São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2008

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Bovespa acompanha Nova York e recua 1,06%

PIB e resultados de empresas nos EUA desanimam investidor

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de três dias operando "descolada" da Bolsa de Nova York, a Bovespa voltou a acompanhar o movimento em Wall Street e caiu 1,06% ontem, para 60.761 pontos. "Era natural que houvesse mesmo uma realização de lucros após várias sessões de alta", comenta o consultor financeiro e professor Ricardo Fontes. O dólar comercial teve elevação de 0,52%, vendido a R$ 1,736.
O índice Dow Jones, o principal da Bolsa nova-iorquina, recuou 0,97%. A confirmação de que o PIB dos EUA cresceu apenas 0,6% no último trimestre do ano passado, segundo o Departamento do Comércio, deixou os investidores desalentados. Em fevereiro, o mesmo número já havia sido divulgado como estimativa, e a ratificação ajuda a validar as opiniões segundo as quais a economia americana está entrando em recessão.
Más notícias vindas de empresas também contribuíram para o mau humor. A Oracle informou que os seus lucros por ação no terceiro trimestre fiscal cresceram 30%, para US$ 0,26, mas ficaram abaixo do que o mercado esperava. Além disso, uma consultoria divulgou relatório segundo o qual o número de cliques em links pagos no Google cresceu apenas 3,1% no último mês, um avanço desapontador. Assim, a Nasdaq (onde se negocia ações de empresas de tecnologia) teve baixa de 1,87% ontem.
"Não acredito que haja um descolamento de Nova York. Nenhuma economia com um bom grau de abertura pode ignorar o que acontece na maior potência mundial", ressalta Fontes. "Com a desaceleração dos EUA, o Brasil nem vai perceber tanto em um primeiro momento, porém certamente será afetado por uma redução no fluxo de investimento estrangeiro, pois os outros países também sentirão o baque do desaquecimento americano. Sofreremos menos do que aconteceria anos atrás, mas sofreremos."

Juros
A divulgação do Relatório de Inflação do Banco Central, pela manhã, serviu para acomodar as expectativas do mercado sobre pressões de preços e uma elevação da Selic pela autoridade monetária. O que foi dito era o que investidores e analistas previam e já havia sido colocado há duas semanas, na ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC). "Não surpreendeu", frisa Fontes.
Desde que a instituição sinalizou, no documento, que pode aumentar a taxa, as expectativas dos analistas em relação à Selic e à inflação foram alteradas -a previsão é de um aumento de preços maior e de antecipação da volta do ciclo de elevação dos juros-, porém elas agora se encontram estabilizadas nesse patamar e não encontram motivos adicionais para se alterarem.
"A perspectiva de uma alta de juros provoca uma reavaliação dos preços das ações porque, dessa maneira, sobe o custo de capital para as empresas. No entanto, essa readequação já havia sido feita", afirma Fontes.


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