São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2008

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BB vence disputa com Caixa e entra no crédito imobiliário

Banco deve ter R$ 2,3 bi neste ano para imóveis de R$ 150 mil a R$ 350 mil

Instituição diz que, por enquanto, não focará classe média baixa porque não tem como concorrer com Caixa no segmento

JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco do Brasil venceu a queda-de-braço com a Caixa Econômica Federal e poderá entrar no mercado de crédito imobiliário. A diretoria do banco estima que o BB terá R$ 2,35 bilhões disponíveis neste ano para financiar a casa própria. O objetivo é ter uma carteira de R$ 4,5 bilhões em quatro anos e, assim, ficar entre as três instituições financeiras que mais oferecem esse tipo de crédito.
A diretoria do BB disse ontem que não quer concorrer com a Caixa. Desde o ano passado, o BB tenta autorização do Banco Central para oferecer crédito imobiliário e, com isso, ter acesso aos recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Mas havia resistência da Caixa, que hoje detém 70% deste mercado.
O vice-presidente de Finanças do BB, Aldo Luiz Mendes, disse que o banco quer começar com o financiamento de imóveis que custem entre R$ 150 mil e R$ 350 mil. O valor médio a ser financiado é de R$ 80 mil. Ou seja, o cliente-alvo é de classe média alta, com renda mensal acima de cinco salários mínimos. Na maioria, estima o diretor, serão clientes com salários a partir de dez mínimos.
"No primeiro momento, não focamos na classe média baixa. Não há como concorrermos com a Caixa, que tem 70% deste mercado", disse Mendes. A Caixa não quis comentar a decisão dada ontem pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) para o BB operar nesse mercado. A assessoria de imprensa disse apenas que o banco não mudará de estratégia.
A atuação do BB neste mercado será limitada. A resolução do CMN diz que os bancos que operam com crédito rural, caso da instituição, poderão usar 10% de sua captação futura da poupança para o crédito imobiliário. Os bancos que operam com crédito imobiliário também poderão atuar com financiamentos rurais.
A Caixa está, portanto, livre para entrar no mercado de crédito rural. Mas até o diretor de Liquidações do BC, Gustavo do Vale, disse que não há chances de isso acontecer. "A Caixa dificilmente entrará no mercado de crédito rural", disse.
A estimativa do diretor do BC é que o estoque de recursos para o crédito imobiliário cresça em R$ 3,2 bilhões em um ano. O volume de recursos para o crédito rural não será menor porque existem bancos comerciais com interesse neste mercado, disse. Ele crê que o potencial de novos recursos para o crédito rural seja de R$ 7 bilhões, considerando que a Caixa não vai concorrer no filão. Contando com os recursos da Caixa, esse potencial iria a R$ 12 bilhões. Hoje, só três bancos e duas cooperativas operam com crédito rural.
O BB já tem uma carteira de crédito imobiliário de R$ 350 milhões com recursos captados pelo banco. Agora, lembra Mendes, o BB emprestará por meio do SFH (Sistema Financeiro de Habitação). Com isso, só neste ano poderá contar com R$ 1 bilhão do FGTS.
Com carteira de R$ 4,5 bilhões, o BB teria menos de 10% do estoque de crédito imobiliário atual. Segundo o BC, o estoque de crédito é de R$ 47 bilhões. No ano passado, esses financiamentos cresceram 28,5%. Mas os recursos disponíveis são maiores. O SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) tem R$ 191,5 bilhões disponíveis para financiamentos imobiliários.
Amarillys Romano, da consultoria Tendências, aposta que a entrada do BB no setor será um estímulo para que o crédito imobiliário cresça mais a partir deste ano. "O Banco do Brasil tem uma atuação no interior, em áreas mais voltadas para o agronegócio, onde nem a Caixa chega", disse.


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