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BC prevê inflação acima da meta e sinaliza alta de juros
Banco eleva projeção de alta do PIB de 4,5% a 4,8% e do IPCA de 4,3% a 4,7%
Diretor do BC argumenta que agir com rapidez contra expectativa de alta de preços minimizaria a intensidade da ação
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em meio à crise financeira
externa, o Banco Central elevou de 4,5% para 4,8% sua projeção para o crescimento da
economia neste ano, reforçando ainda mais as indicações de
que um aumento nos juros está
cada vez mais próximo. Segundo o BC, o forte ritmo de expansão é o principal fator a ameaçar o cumprimento das metas
de inflação do governo.
A avaliação consta do Relatório de Inflação, divulgado pelo
BC a cada três meses com análise da conjuntura econômica do
país. Além da nova estimativa
para a expansão do PIB (Produto Interno Bruto), o documento também traz uma elevação
nas projeções para a inflação.
A expectativa do BC é que o
IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) suba 4,7%
neste ano e 4,8% em 2009. Antes, previa um aumento de
4,3% e 4,7%, respectivamente.
As contas foram feitas considerando que a taxa Selic e a cotação do dólar vão variar, nos próximos meses, de acordo com as
expectativas do mercado financeiro colhidas em levantamento feito há duas semanas.
As novas projeções de inflação não estão muito distantes
da meta de 4,5%. Ainda assim, o
diretor de Política Econômica
do BC, Mário Mesquita, disse
que isso não significa que o
cumprimento do objetivo não
está ameaçado. A meta de inflação está em 4,5% desde 2005.
Embora tenha ficado acima ou
abaixo dela no período, a alta do
IPCA ficou sempre dentro da
margem de tolerância do BC,
hoje de dois pontos percentuais
para cima ou para baixo.
"Não existe um número mágico [de inflação projetada] que
faz com que o Banco Central
decida isso ou aquilo. O Banco
Central que espera a inflação
divergir muito da meta para
atuar tende a atuar de forma
muito mais intensa e por muito
mais tempo", disse.
O aperto monetário seria necessário porque, nas palavras
do diretor do BC, "o [risco]
mais importante [para a inflação] é o descompasso entre o
ritmo de expansão da demanda
e da oferta". Ou seja, o consumo
tem aumentado rapidamente, e
há dúvidas sobre a capacidade
das empresas em atender à demanda. Esse desequilíbrio pode levar a uma alta da inflação,
risco que se reduziria caso o BC
elevasse os juros para, justamente, esfriar a economia e reduzir a propensão ao consumo.
Para o economista Tomás
Goulart, da Modal Asset Management, o relatório do BC "deixa bem claro que o movimento
é de alta [dos juros] já na próxima reunião [do Comitê de Política Monetária do BC]", em
abril. A taxa Selic está hoje em
11,25% ao ano.
Goulart concorda que o forte
ritmo do PIB pode favorecer
um aumento da inflação no futuro. "As pessoas estão consumindo cada vez mais por causa
do otimismo geral em relação à
economia", disse. Uma alta dos
juros poderia, portanto, evitar
que esse movimento levasse a
um aumento nos preços.
Já para Elson Teles, economista-chefe da Concórdia Corretora, é difícil dizer se o BC
elevará os juros em abril ou se
aguardará um pouco mais. Mas
acha que a alta ocorrerá. "A intenção do BC é subir os juros
mesmo, para arrefecer um pouco o avanço da forte demanda."
Teles disse que, pela atual estrutura da economia, não é possível sustentar por muito tempo um crescimento anual superior a 5% sem pressões inflacionárias. Esse problema, diz, só
será resolvido com investimentos em setores como o de infra-estrutura, que colabore para o
aumento da produtividade das
empresas e as torne mais capazes de expandir a produção.
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