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RECEITA ORTODOXA
Encargos sobre dívida de União, Estados e municípios vão a R$ 65 bi, ou 8,5% do PIB, entre janeiro e maio
Gasto do setor público com juros sobe 25%
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os gastos do setor público com
o pagamento de juros cresceram
25% entre janeiro e maio, quando
comparados com as despesas efetuadas em igual período de 2004.
Nos primeiros cinco meses deste
ano, os encargos que incidiram
sobre a dívida de União, Estados,
municípios e estatais somaram
R$ 64,895 bilhões -ou 8,47% do
PIB (Produto Interno Bruto).
No mesmo período de 2004, as
despesas do setor público com juro chegaram a R$ 51,942 bilhões,
equivalentes a 7,66% do PIB, segundo dados do Banco Central.
O principal responsável pelo
aumento nessas despesas é o
comportamento dos juros básicos
da economia. Em setembro de
2004, o BC deu início a uma série
de nove meses seguidos de elevação na taxa Selic, que passou de
16% ao ano para os atuais 19,75%.
Isso teve forte impacto no equilíbrio fiscal, já que metade da dívida pública é corrigida pela Selic.
Entre janeiro e maio, a taxa Selic
acumulou uma variação de
7,25%. No mesmo período do ano
passado, a oscilação foi de 6,29%.
A diferença parece pequena,
mas incide sobre mais de R$ 500
bilhões em títulos públicos que,
segundo dados de maio, eram
corrigidos pela Selic. Os juros pagos pelo governo vão parar nas
mãos de quem investe nesses títulos -bancos e aplicadores de
fundos de investimento, em sua
grande maioria.
O pagamento desses juros, por
sua vez, pode ser efetuado de duas
maneiras: ou o governo contrai
novos empréstimos para financiar essas despesas ou economiza
um volume de dinheiro suficiente
para quitar esses compromissos.
Economia
Entre janeiro e maio, o setor público economizou R$ 50,326 bilhões para pagar juros. Esse é o
superávit primário, nome dado à
diferença entre as receitas e as
despesas do governo -excluídos
os encargos da dívida.
Os R$ 14,568 bilhões que não foram pagos com o superávit primário foram financiados via novos empréstimos -é o que se
chama de déficit nominal. Recentemente, o governo passou a estudar a possibilidade de adotar medidas para, em alguns anos, zerar
esse déficit. O objetivo seria conter o crescimento da dívida.
Mas ainda não está claro como
isso pode ser feito, se com redução de juros ou aumento do aperto fiscal. Para este ano, o objetivo
do governo é fazer com que o superávit primário do setor público
chegue a R$ 83,850 bilhões -cerca de 4,25% do PIB.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, diz
que não deve haver problemas
para o cumprimento da meta
-para que o valor seja alcançado,
o setor público terá que alcançar,
em média, um superávit primário
mensal de R$ 4,8 bilhões por mês
até dezembro.
No mês passado, o superávit foi
de R$ 6,314 bilhões. O resultado
superou em 8% o saldo atingido
em maio de 2004, embora esteja
abaixo do recorde de R$ 16,335 bilhões registrado em abril último.
Lopes afirma que a queda em
relação a abril ocorreu por causa
do aumento de repasses a Estados
e municípios -a Constituição
prevê que parte do IR arrecadado
pela Receita Federal seja transferida para os governos regionais.
Em maio, os governos estaduais
e as prefeituras acumularam superávit de R$ 2,441 bilhões, quase
40% do total obtido pelo setor público como um todo. Os números,
segundo Lopes, mostram que
"uma gestão fiscal responsável
tem ajudado no equilíbrio fiscal
de todas as esferas de governo".
Também contribui para o superávit acumulado o fato de o governo gastar, até 17 de junho, apenas
2,13% dos investimentos previstos para o ano: R$ 462 milhões de
R$ 21,68 bilhões. Essas despesas
são maiores no segundo semestre.
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