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ZONA FRANCA
Isaac Sverner, presidente da CCE, é acionista majoritário da DM Eletrônica, acusada pela PF de fraudar importações
Dono da CCE nega contrabando em Manaus
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
O presidente do grupo CCE, Isaac Sverner, 69, negou à Justiça
Federal do Amazonas ter envolvimento no megaesquema de contrabando descoberto na Zona Franca de Manaus.
Sverner depôs com mais quatro sócios e um diretor da empresa
DM Eletrônica da Amazônia Ltda. Ele é o acionista majoritário
da DM, empresa que importava produtos eletrônicos acabados
como se fossem insumos.
Pelo regime de isenção fiscal da Zona Franca, não pagam impostos como o de Importação peças para abastecer linhas de montagem em Manaus. Só que a DM
importava produtos prontos, com a conivência de alguns fiscais
da Receita Federal.
Desde janeiro, foram apreendidos mais de R$ 42 milhões em mercadorias da DM com as marcas CCE, Lenoxx Sound e Audax, além do selo de produção em Manaus, que garante isenção fiscal.
A investigação foi iniciada antes pela Polícia Federal do Amazonas, que monitorou com autorização judicial por cerca de um mês as ligações de telefones celulares dos sócios, empregados e auditores fiscais da Receita envolvidos no caso.
No depoimento, Sverner negou seu envolvimento na compra das
mercadorias montadas. Disse que soube da apreensão dos produtos
contrabandeados por um dos sócios, Daniel Lewin. "Fiquei muito
chocado com a notícia [a apreensão dos produtos] que recebi."
Daniel Lewin, 58, disse no depoimento que a compra das mercadorias aconteceu em outubro de 2001 tendo como agente o proprietário da empresa Asia Tech,
Isaac Kamhin. "Ele [Kamhin] me ofereceu, no lugar de peças e componentes para montagem, produtos prontos e acabados, por preços bastantes convenientes, da
marca Lenoxx", disse.
Lewin afirmou que não fechou o negócio porque ficou doente em
Hong Kong. "Telefonei para Jacques Weisman [outro diretor da
empresa", que estava em São Paulo, para verificar a viabilidade da
compra. Depois passei mal por problemas na vesícula, fui operado de urgência, e não autorizei o Isaac Kamhin a enviar as mercadorias para o Brasil", disse Lewin.
Sverner confirmou a versão de Lewin. "Sei que no meio das negociações da compra das mercadorias de Hong Kong ele [Lewin] foi acometido por uma doença e
não pode levar a compra até o fim", disse. O empresário disse
que não conhecia Isaac Kamhin.
O presidente do grupo CCE afirmou que sua participação na DM
é como investidor, não tendo participação na administração da
empresa. "Eu exerço a presidência da CCE em tempo integral, razão que me impede de ter qualquer outra atividade", disse.
Sverner confirmou que tem 30% do capital da empresa DM e
que seu investimento na sociedade é de R$ 1,5 milhão. "Em 1999,
houve injeção de R$ 5 milhões na DM, sendo que minha parte foi de
R$ 1,5 milhão. A partir daí, a empresa passou a produzir produtos
de porte pequeno", disse.
Como estratégia da defesa, Isaac Sverner deveria ser ouvido só no
dia 21 de junho, por meio de carta precatória, na 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo. A Agência Folha apurou que a juíza do caso,
Jaíza Fraxe, da 1ª Vara Federal de Manaus, cancelou as precatórias e
pediu o deslocamento dos acusados para a capital do Amazonas.
Além de Sverner e Lewin, prestaram depoimentos no processo
os sócios David e Fisel Perl, José Radomysler e Jacques Weisman,
diretor da DM.
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