São Paulo, terça, 28 de abril de 1998

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COMÉRCIO
Taxas só diminuem durante as promoções de curto prazo
Inadimplência e desemprego fazem lojas manter juros altos

FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local

O governo reduziu os juros básicos da economia, mas o comércio continua cauteloso na hora de financiar a venda ao consumidor.
O encargo financeiro cobrado pelas lojas pouco caiu, a não ser em casos especiais, como promoções de curto prazo, em razão do aumento da inadimplência e do desemprego.
O Banco Cacique, que administra o crediário de cerca de 200 redes espalhadas pelo país, cobra juros de 7% a 9% ao mês, mais o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
"A tendência parece ser de queda das taxas, mas, por enquanto, não vamos alterá-las por conta da alta inadimplência e do desemprego", afirma Wanderley Vettore, diretor.
Ele diz que o atraso no pagamento dos carnês continua preocupando. De cada mil clientes do banco, diz ele, oito estão atrasando o pagamento. Até o final do ano passado eram seis e meio.
Nos cálculos do banco, a inadimplência era, portanto, da ordem de 6,5% e agora está em torno de 8%. "Estamos sendo cada vez mais rigorosos na hora de conceder o crédito; mesmo assim a inadimplência não pára de subir."
Quando o banco detecta que o consumidor parou de pagar as prestações porque a renda diminuiu, ele tenta renegociar a dívida esticando o prazo de pagamento e, assim, o valor da prestação. "Só que o grande problema é o desemprego."
Como a disputa entre as grandes redes para atrair o cliente é grande, existem algumas promoções em cima de juros.
A rede Magazine Luiza, com 90 lojas, fez ontem uma promoção relâmpago na qual vendeu toda a sua linha de produtos em sete vezes sem juros para tentar antecipar as vendas para o Dia das Mães.
Eldo Moreno, diretor da empresa, diz que as lojas ficaram lotadas, mas a rede ainda não tinha definido se iria repetir a promoção. "O mercado não está comprador. Temos de fazer sempre alguma oferta para movimentar as lojas."
A partir de hoje a rede volta a vender a prazo cobrando juros de 4,5% a 6,5% ao mês, incluindo o IOF, em um prazo de até 24 meses. A previsão da empresa para este mês é faturar o mesmo que em igual período do ano passado.
A Lojas Cem, com 75 lojas, também só altera os juros em promoções por tempo determinado. A taxa cobrada pela rede varia de 3% a 6% ao mês (incluindo o IOF).
Atualmente, a empresa tem uma promoção na qual a compra em quatro pagamentos não tem a incidência de juros.
Mesmo com a promoção, a Cem espera faturar, em maio, o mesmo que em igual mês do ano passado. Neste mês, a queda deve ser de 6% sobre abril de 97.
Giácomo Dalla Vecchia, diretor, diz que as mães devem ganhar neste ano mais viagens do que eletrodomésticos, o que pode ser ruim para o comércio -mas bom para elas.



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