São Paulo, quinta-feira, 28 de junho de 2007

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Odebrecht investirá R$ 5 bilhões em cana

Objetivo é, em oito anos, acompanhar as principais empresas do setor em volume moído; nova companhia buscará parcerias

Para otimizar custos, nova empresa deverá agrupar três ou quatro usinas com capacidade para moer 3 mi de toneladas cada uma

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A Odebrecht entra no setor de álcool para ser uma das líderes do mercado. A meta é estar acompanhando as principais empresas do setor em volume de moagem em oito anos, como antecipou a Folha ontem.
Atualmente a Cosan, a líder nacional, mói 40 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. A Odebrecht quer evolução rápida nesse setor, e, se em oito anos as líderes estiverem com moagem de 60 milhões a 70 milhões de toneladas, a nova empresa espera estar próxima desse volume.
Os investimentos previstos, apenas na produção, são de R$ 5 bilhões. As metas anuais de aplicação desses investimentos ainda estão sendo estudadas.
A entrada da Odebrecht no setor será pela criação de uma nova empresa, que ainda não tem nome, missão designada a Nisan Guanaes.
A empresa será 100% Odebrecht, mas com a participação do grupo de investidores da CZRE (Clayton Hygino Miranda, Zenilton Rodrigues de Mello, Roger Haybittle e Eduardo Pereira Carvalho).
A CZRE, empresa especializada em arrecadar investimentos de fundos para o setor, deixa de existir. Os atuais participantes da CZRE entram na nova empresa a ser criada com o conhecimento de muitos anos de atuação no setor e uma usina que o grupo está adquirindo em São Paulo. Em 15 dias, a compra deverá estar fechada.
"A decisão é ser grande de verdade", diz Carvalho, ao avaliar a empresa a ser criada.

Investimentos
Além dos R$ 5 bilhões previstos para a produção, a nova empresa prepara um programa de investimentos também em logística, co-geração de energia e aplicação do que há de mais avançado em tecnologia.
Em oito a dez anos, o setor sucroalcooleiro deve representar de 15% a 20% das receitas do grupo Odebrecht. Em 2006, as receitas brutas somaram de R$ 24 bilhões.
Ruy Sampaio, diretor de investimentos da Odebrecht, diz que, desde 2000, a empresa resolveu entrar com fôlego em outro setor, além dos de engenharia e construção e de química e petroquímica, dos quais já participa.
Após avaliar vários segmentos, o escolhido foi o sucroalcooleiro. Resolvido o setor, a Odebrecht foi buscar parceria, encontrando objetivos semelhantes na CZRE, diz Sampaio.

Parcerias
A Odebrecht entra no mercado com espírito de parcerias e vai compor com outros grupos de visão aberta, segundo Miranda, que será o presidente da empresa a ser criada.
O objetivo é a formação de núcleos de produção, os chamados "clusters", de 10 milhões a 12 milhões de toneladas de cana moída. A nova empresa deverá agrupar três ou quatro usinas com capacidade de moagem de 3 milhões de toneladas cada uma. "Um grupo de usinas otimiza os custos de produção", diz Miranda.
Para Carvalho, esses novos projetos exigem terra e, portanto, deverão ser desenvolvidos praticamente em novas fronteiras, como Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais. Um projeto de moagem de 10 milhões de toneladas de cana exige cerca de 150 mil hectares entre a área em produção e em renovação de cultura.
A opção por essas áreas de fronteiras exige investimentos em logística, mas a empresa pode ser beneficiada pelos preços menores da terra. "Competir com 200 usinas não nos interessa", diz Carvalho, que não vê bons investimentos em locais de grande concentração de unidades produtoras. Ele não descarta, no entanto, a compra de usinas já prontas, desde que sejam "boas oportunidades".
A empresa a ser criada terá três focos: produção, logística e comércio. O Brasil é o foco principal da comercialização, mas não está descartada a venda para o mercado externo.


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