São Paulo, terça-feira, 28 de junho de 2005

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PREÇOS

Queda foi de 0,15% em 30 dias até 22 deste mês, a primeira desde agosto/03

Oferta de agrícolas faz SP voltar a registrar deflação

DA REDAÇÃO

DA FOLHA ONLINE

A deflação chegou mais cedo para os paulistanos e atingiu uma taxa não esperada pelo mercado. A queda nos preços na cidade de São Paulo "se deve ao aumento da volatilidade (altas e baixas) dos produtos agrícolas", segundo Paulo Picchetti, coordenador da pesquisa de preços da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, da USP).
Picchetti divulgou ontem que o Índice de Preços ao Consumidor da Fipe mostrou recuo acumulado de 0,15% nos últimos 30 dias terminados em 22 deste mês. A queda surpreendeu até os mais otimistas, que previam deflação de 0,05% para o período, diz ele. Essa foi a primeira deflação registrada em São Paulo desde agosto de 2003.
"O índice deve fechar o mês negativo, próximo ao número divulgado ontem", afirmou. "É difícil precisar um número, pois os preços estão muito voláteis."
Segundo Picchetti, o aumento na oferta de produtos agrícolas teve impacto em alimentação e nos transportes, que baixaram, respectivamente, 1,14% e 0,33%.
A lista das principais quedas de preços em São Paulo nos últimos 30 dias mostra a forte participação dos agrícolas. Das 20 maiores quedas no período, 19 são de produtos relacionados ao setor agrícola. Juntos, esses itens geraram deflação de 0,46%.
Os preços do arroz e da batata, por exemplo, caíram, respectivamente, 6,15% e 14% no período. A uva ficou 19% mais barata.
Sem a queda desses 19 produtos agrícolas, a inflação do período teria sido de 0,31%, taxa próxima ao que vem mostrando o núcleo inflacionário.
A boa safra de cana-de-açúcar contribuiu também para a queda de 13,22% no preço do álcool combustível e recuo de 1,77% no da gasolina. Os preços do álcool e da gasolina estão relacionados porque, no Brasil, a gasolina comum tem 25% de álcool anidro.

Oferta, e não juros
O coordenador do IPC-Fipe, destacou, porém, que a deflação não está relacionada à política de juros altos do Banco Central, mas à volatilidade dos preços dos produtos agrícolas, que subiram muito no primeiro semestre por conta dos problemas climáticos, e agora estão devolvendo a alta.
Esse "choque de oferta", que o economista atribui à maior oferta de produtos nas últimas semanas, está derrubando também os índices de inflação do IBGE e da FGV.
A taxa básica de juros (Selic) está em 19,75% ao ano. Entre setembro do ano passado e maio deste ano, o BC promoveu nove altas na taxa Selic. Esse movimento teve como objetivo tentar controlar a inflação.
Na próxima quinta-feira, o Banco Central divulga a taxa trimestral de inflação. Na avaliação de Picchetti, apesar da redução atual da taxa, o Banco Central deverá elevar a meta de inflação de 5,1% prevista para este ano.
(MAURO ZAFALON E IVONE PORTES)

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