São Paulo, quinta-feira, 28 de maio de 2009

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Plano Collor gerou a mais longa recessão

Retração após plano de 1990 durou 11 trimestres; a recessão mais intensa, porém, foi a de 1981, com queda de 8,5% do PIB

Melhora na situação fiscal deixa Brasil mais forte contra as crises externas, afirma Marcelle Chauvet, relatora do novo comitê


DA SUCURSAL DO RIO

A atual recessão não deve, segundo especialistas, repetir nem de longe a que teve início em 1981 (governo Figueiredo) e se arrastou por nove trimestres. Foi, entre todas analisadas, a mais intensa, com uma contração acumulada do PIB de 8,5%, de acordo com os dados dos ciclos econômicos desde 1980, divulgados ontem pelo Codace (Comitê de Datação de Ciclos Econômicos). Eles indicam que, fragilizada por situação fiscal ruim e alto endividamento, a economia não resistia a turbulências externas.
Sob o regime militar, com as contas externas do país extremamente frágeis, o Brasil quase quebrou na esteira da moratória do México.
No governo Sarney, o Brasil novamente entrou em recessão, em 1987. Na época, o PIB caiu 4,2% em seis trimestres a reboque do fracasso de planos econômicos.
Em 1990, com um plano econômico -o de Collor-, o país viveu nova fase recessiva, iniciada ainda no ano anterior, no governo Sarney. Dessa vez, a contração levou 11 trimestres, a mais longa, mas não a mais intensa, da história recente.
Com o governo FHC, veio a estabilização da moeda. A economia ficou mais sólida, e os ciclos de baixas menos intensos e com menor duração. Ainda assim, o país viveu recessões, iniciadas em 1995, 1998 e 2001.
Em comum, as três tiveram relação com crises externas: a mexicana, em 1995, a russa, em 1998, e o 11 de Setembro, em 2001 -naquela fase, porém, a economia perdeu fôlego também por causa do racionamento de energia.
O governo Lula começou com uma recessão -esta em decorrência da crise de confiança gerada pela sua eleição, que fechou linhas externas de crédito, asfixiou a economia e obrigou o BC a elevar a Selic com força. Foram, porém, só dois trimestres de retração, com queda de 1,7% do PIB.
Para Marcelle Chauvet, relatora do Codace, a situação fiscal brasileira melhorou nos últimos anos, e o país ficou mais resistente à crises externas -que também se tornaram menos frequentes nos anos 2000, quando o mundo atravessou, até o início da atual crise, um longo período de expansão da economia.
A atual fase é mais aguda. Somente no último trimestre de 2008 o PIB cedeu 3,6%. Mas especialistas não esperam uma recessão prolongada, e já existem os primeiros sinais de que o fundo do poço começou a ser superado.
Segundo Thaís Marzola Zara, da Rosenberg & Associados, o PIB crescerá 0,3% neste ano, mas terá taxas negativas no primeiro e no segundo trimestre.
Sérgio Vale, da MB Associados, diz que sinais de estancamento da queda do emprego e de menor retração da produção da indústria indicam reação até o final do ano. (PEDRO SOARES)


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