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Plano Collor gerou a mais longa recessão
Retração após plano de 1990 durou 11 trimestres; a recessão mais intensa, porém, foi a de 1981, com queda de 8,5% do PIB
Melhora na situação fiscal
deixa Brasil mais forte
contra as crises externas,
afirma Marcelle Chauvet,
relatora do novo comitê
DA SUCURSAL DO RIO
A atual recessão não deve, segundo especialistas, repetir
nem de longe a que teve início
em 1981 (governo Figueiredo) e
se arrastou por nove trimestres. Foi, entre todas analisadas, a mais intensa, com uma
contração acumulada do PIB
de 8,5%, de acordo com os dados dos ciclos econômicos desde 1980, divulgados ontem pelo
Codace (Comitê de Datação de
Ciclos Econômicos). Eles indicam que, fragilizada por situação fiscal ruim e alto endividamento, a economia não resistia
a turbulências externas.
Sob o regime militar, com as
contas externas do país extremamente frágeis, o Brasil quase quebrou na esteira da moratória do México.
No governo Sarney, o Brasil
novamente entrou em recessão, em 1987. Na época, o PIB
caiu 4,2% em seis trimestres a
reboque do fracasso de planos
econômicos.
Em 1990, com um plano econômico -o de Collor-, o país
viveu nova fase recessiva, iniciada ainda no ano anterior, no
governo Sarney. Dessa vez, a
contração levou 11 trimestres, a
mais longa, mas não a mais intensa, da história recente.
Com o governo FHC, veio a
estabilização da moeda. A economia ficou mais sólida, e os ciclos de baixas menos intensos e
com menor duração. Ainda assim, o país viveu recessões, iniciadas em 1995, 1998 e 2001.
Em comum, as três tiveram
relação com crises externas: a
mexicana, em 1995, a russa, em
1998, e o 11 de Setembro, em
2001 -naquela fase, porém, a
economia perdeu fôlego também por causa do racionamento de energia.
O governo Lula começou
com uma recessão -esta em
decorrência da crise de confiança gerada pela sua eleição,
que fechou linhas externas de
crédito, asfixiou a economia e
obrigou o BC a elevar a Selic
com força. Foram, porém, só
dois trimestres de retração,
com queda de 1,7% do PIB.
Para Marcelle Chauvet, relatora do Codace, a situação fiscal
brasileira melhorou nos últimos anos, e o país ficou mais resistente à crises externas -que
também se tornaram menos
frequentes nos anos 2000,
quando o mundo atravessou,
até o início da atual crise, um
longo período de expansão da
economia.
A atual fase é mais aguda. Somente no último trimestre de
2008 o PIB cedeu 3,6%. Mas especialistas não esperam uma
recessão prolongada, e já existem os primeiros sinais de que
o fundo do poço começou a ser
superado.
Segundo Thaís Marzola Zara,
da Rosenberg & Associados, o
PIB crescerá 0,3% neste ano,
mas terá taxas negativas no primeiro e no segundo trimestre.
Sérgio Vale, da MB Associados, diz que sinais de estancamento da queda do emprego e
de menor retração da produção
da indústria indicam reação até
o final do ano.
(PEDRO SOARES)
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