São Paulo, terça, 28 de abril de 1998

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Ocupação no campo é reduzida em 32%

da Reportagem Local

O número de pessoas ocupadas nas atividades agropecuárias do Estado de São Paulo caiu 32% em pouco mais de dez anos.
Esse número, revelado pela comparação dos dois últimos censos agropecuários realizados pelo IBGE no Estado, um em 1985 e outro em 1995/96, mostra o lado "negativo" da modernização da atividade rural.
Em 1985 as atividades agropecuárias ocupavam 1,357 milhão de pessoas. Na safra 1995/96, esse número havia caído para 914 mil.
"Isso não significa necessariamente que esse contingente está desempregado, mas que se deslocou em direção às cidades", avaliou o presidente do IBGE, Simon Schwartzman.
O problema, segundo explica o diretor de pesquisas do IBGE, Lenildo Fernandes Silva, é que o setor urbano, que normalmente absorvia o excedente de mão-de-obra formado nas zonas rurais, não está mais empregando.
O problema da migração, que era sentido mais na região metropolitana da capital paulista, é frequente hoje também nas maiores cidades do interior do Estado.
"O processo de modernização do campo tem um impacto grande na sociedade", avaliou.
Como a indústria também foi diretamente afetada pela abertura comercial, que trouxe maior necessidade de aumento de produtividade, o papel de gerador de empregos coube ao setor terciário da economia, que inclui o comércio e a prestação de serviços.
"O problema é que esse setor exige cada vez mais mão-de-obra qualificada, que não se encontra na população que deixou o campo", acrescentou Silva.

Ação estatal Para suprir a deficiência de qualificação desses trabalhadores, assim como a dos demitidos da indústria, o ideal seria intensificar os programas de qualificação e treinamento profissional, afirmam os técnicos do IBGE.
É essa filosofia, por exemplo, que está orientando as ações do Ministério do Trabalho e de centrais sindicais.
Segundo o diretor de pesquisas do IBGE, a ação governamental também deveria ser orientada para tentar manter a população rural no campo.
Exemplo disso, por exemplo, seriam alguns programas, como o Pronaf ( de apoio à agricultura familiar) e o Proger rural (para incentivar a geração de renda e empregos nas áreas rurais).
Para o presidente do IBGE, a concentração da propriedade existente no campo ainda é um problema.
O Censo Agropecuário do IBGE revela que não há mais fronteiras agrícolas no Estado de São Paulo, ou seja, a produção agropecuária não tem mais para onde avançar.
No entanto, de acordo com Schwartzman, existem no Estado parcelas de terra pouco utilizadas ou mesmo sem utilização.
Pelo levantamento do instituto, existiam em 1995 aproximadamente 154 mil hectares de terra produtiva sem uso comercial.



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