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Investimento sobe menos que outros gastos
Apesar de promessas do PAC, recursos crescem 7,1% no 1º tri, contra 10,7% nos gastos com pessoal e 9,8% com custeio
Secretário do Tesouro admite número "pequeno" e prevê aceleração; superávit primário cresce 29% em relação a 1º tri de 2006
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ritmo da liberação de recursos para investimentos do
governo federal cresce tão lentamente neste começo de ano
que até o secretário do Tesouro
Nacional, Tarcísio Godoy, reconhece que o número é "pequeno". Ele diz ainda que "queria
ter gasto mais dinheiro" nos últimos meses, mas que isso não
foi possível devido à demora na
execução de algumas obras.
Entre janeiro e março deste
ano, os recursos liberados para
investimentos do governo somaram R$ 2,330 bilhões, segundo o Tesouro. O valor é 7,1%
maior do que o apurado no
mesmo período de 2006.
Entre as principais despesas
do Tesouro, os investimentos
foram os que menos cresceram
- os gastos com pessoal aumentaram 10,7%; os com custeio e capital, que incluem despesas com manutenção da máquina pública, subiram 9,8%.
"Olha só, é o secretário do
Tesouro dizendo: eu queria que
a gente já tivesse gasto mais dinheiro com investimento", disse Godoy, ressaltando o fato de
o apelo vir do membro da equipe econômica preocupado em
conter os gastos do governo.
Se considerados os recursos
liberados por meio do chamado
PPI (Projeto Piloto de Investimentos), que inclui os investimentos prioritários do governo, a execução é ainda mais baixa: entre janeiro e março, receberam R$ 505 milhões de R$
11,3 bilhões previstos para o
ano todo no PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento).
Godoy atribuiu o baixo valor
investido à demora na execução das obras, e não à falta de
dinheiro. "Disponibilidade de
recursos existe.". Ele evitou citar os projetos atrasados e os
motivos da demora. Disse só
que "fazer [as obras] tem uma
dificuldade intrínseca".
Para Godoy, esses números
devem crescer mais rapidamente nos próximos meses,
pois haveria uma demora natural entre o anúncio do PAC, em
janeiro, e o início efetivo de algumas obras. "O investimento
ainda é pequeno, mas isso não
significa que não teremos uma
dinâmica diferente."
O baixo volume de recursos
liberados para investimentos
acabou colaborando para o aumento do aperto fiscal promovido pelo governo no primeiro
trimestre. Foi acumulado um
superávit primário (economia
para o pagamento de juros da
dívida) de R$ 19,190 bilhões,
29% a mais do que no mesmo
período de 2006.
Se descontadas as transferências da União para Estados e
municípios, os gastos totais do
governo federal cresceram
11,7% neste começo de ano
-logo, os investimentos aumentaram menos que a média.
As receitas do governo, impulsionadas pela arrecadação
tributária, cresceram 13,8%. A
principal causa desse aumento
foi o pagamento recebido de
empresas em débito com o fisco, disse o Tesouro.
Além disso, os dividendos repassados por empresas estatais
cresceram 50% no período, somando R$ 2,1 bilhões.
O governo tem como meta
acumular um superávit primário de R$ 26,6 bilhões até abril.
Para isso, precisa economizar
R$ 7,4 bilhões neste mês.
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