São Paulo, quinta-feira, 28 de maio de 2009

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Inadimplência é a mais alta desde 2000

Atraso superior a 90 dias em empréstimos bancários atinge 5,2% dos financiamentos, somando R$ 8 bi de janeiro a abril

Alta média é puxada por calotes de empresas, e não de pessoas físicas -para quem os juros caíram pelo quinto mês consecutivo


NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O aumento da inadimplência fez com que cerca de R$ 8 bilhões em empréstimos bancários deixassem de ser pagos entre janeiro e abril deste ano, valor quatro vezes maior do que o apurado no mesmo período do ano passado, informa o Banco Central. O número inclui financiamentos tanto para pessoas físicas como para empresas e se refere a operações de crédito com pagamentos atrasados por mais de 90 dias.
Essa parcela de débitos em atraso corresponde a somente 0,7% do total de crédito disponível no país, que em abril chegou a R$ 1,25 trilhão, mas representa um forte aumento em relação ao nível que se observava até alguns meses atrás.
Em dezembro, o saldo de empréstimos com pagamentos atrasados era de R$ 38,7 bilhões. No mês passado, esse número havia chegado a R$ 47,1 bilhões. No mesmo período, o total de financiamentos oferecidos pelos bancos subiu apenas 1,7%.
Graças a esse movimento, a taxa de inadimplência subiu tanto nos financiamentos comerciais -como crédito pessoal, cheque especial e empréstimos de capital de giro para empresas- como naqueles regulados pelo governo -como crédito rural, habitacional e financiamentos do BNDES.
Em abril, segundo o BC, os calotes representavam 5,2% dos empréstimos comerciais, onde a inadimplência costuma ser mais alta. Trata-se do nível mais alto desde outubro de 2000. Um mês antes, a proporção estava em 5%.
Questionado sobre o aumento da inadimplência após audiência no Senado, o presidente do BC, Henrique Meirelles, disse que "houve aumento, mas algumas instituições sinalizam que isso está se revertendo".

Empresas
A alta da inadimplência ocorrida em abril se concentrou no crédito para empresas. Entre as pessoas físicas, a taxa passou de 8,4% para 8,2% no mesmo período, mas a queda é explicada mais por causa de um efeito estatístico do que por um recuo nos calotes.
Isso porque o BC calcula a inadimplência como sendo uma média do atraso de cada modalidade de crédito existente no país, proporcionalmente à quantidade de dinheiro movimentado por elas. Em abril, a procura por financiamentos de veículos (excluindo leasing) e por cheque especial caiu. E, como eles apresentam as maiores taxas de inadimplência, seu peso no nível geral de atraso também caiu, derrubando a média.
Para o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, o que se espera é que o atraso nos pagamentos de empréstimos de pessoas físicas caia mais rapidamente do que entre as empresas. "Primeiro vem a recuperação das famílias, depois é que isso vai chegar nos empresários. Quando o consumo reage é que tudo reage em cadeia", afirma.
Mesmo com o aumento da inadimplência, os juros cobrados pelos bancos voltaram a cair. Entre março e abril, a taxa média dos empréstimos para pessoas físicas caiu de 50,1% ao ano para 48,8%. Foi o quinto mês seguido de queda.
Entre as empresas, os juros ficaram praticamente inalteradas no período, segundo o BC. Um dos motivos possíveis para isso é o próprio aumento da inadimplência.
Pesquisa divulgada ontem pela Serasa aponta alta de 13,4% no atraso de pagamento de dívidas por pessoas jurídicas, estatística calculada com base no comportamento não só de empréstimos bancários mas também de cheques sem fundos e títulos protestados.


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