São Paulo, terça-feira, 28 de junho de 2005

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BARRIL DE PÓLVORA

Demanda forte e preocupação com política do novo presidente do Irã para o setor causaram nova alta

Petróleo fecha acima de US$ 60 pela 1ª vez

DA REDAÇÃO

O barril de petróleo fechou ontem acima de US$ 60 pela primeira vez na Bolsa de Nova York, após atingir pico de quase US$ 61 durante o dia. Além da preocupação com o aumento da demanda, a eleição de Mahmoud Ahmadinejad para a Presidência do Irã ajudou a aumentar os preços.
O petróleo atingiu US$ 60,95 durante o dia ontem e fechou em alta de 1,2%, a US$ 60,54 em Nova York. O barril do tipo Brent, negociado na Bolsa de Londres, fechou ontem cotado a US$ 59,30, alta de 1,6%.
Os altos preços do petróleo têm ameaçado desacelerar a economia mundial, mas o crescimento ainda continua forte. A força da economia mundial tem levado os investidores em petróleo a testar a demanda com preços cada vez mais altos, que vêm sendo absorvidos, segundo analistas.
Somente uma desaceleração mais forte na economia dos países, acompanhada de uma queda na demanda por petróleo, faria os preços baixarem, de acordo com essa análise.
"O mercado está testando para ver que níveis de preços essa demanda pode agüentar", disse Naohiro Niimura, vice-presidente de produtos derivativos do Mizuho Corporate Bank.
"A única cura para os preços altos são, na verdade, preços altos", segundo Nauman Barakat, da Refco. "Se você olhar para a demanda globalmente, os preços altos tiveram pouco impacto negativo", completa.
A eleição de Mahmoud Ahmadinejad, candidato ultraconservador à Presidência do Irã, aumentou as preocupações com a capacidade do país de aumentar sua produção de petróleo.
O Irã, segundo maior produtor da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), precisa de investimentos e tecnologia estrangeira para poder aumentar a sua produção, segundo analistas, mas Ahmadinejad afirma que favorecerá investimentos domésticos no setor.
Outro fator citado nas últimas semanas como responsável pela alta do petróleo é a preocupação com a capacidade de refino. Investidores dizem que as refinarias operam com pouca capacidade excedente e que podem ter problemas para atender a demanda forte por destilados (gasolina, diesel e óleo para aquecimento) no quarto trimestre.
A Opep diz que está atendendo a demanda por petróleo bruto e que o problema é o gargalo nas refinarias. A organização aumentou seu teto de produção em 500 mil barris diários no começo do mês e pode aprovar outro aumento na próxima semana.
As decisões da Opep, no entanto, têm tido pouco ou nenhum efeito no mercado, já que analistas dizem que os aumentos são simbólicos e que os países do grupo já produzem perto de sua capacidade total.

Snow
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, John Snow, disse ontem que a economia norte-americana continuaria crescendo a uma taxa saudável e que se adaptaria ao petróleo caro.
"Nós vamos ver, a US$ 60 o barril, muita adaptação no mercado", afirmou Snow, que avaliou ainda que os altos preços do combustível deverão encorajar a descoberta de novas reservas de petróleo e também a busca de combustíveis alternativos.


Com agências internacionais

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