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Odebrecht investirá R$ 5 bilhões em cana
Objetivo é, em oito anos, acompanhar as principais empresas do setor em volume moído; nova companhia buscará parcerias
Para otimizar custos, nova empresa deverá agrupar três ou quatro usinas com capacidade para moer 3 mi de toneladas cada uma
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
A Odebrecht entra no setor
de álcool para ser uma das líderes do mercado. A meta é estar
acompanhando as principais
empresas do setor em volume
de moagem em oito anos, como
antecipou a Folha ontem.
Atualmente a Cosan, a líder
nacional, mói 40 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. A
Odebrecht quer evolução rápida nesse setor, e, se em oito
anos as líderes estiverem com
moagem de 60 milhões a 70
milhões de toneladas, a nova
empresa espera estar próxima
desse volume.
Os investimentos previstos,
apenas na produção, são de R$
5 bilhões. As metas anuais de
aplicação desses investimentos
ainda estão sendo estudadas.
A entrada da Odebrecht no
setor será pela criação de uma
nova empresa, que ainda não
tem nome, missão designada a
Nisan Guanaes.
A empresa será 100% Odebrecht, mas com a participação
do grupo de investidores da
CZRE (Clayton Hygino Miranda, Zenilton Rodrigues de Mello, Roger Haybittle e Eduardo
Pereira Carvalho).
A CZRE, empresa especializada em arrecadar investimentos de fundos para o setor, deixa de existir. Os atuais participantes da CZRE entram na nova empresa a ser criada com o
conhecimento de muitos anos
de atuação no setor e uma usina que o grupo está adquirindo
em São Paulo. Em 15 dias, a
compra deverá estar fechada.
"A decisão é ser grande de
verdade", diz Carvalho, ao avaliar a empresa a ser criada.
Investimentos
Além dos R$ 5 bilhões previstos para a produção, a nova empresa prepara um programa de
investimentos também em logística, co-geração de energia e
aplicação do que há de mais
avançado em tecnologia.
Em oito a dez anos, o setor
sucroalcooleiro deve representar de 15% a 20% das receitas
do grupo Odebrecht. Em 2006,
as receitas brutas somaram de
R$ 24 bilhões.
Ruy Sampaio, diretor de investimentos da Odebrecht, diz
que, desde 2000, a empresa resolveu entrar com fôlego em
outro setor, além dos de engenharia e construção e de química e petroquímica, dos quais já
participa.
Após avaliar vários segmentos, o escolhido foi o sucroalcooleiro. Resolvido o setor, a
Odebrecht foi buscar parceria,
encontrando objetivos semelhantes na CZRE, diz Sampaio.
Parcerias
A Odebrecht entra no mercado com espírito de parcerias e
vai compor com outros grupos
de visão aberta, segundo Miranda, que será o presidente da
empresa a ser criada.
O objetivo é a formação de
núcleos de produção, os chamados "clusters", de 10 milhões a 12 milhões de toneladas
de cana moída. A nova empresa
deverá agrupar três ou quatro
usinas com capacidade de moagem de 3 milhões de toneladas
cada uma. "Um grupo de usinas
otimiza os custos de produção",
diz Miranda.
Para Carvalho, esses novos
projetos exigem terra e, portanto, deverão ser desenvolvidos praticamente em novas
fronteiras, como Paraná, Mato
Grosso do Sul, Goiás e Minas
Gerais. Um projeto de moagem
de 10 milhões de toneladas de
cana exige cerca de 150 mil hectares entre a área em produção
e em renovação de cultura.
A opção por essas áreas de
fronteiras exige investimentos
em logística, mas a empresa pode ser beneficiada pelos preços
menores da terra. "Competir
com 200 usinas não nos interessa", diz Carvalho, que não vê
bons investimentos em locais
de grande concentração de unidades produtoras. Ele não descarta, no entanto, a compra de
usinas já prontas, desde que sejam "boas oportunidades".
A empresa a ser criada terá
três focos: produção, logística e
comércio. O Brasil é o foco
principal da comercialização,
mas não está descartada a venda para o mercado externo.
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