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PREÇOS
Queda foi de 0,15% em 30 dias até 22 deste mês, a primeira desde agosto/03
Oferta de agrícolas faz SP voltar a registrar deflação
DA REDAÇÃO
DA FOLHA ONLINE
A deflação chegou mais cedo
para os paulistanos e atingiu uma
taxa não esperada pelo mercado.
A queda nos preços na cidade de
São Paulo "se deve ao aumento da
volatilidade (altas e baixas) dos
produtos agrícolas", segundo
Paulo Picchetti, coordenador da
pesquisa de preços da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, da USP).
Picchetti divulgou ontem que o
Índice de Preços ao Consumidor
da Fipe mostrou recuo acumulado de 0,15% nos últimos 30 dias
terminados em 22 deste mês. A
queda surpreendeu até os mais
otimistas, que previam deflação
de 0,05% para o período, diz ele.
Essa foi a primeira deflação registrada em São Paulo desde agosto
de 2003.
"O índice deve fechar o mês negativo, próximo ao número divulgado ontem", afirmou. "É difícil
precisar um número, pois os preços estão muito voláteis."
Segundo Picchetti, o aumento
na oferta de produtos agrícolas teve impacto em alimentação e nos
transportes, que baixaram, respectivamente, 1,14% e 0,33%.
A lista das principais quedas de
preços em São Paulo nos últimos
30 dias mostra a forte participação dos agrícolas. Das 20 maiores
quedas no período, 19 são de produtos relacionados ao setor agrícola. Juntos, esses itens geraram
deflação de 0,46%.
Os preços do arroz e da batata,
por exemplo, caíram, respectivamente, 6,15% e 14% no período. A
uva ficou 19% mais barata.
Sem a queda desses 19 produtos
agrícolas, a inflação do período
teria sido de 0,31%, taxa próxima
ao que vem mostrando o núcleo
inflacionário.
A boa safra de cana-de-açúcar
contribuiu também para a queda
de 13,22% no preço do álcool
combustível e recuo de 1,77% no
da gasolina. Os preços do álcool e
da gasolina estão relacionados
porque, no Brasil, a gasolina comum tem 25% de álcool anidro.
Oferta, e não juros
O coordenador do IPC-Fipe,
destacou, porém, que a deflação
não está relacionada à política de
juros altos do Banco Central, mas
à volatilidade dos preços dos produtos agrícolas, que subiram
muito no primeiro semestre por
conta dos problemas climáticos, e
agora estão devolvendo a alta.
Esse "choque de oferta", que o
economista atribui à maior oferta
de produtos nas últimas semanas,
está derrubando também os índices de inflação do IBGE e da FGV.
A taxa básica de juros (Selic) está em 19,75% ao ano. Entre setembro do ano passado e maio deste
ano, o BC promoveu nove altas na
taxa Selic. Esse movimento teve
como objetivo tentar controlar a
inflação.
Na próxima quinta-feira, o Banco Central divulga a taxa trimestral de inflação. Na avaliação de
Picchetti, apesar da redução atual
da taxa, o Banco Central deverá
elevar a meta de inflação de 5,1%
prevista para este ano.
(MAURO ZAFALON E IVONE PORTES)
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