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PREÇOS
Margem de tolerância também aumentou; para 2004, meta é de 3,75%
Governo eleva a meta de inflação de 2003 para 4%
JULIANNA SOFIA
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo aumentou a meta de
inflação de 2003 de 3,25% para
4% e ampliou sua margem de tolerância. As medidas, anunciadas
ontem pelo ministro Pedro Malan
(Fazenda), incluíram ainda a fixação da meta de inflação de 2004
em 3,75%.
Adotado em 1999, o sistema de
metas de inflação previa variação
de até dois pontos percentuais. A
partir de 2003, esse intervalo sobe
para 2,5 pontos percentuais. Com
a mudança, que abre espaço para
a queda dos juros, a inflação de
2003 pode chegar a 6,5%.
A meta de 2004, apesar de menor do que a de 2003, é maior do
que a deste ano, fixada em 3,5%.
Definidas pela equipe do presidente Fernando Henrique Cardoso, as metas de inflação de 2003 e
de 2004 ainda poderão ser alteradas pelo próximo presidente.
A meta de inflação prevista para
o primeiro ano de mandato do
próximo presidente era um dos
pontos criticados pela oposição.
Ao abrir espaço para reduzir juros, o governo também atende a
reivindicações da equipe de campanha de José Serra (PSDB).
Não houve alteração na meta
deste ano que, segundo previsão
do Banco Central, deverá ficar
próxima de 5,5% pelo IPCA, o índice oficial do governo. Ou seja,
no limite da meta. De janeiro a
maio o IPCA subiu 2,51%.
Segundo Malan, as medidas foram tomadas para acomodar com
mais facilidade os reflexos da inflação de 2001 e de 2002 -decorrente principalmente de choques
sofridos pela economia no período- sobre 2003.
"Isso ocorre agora no Brasil [aumento da margem de tolerância",
mas já ocorreu em vários países
que adotaram o regime de metas
inflacionárias. O Brasil, como é
uma economia em desenvolvimento, está mais sujeito a choques, principalmente de oferta. A volatilidade na taxa de câmbio no Brasil tem sido maior do que em
outros países. Por conta disso, deveríamos reconsiderar o valor da
nossa banda", disse o ministro.
Juros
"Evidentemente que, com o aumento da meta para 2003, há espaço maior, sim, para o corte de juros", declarou o diretor de Política Econômica do BC, Ilan Goldfajn. A taxa básica da economia está em 18,5% ao ano.
Na reunião do Copom (Comitê
de Política Monetária) deste mês,
o BC manteve os juros inalterados, mas anunciou viés de baixa.
Isso permite o corte dos juros antes da próxima reunião do Comitê, marcada para 16 e 17 de julho.
As projeções do mercado e do
próprio BC apontam para inflação neste ano em torno de 5,5%,
exatamente o limite superior da
meta. No ano passado, a inflação
ficou em 7,67%, 1,67 ponto percentual acima do limite superior
da meta, que era de 6%.
Malan disse que 4% é o percentual para o qual convergem as
projeções do mercado de inflação
para 2003. Ele ressaltou, no entanto, que esse não é o nível de inflação desejado pelo governo. "Entendemos que o melhor é uma inflação abaixo disso. Para sinalizar que desejamos uma inflação declinante, definimos meta menor
para 2004, de 3,75%."
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