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Se um ganhar, outros
também irão à Justiça
DA AGÊNCIA FOLHA, EM
DIAMANTINO E CUIABÁ (MT)
O produtor rural Lauro Diavan,
29, pede na Justiça uma indenização de R$ 40 milhões da Bayer
CropScience devido a perdas na
safra provocadas, segundo ele,
pelo Stratego.
Diavan diz que contava com
dois técnicos da multinacional em
sua propriedade e havia gasto R$
2,5 milhões na aquisição dos fungicidas Folicur e Stratego diretamente da Bayer para o combate à
ferrugem.
Ele plantou 12 mil hectares em
Campos Novos dos Parecis (MT)
e afirma que perdeu metade da
produção -o que dá ao menos
300 mil sacas de soja- apesar de,
segundo ele, ter feito a pulverização do Stratego orientado por técnicos da Bayer.
A multinacional nega que tivesse funcionários na fazenda.
Diavan diz ainda que, depois
dos prejuízos na safra, a Bayer
não vende mais Stratego para sojicultores de Mato Grosso.
"Hoje em dia, a empresa só vende o Sphere, que tem o mesmo logotipo do Stratego, e o Folicur
contra a ferrugem", diz Diavan.
A Bayer CropScience informou
que, na safra 2003/4, quando houve o prejuízo de Diavan, 4,2 milhões de hectares foram tratados
com o Stratego. A reportagem pediu dados sobre as safras atuais.
A assessoria da empresa diz
que, por questão de estratégia de
mercado, não divulga mais separadamente o desempenho do
Stratego.
Apesar do prejuízo, Diavan
-cuja família trabalha há 25 anos
na produção de soja- se recuperou e atualmente planta 17 mil
hectares do grão.
Há expectativa entre pequenos
produtores. "Tem uma porção de
gente esperando um ganhar para
todos entrarem na Justiça também. Ele dizem: "Quem sou eu para brigar com a Bayer?", mas é
uma multidão de produtores",
afirma o pequeno produtor Raul
César Archangelo, 38, de Uberaba
(MG), que plantou 66 hectares e
perdeu R$ 80 mil.
O presidente da associação dos
lesados pelo Stratego faliu. "Plantei 750 hectares. Perdi 20 mil sacas. Eram R$ 940 mil na época.
Nós compramos cerca de 300 litros de Stratego, por R$ 36 mil",
afirmou Sônio Aramis Blauth.
"Não posso esquecer que isso
ocorreu aqui em 2004, ano que os
Estados Unidos tiveram uma seca
severa, e a soja teve uma cotação
estratosférica, que não tinha há 30
anos, chegando a superar US$ 10
por bushel na Bolsa de Chicago",
afirmou Sérgio da Silva Ramos,
produtor de Diamantino. "Hoje a
cotação está abaixo de US$ 6."
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