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Especialista não vê motivos para Embratel sofrer intervenção federal
DA SUCURSAL DO RIO
O advogado Walter Ceneviva, especialista em telecomunicações, diz que a crise da WorldCom não seria motivo para uma intervenção do governo na Embratel. Muito menos para a desapropriação da companhia.
Para o advogado, o único problema que a Embratel deve sofrer no curto prazo é o encarecimento da rolagem de sua dívida.
Para ele, a hipótese de intervenção da Anatel (Agência Nacional
de Telecomunicações) na companhia está fora de cogitação.
Ceneviva diz que a Lei Geral de
Telecomunicações prevê sete hipóteses para a intervenção. Uma
delas é o desequilíbrio financeiro
decorrente de má administração
que coloque em risco a continuidade dos serviços.
Segundo ele, uma empresa pode ter boa situação financeira,
apesar de seu acionista controlador estar em dificuldade.
Desde a privatização da Telebrás, só houve um caso de intervenção da Anatel em uma empresa concessionária de telefonia.
Aconteceu com a ex-CRT (Companhia Riograndense de Telecomunicações), em 2000.
A intervenção ocorreu porque a
Telefónica de España, que controlava a CRT, ficou obrigada a se
desfazer da empresa quando
comprou a Telesp. Como ela não
cumpriu a determinação no prazo, a Anatel assumiu a empresa
até a venda para a Brasil Telecom.
Ceneviva diz que é tradição do
governo brasileiro decidir caso a
caso as intervenções por motivo
financeiro.
Além disso, outros grupos de telecomunicação que atuam no
Brasil estão em situação financeira difícil no exterior, sem que suas
operações no mercado interno
sofram intervenção da Anatel. Estão nessa situação os grupos Nextel, Impsat e Global Crossing.
Embora a lei não permita mudança no controle acionário da
Embratel antes de julho do ano
que vem, Ceneviva diz que o governo poderia autorizar a venda
por meio de medida provisória ou
por deliberação da Anatel.
Várias empresas de telefonia celular foram vendidas, como ATL,
Telet, Americel e Tess, todas operadoras da banda B, adquiridas
pelo grupo Telecom Americas.
Ministro descarta venda
O Ministro das Comunicações,
Juarez Quadros do Nascimento,
disse ontem que a WorldCom não
pode vender o controle acionário
da Embratel antes de julho do ano
que vem. O objetivo da restrição,
segundo o ministro, é impedir a
volta do monopólio no setor.
Segundo ele, se a Embratel for
atingida, a União tem como proteger os ativos da companhia.
Quadros disse que não deve haver intervenção. "Do jeito que as
coisas se apresentam, essa hipótese nem passa pela nossa cabeça."
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