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Inadimplência é a mais alta desde 2000
Atraso superior a 90 dias em empréstimos bancários atinge 5,2% dos financiamentos, somando R$ 8 bi de janeiro a abril
Alta média é puxada por calotes de empresas, e não de pessoas físicas -para quem os juros caíram pelo quinto mês consecutivo
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O aumento da inadimplência
fez com que cerca de R$ 8 bilhões em empréstimos bancários deixassem de ser pagos entre janeiro e abril deste ano, valor quatro vezes maior do que o
apurado no mesmo período do
ano passado, informa o Banco
Central. O número inclui financiamentos tanto para pessoas físicas como para empresas e se refere a operações de
crédito com pagamentos atrasados por mais de 90 dias.
Essa parcela de débitos em
atraso corresponde a somente
0,7% do total de crédito disponível no país, que em abril chegou a R$ 1,25 trilhão, mas representa um forte aumento em
relação ao nível que se observava até alguns meses atrás.
Em dezembro, o saldo de empréstimos com pagamentos
atrasados era de R$ 38,7 bilhões. No mês passado, esse número havia chegado a R$ 47,1
bilhões. No mesmo período, o total de financiamentos oferecidos pelos bancos subiu apenas 1,7%.
Graças a esse movimento, a
taxa de inadimplência subiu
tanto nos financiamentos comerciais -como crédito pessoal, cheque especial e empréstimos de capital de giro para
empresas- como naqueles regulados pelo governo -como
crédito rural, habitacional e financiamentos do BNDES.
Em abril, segundo o BC, os
calotes representavam 5,2%
dos empréstimos comerciais,
onde a inadimplência costuma
ser mais alta. Trata-se do nível
mais alto desde outubro de
2000. Um mês antes, a proporção estava em 5%.
Questionado sobre o aumento da inadimplência após audiência no Senado, o presidente do BC, Henrique Meirelles,
disse que "houve aumento, mas
algumas instituições sinalizam
que isso está se revertendo".
Empresas
A alta da inadimplência ocorrida em abril se concentrou no
crédito para empresas. Entre as
pessoas físicas, a taxa passou de
8,4% para 8,2% no mesmo período, mas a queda é explicada
mais por causa de um efeito estatístico do que por um recuo
nos calotes.
Isso porque o BC calcula a
inadimplência como sendo
uma média do atraso de cada
modalidade de crédito existente no país, proporcionalmente
à quantidade de dinheiro movimentado por elas. Em abril, a
procura por financiamentos de
veículos (excluindo leasing) e
por cheque especial caiu. E, como eles apresentam as maiores
taxas de inadimplência, seu peso no nível geral de atraso também caiu, derrubando a média.
Para o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir
Lopes, o que se espera é que o
atraso nos pagamentos de empréstimos de pessoas físicas
caia mais rapidamente do que
entre as empresas. "Primeiro
vem a recuperação das famílias,
depois é que isso vai chegar nos
empresários. Quando o consumo reage é que tudo reage em
cadeia", afirma.
Mesmo com o aumento da
inadimplência, os juros cobrados pelos bancos voltaram a
cair. Entre março e abril, a taxa
média dos empréstimos para
pessoas físicas caiu de 50,1% ao
ano para 48,8%. Foi o quinto
mês seguido de queda.
Entre as empresas, os juros
ficaram praticamente inalteradas no período, segundo o BC.
Um dos motivos possíveis para
isso é o próprio aumento da
inadimplência.
Pesquisa divulgada ontem
pela Serasa aponta alta de
13,4% no atraso de pagamento
de dívidas por pessoas jurídicas, estatística calculada com
base no comportamento não só
de empréstimos bancários mas
também de cheques sem fundos e títulos protestados.
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