São Paulo, terça-feira, 28 de junho de 2005

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CRISE NO AR

Veículos foram retirados por funcionários; falta de registro impede fiscalização e só multas revelam existência do patrimônio

Cerca de 700 carros sumiram da Vasp, afirma interventor

DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 700 carros da Vasp -500 no Estado de São Paulo e 200 em outros Estados do país- têm paradeiro desconhecido, segundo estimativa da comissão de intervenção da empresa.
São veículos retirados das dependências da companhia aérea por funcionários. A maioria deles está nas mãos de pessoas que ocupavam cargos de confiança, como diretores e superintendentes, que tinham o benefício de utilizar carros da Vasp e simplesmente não devolveram o veículo quando teve início a intervenção.
De acordo com a comissão, há também veículos retirados da empresa por empregados que, sem receber os salários atrasados, se apropriaram de carros como pagamento. "Já que não iam receber nada, alguns empregados se acharam no direito de levar um bem, passando por cima dos demais. Mas as coisas não podem ser assim", afirma Reginaldo Alves de Souza, o Mandu, sindicalista que é o atual interventor interino da Vasp.
A conduta pode configurar crime de furto ou apropriação indébita, dependendo do caso.
Os carros precisam ser primeiro devolvidos à empresa para que a comissão de intervenção possa listá-los entre os bens que irão à venda judicial, para aí, sim, pagar créditos com funcionários. "Sabemos que as pessoas estão circulando irregularmente com esses carros porque várias multas chegam para nós", revelou.
A principal dificuldade dos membros da comissão de intervenção -que dizem ter sofrido até ameaças de morte para interromper seu trabalho investigativo- é o fato de que não há registro confiável de todos os bens da Vasp. Isso faz com que a comissão às vezes só saiba da existência de um carro quando uma multa chega à sede da companhia.
Quando foi decretada a intervenção na empresa pela Justiça, em março deste ano, sumiram quase todos os computadores e, com eles, informações preciosas como listas de bens, contas a pagar e créditos a receber.
A comissão não sabe, por exemplo, quais são os imóveis da Vasp que estão alugados -não pode, portanto, cobrar aluguéis vencidos. "Muita gente pode estar se aproveitando dessa situação", afirma Souza. De vez em quando, aparece um crédito inesperado, como ocorreu recentemente com um pagamento feito pela aérea portuguesa TAP. A comissão não sabe por que o dinheiro entrou.
Após a descoberta de uma turbina e outros equipamentos da Vasp em um galpão, alguns bens foram devolvidos voluntariamente. Dois caminhões dados em pagamento a um empresário do ramo de turismo foram entregues à comissão. Um veículo Gol, com logotipo da Vasp, foi abandonado em frente à sede da aérea, com a chave na ignição. (BRUNO LIMA)


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