São Paulo, terça-feira, 28 de junho de 2005

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PRODUÇÃO SAUDÁVEL

Bom preço e consumidor cativo contribuem para expansão

Canola ganha espaço no Sul do país

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Mercado cativo e em expansão e bons preços mínimos estão fazendo o plantio da canola no Rio Grande do Sul passar de 9.600 hectares em 2002 para 13,5 mil hectares em 2004 e uma estimativa de 20 mil hectares em 2005.
Conhecido como óleo saudável (por fazer bem para as coronárias) e propício à produção de biodiesel, a canola é considerada um produto com forte potencial de crescimento.
Os gaúchos, seguidos de paranaenses e goianos, são os principais produtores do grão, que tem entre 24% e 27% de proteína e entre 34% e 40% de óleo. No Paraguai, que exporta quase a totalidade da produção para o Brasil (cerca de 42 mil toneladas), a cultura cresce de forma ainda mais acelerada, já chegando a 60 mil hectares nesta safra -foi de 30 mil hectares no ano passado.
Para esses produtores, inclusive os do Paraguai (que em sua maioria são brasileiros), quem presta consultoria é a Embrapa Trigo, de Passo Fundo (RS).
""As vantagens são grandes. Da canola é obtido biodiesel, óleo vegetal e ração animal. No caso do óleo vegetal, o consumidor que já descobriu os benefícios para a saúde é fiel", diz Gilberto Omar Tomm, responsável pelas pesquisas da Embrapa de Passo Fundo.
"O Protocolo de Kyoto prevê que, até o ano 2008, cada litro de diesel contenha 2% de biodiesel. Na Europa, a canola já é usada como biodiesel em alta escala."
Os benefícios para a saúde do óleo de canola vêm do baixo teor de gorduras saturadas, o que ajuda a evitar doenças cardíacas.
Em relação à soja -o custo da produção da canola é 30% superior-, além das vantagens de atingir um consumidor cativo, há o fator da complementaridade. De acordo com Tomm, pode-se produzir soja no verão e canola no inverno -a semeadura ocorre entre abril e maio, e a colheita, em outubro.
Como garantia ao produtor de canola, o preço mínimo estabelecido pela indústria é de R$ 33 a saca (60 quilos). No ano passado, a saca era vendida a R$ 39,50. Neste ano, o valor dos mesmos 60 quilos está em cerca de R$ 35. A produtividade média é de 18 a 25 sacas por hectare.
Com uma possível popularização do produto, esse preço deve se reduzir nos próximos anos, pela maior procura. Por enquanto, porém, os produtores consideram compensador. A Embrapa não tem o número atual de consumidores no Brasil.
Tomm afirma que a popularização do produto no país ocorrerá, também, porque o cerrado (centro do país) aceita bem o produto.
Um fator circunstancial que favorece o otimismo dos produtores é a estiagem que atingiu o Rio Grande do Sul no início do ano e sacrificou mais de 70% da produção de soja. A canola pode ser beneficiada por essa situação.


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