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CRISE NO AR
Veículos foram retirados por funcionários; falta de registro impede fiscalização e só multas revelam existência do patrimônio
Cerca de 700 carros sumiram da Vasp, afirma interventor
DA REPORTAGEM LOCAL
Cerca de 700 carros da Vasp
-500 no Estado de São Paulo e
200 em outros Estados do país-
têm paradeiro desconhecido, segundo estimativa da comissão de
intervenção da empresa.
São veículos retirados das dependências da companhia aérea
por funcionários. A maioria deles
está nas mãos de pessoas que ocupavam cargos de confiança, como
diretores e superintendentes, que
tinham o benefício de utilizar carros da Vasp e simplesmente não
devolveram o veículo quando teve início a intervenção.
De acordo com a comissão, há
também veículos retirados da empresa por empregados que, sem
receber os salários atrasados, se
apropriaram de carros como pagamento. "Já que não iam receber
nada, alguns empregados se acharam no direito de levar um bem,
passando por cima dos demais.
Mas as coisas não podem ser assim", afirma Reginaldo Alves de
Souza, o Mandu, sindicalista que
é o atual interventor interino da
Vasp.
A conduta pode configurar crime de furto ou apropriação indébita, dependendo do caso.
Os carros precisam ser primeiro
devolvidos à empresa para que a
comissão de intervenção possa
listá-los entre os bens que irão à
venda judicial, para aí, sim, pagar
créditos com funcionários. "Sabemos que as pessoas estão circulando irregularmente com esses
carros porque várias multas chegam para nós", revelou.
A principal dificuldade dos
membros da comissão de intervenção -que dizem ter sofrido
até ameaças de morte para interromper seu trabalho investigativo- é o fato de que não há registro confiável de todos os bens da
Vasp. Isso faz com que a comissão
às vezes só saiba da existência de
um carro quando uma multa chega à sede da companhia.
Quando foi decretada a intervenção na empresa pela Justiça,
em março deste ano, sumiram
quase todos os computadores e,
com eles, informações preciosas
como listas de bens, contas a pagar e créditos a receber.
A comissão não sabe, por exemplo, quais são os imóveis da Vasp
que estão alugados -não pode,
portanto, cobrar aluguéis vencidos. "Muita gente pode estar se
aproveitando dessa situação",
afirma Souza. De vez em quando,
aparece um crédito inesperado,
como ocorreu recentemente com
um pagamento feito pela aérea
portuguesa TAP. A comissão não
sabe por que o dinheiro entrou.
Após a descoberta de uma turbina e outros equipamentos da
Vasp em um galpão, alguns bens
foram devolvidos voluntariamente. Dois caminhões dados em pagamento a um empresário do ramo de turismo foram entregues à
comissão. Um veículo Gol, com
logotipo da Vasp, foi abandonado
em frente à sede da aérea, com a
chave na ignição.
(BRUNO LIMA)
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