São Paulo, quarta-feira, 28 de abril de 2004

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TELES

Detentores de papéis da Embratel obterão menos com compra pelos mexicanos

Minoritários dizem que vão contestar venda à Telmex

DA REPORTAGEM LOCAL

A Animec (Associação Nacional de Investidores do Mercado de Capitais) disse que fará o que estiver a seu alcance para evitar que a Embratel seja vendida por um valor inferior à maior oferta feita pelo controle da empresa.
"Não interessa o argumento de que uma eventual venda para o consórcio [Calais, do qual fazem parte as operadoras de telefonia fixa Telefônica, Brasil Telecom e Telemar] poderia sofrer sanções dos [agentes] reguladores do país. Tenho é que defender o melhor preço para os minoritários", afirmou Waldir Corrêa, presidente da Animec (que representa acionistas minoritários), antes mesmo da decisão da Justiça norte-americana de aprovar a venda da Embratel para a Telmex.
Quanto menor o valor pago pela venda da Embratel, menor também será o valor que os acionistas minoritários, detentores de papéis ON da Embratel, receberão quando houver a oferta de recompra pela nova controladora.
A regra do "tag-along" assegura aos acionistas minoritários o direito de receber pelas suas ações ordinárias o preço equivalente a, no mínimo, 80% do valor pago ao acionista majoritário.
Na segunda-feira, a Animec já havia enviado uma reclamação formal ao presidente da MCI questionando a decisão (do mês passado) da empresa norte-americana de aceitar a proposta de compra do controle da Embratel apresentada pela Telmex.
A operadora mexicana ofereceu primeiramente US$ 360 milhões por 51,79% do capital votante e 19,26% do capital total da Embratel Participações, contra US$ 550 milhões oferecidos pelo consórcio Calais. Após as novas propostas da Calais, com garantias adicionais, a Telmex aumentou a oferta para US$ 400 milhões.
"Enviamos a carta porque estamos perplexos com a situação. Ou a MCI aceita o maior valor ou então que promova um leilão, de forma que não prejudique os minoritários. Aceitar a menor proposta é inviável", disse Corrêa.
"Sendo a proposta vencedora a da Telmex, os acionistas minoritários detentores de papéis ON perderão no "tag-along" cerca de R$ 7,00 por ação", afirmou Corrêa. Para ele, "as dúvidas são muitas" em torno do negócio. "Será que não há interferência pelo fato de o [Carlos] Slim [empresário proprietário da Telmex] fazer parte do comitê de credores da MCI?", questiona.
No entanto, se, na venda da Embratel, os acionistas ordinários minoritários saíram prejudicados, no grande negócio anterior envolvendo uma empresa brasileira, a união entre a AmBev e a belga Interbrew, haviam sido os detentores de ações preferenciais quem registraram perdas.
Após o anúncio da transação, cujo valor foi considerado elevado, os papéis preferenciais caíram porque seus acionistas não teriam direito ao "tag-along".


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