São Paulo, sexta-feira, 28 de junho de 2002

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PREÇOS

Margem de tolerância também aumentou; para 2004, meta é de 3,75%

Governo eleva a meta de inflação de 2003 para 4%

JULIANNA SOFIA
LEONARDO SOUZA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo aumentou a meta de inflação de 2003 de 3,25% para 4% e ampliou sua margem de tolerância. As medidas, anunciadas ontem pelo ministro Pedro Malan (Fazenda), incluíram ainda a fixação da meta de inflação de 2004 em 3,75%.
Adotado em 1999, o sistema de metas de inflação previa variação de até dois pontos percentuais. A partir de 2003, esse intervalo sobe para 2,5 pontos percentuais. Com a mudança, que abre espaço para a queda dos juros, a inflação de 2003 pode chegar a 6,5%.
A meta de 2004, apesar de menor do que a de 2003, é maior do que a deste ano, fixada em 3,5%. Definidas pela equipe do presidente Fernando Henrique Cardoso, as metas de inflação de 2003 e de 2004 ainda poderão ser alteradas pelo próximo presidente.
A meta de inflação prevista para o primeiro ano de mandato do próximo presidente era um dos pontos criticados pela oposição. Ao abrir espaço para reduzir juros, o governo também atende a reivindicações da equipe de campanha de José Serra (PSDB).
Não houve alteração na meta deste ano que, segundo previsão do Banco Central, deverá ficar próxima de 5,5% pelo IPCA, o índice oficial do governo. Ou seja, no limite da meta. De janeiro a maio o IPCA subiu 2,51%.
Segundo Malan, as medidas foram tomadas para acomodar com mais facilidade os reflexos da inflação de 2001 e de 2002 -decorrente principalmente de choques sofridos pela economia no período- sobre 2003.
"Isso ocorre agora no Brasil [aumento da margem de tolerância", mas já ocorreu em vários países que adotaram o regime de metas inflacionárias. O Brasil, como é uma economia em desenvolvimento, está mais sujeito a choques, principalmente de oferta. A volatilidade na taxa de câmbio no Brasil tem sido maior do que em outros países. Por conta disso, deveríamos reconsiderar o valor da nossa banda", disse o ministro.

Juros
"Evidentemente que, com o aumento da meta para 2003, há espaço maior, sim, para o corte de juros", declarou o diretor de Política Econômica do BC, Ilan Goldfajn. A taxa básica da economia está em 18,5% ao ano.
Na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) deste mês, o BC manteve os juros inalterados, mas anunciou viés de baixa. Isso permite o corte dos juros antes da próxima reunião do Comitê, marcada para 16 e 17 de julho.
As projeções do mercado e do próprio BC apontam para inflação neste ano em torno de 5,5%, exatamente o limite superior da meta. No ano passado, a inflação ficou em 7,67%, 1,67 ponto percentual acima do limite superior da meta, que era de 6%.
Malan disse que 4% é o percentual para o qual convergem as projeções do mercado de inflação para 2003. Ele ressaltou, no entanto, que esse não é o nível de inflação desejado pelo governo. "Entendemos que o melhor é uma inflação abaixo disso. Para sinalizar que desejamos uma inflação declinante, definimos meta menor para 2004, de 3,75%."



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