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BB vence disputa com Caixa e entra no crédito imobiliário
Banco deve ter R$ 2,3 bi neste ano para imóveis de R$ 150 mil a R$ 350 mil
Instituição diz que, por enquanto, não focará classe média baixa porque não tem como concorrer com Caixa no segmento
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco do Brasil venceu a
queda-de-braço com a Caixa
Econômica Federal e poderá
entrar no mercado de crédito
imobiliário. A diretoria do banco estima que o BB terá R$ 2,35
bilhões disponíveis neste ano
para financiar a casa própria. O
objetivo é ter uma carteira de
R$ 4,5 bilhões em quatro anos
e, assim, ficar entre as três instituições financeiras que mais
oferecem esse tipo de crédito.
A diretoria do BB disse ontem que não quer concorrer
com a Caixa. Desde o ano passado, o BB tenta autorização do
Banco Central para oferecer
crédito imobiliário e, com isso,
ter acesso aos recursos do
FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço). Mas havia
resistência da Caixa, que hoje
detém 70% deste mercado.
O vice-presidente de Finanças do BB, Aldo Luiz Mendes,
disse que o banco quer começar
com o financiamento de imóveis que custem entre R$ 150
mil e R$ 350 mil. O valor médio
a ser financiado é de R$ 80 mil.
Ou seja, o cliente-alvo é de classe média alta, com renda mensal acima de cinco salários mínimos. Na maioria, estima o diretor, serão clientes com salários a partir de dez mínimos.
"No primeiro momento, não
focamos na classe média baixa.
Não há como concorrermos
com a Caixa, que tem 70% deste mercado", disse Mendes. A
Caixa não quis comentar a decisão dada ontem pelo CMN
(Conselho Monetário Nacional) para o BB operar nesse
mercado. A assessoria de imprensa disse apenas que o banco não mudará de estratégia.
A atuação do BB neste mercado será limitada. A resolução
do CMN diz que os bancos que
operam com crédito rural, caso
da instituição, poderão usar
10% de sua captação futura da
poupança para o crédito imobiliário. Os bancos que operam
com crédito imobiliário também poderão atuar com financiamentos rurais.
A Caixa está, portanto, livre
para entrar no mercado de crédito rural. Mas até o diretor de
Liquidações do BC, Gustavo do
Vale, disse que não há chances
de isso acontecer. "A Caixa dificilmente entrará no mercado
de crédito rural", disse.
A estimativa do diretor do BC
é que o estoque de recursos para o crédito imobiliário cresça
em R$ 3,2 bilhões em um ano.
O volume de recursos para o
crédito rural não será menor
porque existem bancos comerciais com interesse neste mercado, disse. Ele crê que o potencial de novos recursos para o
crédito rural seja de R$ 7 bilhões, considerando que a Caixa não vai concorrer no filão.
Contando com os recursos da
Caixa, esse potencial iria a R$
12 bilhões. Hoje, só três bancos
e duas cooperativas operam
com crédito rural.
O BB já tem uma carteira de
crédito imobiliário de R$ 350
milhões com recursos captados
pelo banco. Agora, lembra
Mendes, o BB emprestará por
meio do SFH (Sistema Financeiro de Habitação). Com isso,
só neste ano poderá contar com
R$ 1 bilhão do FGTS.
Com carteira de R$ 4,5 bilhões, o BB teria menos de 10%
do estoque de crédito imobiliário atual. Segundo o BC, o estoque de crédito é de R$ 47 bilhões. No ano passado, esses financiamentos cresceram
28,5%. Mas os recursos disponíveis são maiores. O SBPE
(Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) tem R$ 191,5
bilhões disponíveis para financiamentos imobiliários.
Amarillys Romano, da consultoria Tendências, aposta
que a entrada do BB no setor
será um estímulo para que o
crédito imobiliário cresça mais
a partir deste ano. "O Banco do
Brasil tem uma atuação no interior, em áreas mais voltadas
para o agronegócio, onde nem a
Caixa chega", disse.
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