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LUÍS NASSIF
Os cinco cenários para a saúde
Um dos principais especialistas em política de saúde do
país, o médico mineiro Eugênio Villaça Mendes, tem críticas enfáticas ao atual modelo de saúde -conforme
demonstrado na coluna de
ontem.
A partir dessa situação,
analisa cinco cenários possíveis para a saúde:
1) Cenário Lampeduza, de
deixar como está para ver como é que fica.
Mantém o SUS como sistema para os pobres e vai-se
provavelmente submeter o
Sistema de Atenção Médica
Supletiva a uma regulação,
mais ou menos como o que
foi aprovado na Câmara dos
Deputados.
Provavelmente o governo
vai fixar algum sistema definitivo de financiamento, com
algum tipo de vinculação de
recursos federais, estaduais e
municipais.
O sistema de financiamento
público continuará sendo o
de subsídio à oferta (pagamento por procedimentos) e
a regulação do sistema supletivo, que, ao permitir planos
mínimos, induzirá à oferta
de planos populares, que
atrairão setores da classe média baixa e operários de pequenas e microempresas.
Nesse cenário, consolida-se
a segmentação, o gasto público tenderá a crescer menos
que o gasto privado e a iniquidade aumenta.
2) Cenário PAS.
Corresponderia à extensão,
em escala nacional, do PAS
(Plano de Atendimento à
Saúde) implementado pela
Prefeitura de São Paulo. Significaria terceirizar para
cooperativas de trabalho a
prestação de serviços, com gerência externa de contabilidade, auditoria e avaliação.
O sistema de financiamento
seria de subsídio à demanda
(pagamento por população
coberta) e haveria a adscrição da clientela a um módulo
de serviços. Esse cenário amplia a segmentação, a iniquidade e, dados os erros de fundamento do PAS, a ineficiência global do sistema.
3) Cenário comandante Rolim.
Assim denominado por ter
sido o coordenador de um
grupo de empresários incumbidos de pensar saídas para o
país, no âmbito do Fórum
dos Líderes Empresariais da
"Gazeta Mercantil".
A estratégia geral visa criar
incentivos para que pequenas
e microempresas criem seus
planos supletivos de saúde,
de maneira a atingir mais 80
milhões de brasileiros.
Seria reforçado o papel normatizador do Estado, por
meio da criação de uma
Agência Nacional de Administração da Saúde. O modelo seria o da autogestão com
administração terceirizada,
pós-pagamento para pequeno risco, pré-pagamento para
grande risco, co-participação
empresa/empregados e fundo
mútuo para financiamento
da participação do empregado no grande risco.
Villaça considera que a
proposta segmenta definitivamente os serviços de saúde,
também aumentando a iniquidade;
4)Cenário Colômbia:
O governo funcionaria como regulador de todo o sistema e financiador de um pacote de serviços essenciais a
ser ofertado universalmente,
com a mesma qualidade, a
todos os brasileiros. Fora desse conjunto, o financiamento
seria privado, de responsabilidade de indivíduos, famílias ou empresas.
O financiamento seria por
capitação, ou seja, por subsídio à demanda. Romper-se-ia com a segmentação,
por meio da integração do
sistema de serviços essenciais,
e haveria um incremento relativo do gasto público.
Haveria a figura das organizações articuladoras do sistema -organizações públicas (que poderiam ser as próprias secretarias municipais e
estaduais de saúde) e/ou privadas, que disputariam a
clientela e negociariam pacotes de serviços essenciais com
prestadores de serviço em nome dela.
A função do Sistema de
Atenção Médica Supletiva estaria restrita à prestação do
serviços não essenciais, que
não seriam universalizados
pelo sistema público.
5) Cenário sistema público
plural.
Seria instituído novo pacto
federativo na saúde, com base numa reforma fiscal, que
descentralizaria competências e recursos, onde o governo federal limitar-se-ia a definir grandes diretrizes, inclusive um pacote essencial
de serviços para todo o país, e
co-financiaria redistributivamente o sistema.
Caberia a cada Estado definir seu sistema, com liberdade constrangida pelos grandes princípios nacionais. Implica também na retirada de
todos os subsídios diretos e
indiretos para os sistemas
privados, bem como permitiria uma participação dos
prestadores privados na oferta do pacote essencial.
Seria um cenário mais compatível com uma social democracia moderna e desatrelada de mediações de micropolítica clientelista, diz ele.
Por isso, talvez seja um cenário para o momento em que a
agenda política nacional estiver menos congestionada
pela temática macroeconômica e que a situação dos serviços de saúde emergir e tornar-se insustentável.
Transbrasil
Casa Civil e DAC estudam aumento da participação do capital
estrangeiro nas companhias aéreas nacionais. A operação visa
permitir a venda da Transbrasil.
E-mail: lnassif@uol.com.br
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