DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que as altas taxas de juros estão dificultando os investimentos do Estado e reafirmou que o país assistirá ao "espetáculo do crescimento" a partir do mês que vem.
Lula disse que seu governo já fez em seis meses muito mais que qualquer outro, afirmando que, em dezembro, antes da sua posse, a perspectiva de inflação era a de 40%. "Precisou muita coragem, porque o mais fácil seria blefar para a sociedade."
Segundo o presidente, as pessoas invertem a discussão sobre os juros. Ele reconheceu que a taxa básica de juros da economia (Selic) de 26% é alta, mas disse que esse não é o juro real.
"É lógico que a taxa de juros é alta. Agora, não é esse juro [Selic] que está matando o povo. Esse juro está dificultando o papel do Estado de investir", afirmou Lula, ao discursar no Encontro Nacional dos Vereadores e Deputados Estaduais do PT.
Lula disse ser engraçado que os críticos da taxa de juros não condenem os juros cobrados pelas financeiras e pelo comércio. Segundo ele, algumas financeiras emprestam dinheiro com juros de 333% ao ano, e o consumidor paga 116% de juros ao ano ao comprar um liquidificador.
Ele disse que as medidas do programa de microcrédito, lançadas na quarta-feira, e a criação de incentivos para as cooperativa de crédito na área agrícola, prevista para a próxima semana, visam criar alternativas aos juros altos.
"Queremos criar alternativas para que uma mulher que queira comprar uma televisão não tenha que ir a uma dessas empresas de crédito e pagar 200% ao ano. Ela vai à Caixa tomar os R$ 600 emprestados e pagar 2% de juros ao mês", afirmou o presidente. "Nós achamos que é preciso reduzir os juros, por isso estamos controlando a inflação."
Lula disse ter afirmado que o país assistiria em julho ao espetáculo do crescimento porque acredita "que as coisas que foram plantadas começarão a brotar agora". Segundo ele, essa convicção o fortalece "todo santo dia".
(WILSON SILVEIRA)


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