainda que, depois dos prejuízos na safra, a Bayer não vende mais Stratego para sojicultores de Mato Grosso.
"Hoje em dia, a empresa só vende o Sphere, que tem o mesmo logotipo do Stratego, e o Folicur contra a ferrugem", diz Diavan.
A Bayer CropScience informou que, na safra 2003/4, quando houve o prejuízo de Diavan, 4,2 milhões de hectares foram tratados com o Stratego. A reportagem pediu dados sobre as safras atuais.
A assessoria da empresa diz que, por questão de estratégia de mercado, não divulga mais separadamente o desempenho do Stratego.
Apesar do prejuízo, Diavan -cuja família trabalha há 25 anos na produção de soja- se recuperou e atualmente planta 17 mil hectares do grão.
Há expectativa entre pequenos produtores. "Tem uma porção de gente esperando um ganhar para todos entrarem na Justiça também. Ele dizem: "Quem sou eu para brigar com a Bayer?", mas é uma multidão de produtores", afirma o pequeno produtor Raul César Archangelo, 38, de Uberaba (MG), que plantou 66 hectares e perdeu R$ 80 mil.
O presidente da associação dos lesados pelo Stratego faliu. "Plantei 750 hectares. Perdi 20 mil sacas. Eram R$ 940 mil na época. Nós compramos cerca de 300 litros de Stratego, por R$ 36 mil", afirmou Sônio Aramis Blauth.
"Não posso esquecer que isso ocorreu aqui em 2004, ano que os Estados Unidos tiveram uma seca severa, e a soja teve uma cotação estratosférica, que não tinha há 30 anos, chegando a superar US$ 10 por bushel na Bolsa de Chicago", afirmou Sérgio da Silva Ramos, produtor de Diamantino. "Hoje a cotação está abaixo de US$ 6."


Texto Anterior: Outro lado: Empresa diz que produto foi usado de forma errada
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.