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Dívida externa das empresas cai 48%, diz Levy
DA SUCURSAL DO RIO
Com lucros em alta e expansão do crédito no Brasil, as empresas do país estão recorrendo
menos aos financiamentos no
exterior e aproveitando a sobra
de caixa para pagar dívidas
contraídas em moeda forte.
Segundo o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy,
o endividamento externo das
companhias brasileiras caiu de
US$ 115 bilhões para US$ 60 bilhões nos últimos cinco anos. É
uma redução de 48%.
Levy considera que a queda é
uma tendência mundial, em
razão dos crescentes lucros das
companhias num período de
prosperidade econômica em
quase todo o planeta.
"É um fenômeno mundial,
que no Brasil, em particular,
acelerou-se", disse Levy, que
participou ontem, no Rio, do
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos
Brasil-Suíça.
Para ele, tal fenômeno é responsável pelo recuo das taxas
de juros no mundo, pois a demanda por crédito está declinante.
Para o secretário do Tesouro,
as "empresas estão diminuindo a alavancagem" e, em parte,
trocando crédito do exterior
por empréstimos no país.
Há, de acordo com Levy, um
outro movimento: o de alongamento das dívidas, com empréstimos curtos sendo substituídos por financiamentos de
prazo mais longo.
O crescimento do crédito no
Brasil e as melhores "condições
financeiras" que o país apresenta atualmente, diz, também
motivam empresários a preferir se endividar no mercado
doméstico a renovar suas linhas de crédito no externo.
"Não é difícil hoje tomar dinheiro. O mercado [externo]
está aberto", avalia Levy. Ainda
assim, a expansão do crédito
no Brasil tem assegurado uma
maior procura por financiamentos locais, em reais.
Levy acredita que, no futuro,
as empresas até poderão voltar
a se endividar mais no exterior
ou no mercado doméstico, já
que terão maior disponibilidade de recursos em caixa porque
estarão gastando menos com
os juros da dívida atual.
O secretário afirmou, porém,
que esse possível aumento da
dívida, no futuro, não deve dar
problemas para a rolagem de
vencimentos dos débitos.
Levy disse ainda que, do modo que o endividamento público tem caminhado nos últimos
três anos, o país chegará ao nível considerado ideal da relação dívida/PIB, de 40%.
(PEDRO SOARES)
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