São Paulo, sábado, 28 de junho de 2008

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É preciso impedir "captura" das agências, afirma Dilma

Ministra da Casa Civil defende papel de agências reguladoras em prol da concorrência

Dilma diz que apenas com agências reguladoras fortes será possível garantir a competição em licitações, leilões ou concorrências

ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO

A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou ontem, no Rio, que é preciso impedir a "captura" das agências reguladoras por interesses privados. Sem fazer referência a casos concretos, Dilma defendeu que as agências sejam reforçadas.
"Ao contrário do que pensam, é preciso reforçar as agências, sim. Porque as agências é que podem garantir que isso ocorra [a competição]. E aí é necessário que as agências não sejam capturadas por ninguém que participe [de concorrências, leilões ou licitações]. Quando acusam a agência de ser capturada pelo governo, você tem de ver se o governo tem interesse específico. Ele [o governo] pode estar agindo em razão de interesses privados outros. É isso o que acontece."
As declarações ocorreram em um debate com representantes da indústria da construção civil e no seguinte contexto: a ministra defendia o papel das diferentes instâncias de governo na formação de preços do setor privado para concorrências em obras públicas, com o objetivo de estimular ao máximo a competição empresarial, garantindo tarifas menores.
Na apresentação, Dilma deu como exemplo o leilão da usina hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira (RO). O governo fixou um preço teto de R$ 122 por megawatt-hora para a tarifa de energia e o consórcio vencedor ofereceu R$ 78,87.
As declarações ocorreram também em meio às acusações de Denise Abreu, ex-diretora da Anac, que diz ter sofrido pressão de Dilma para facilitar a venda da VarigLog ao fundo americano Matlin Patterson e aos três sócios brasileiros.
Abreu disse também que o escritório do advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Lula, usou a proximidade com o presidente para pressionar a Anac a aprovar a operação de compra da VarigLog.
Questionada pelos jornalistas que cobriam o evento sobre as declarações acerca do papel das agências reguladoras, Dilma disse que sua intenção é reforçar o papel das agências no estímulo à concorrência.
"Não falei sobre agência, falei sobre concorrência. A concorrência se caracteriza pelo seguinte fato: é fundamental que a agência assegure isonomia entre todos os agentes. Caso não haja isonomia, há distorção de preço. A literatura sobre agência reguladora, em todos os países, diz com clareza: a agência não pode ser capturada por interesses privados".

Inflação
No evento, promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção, Dilma falou também sobre inflação. Disse que o Brasil está mais confortável do que outros países, que vivem uma escalada ainda maior de preços, mas que essa é a "grande angústia" que tem cercado o ciclo de crescimento.
A ministra da Casa Civil defendeu ainda mudanças no modelo de arrecadação do governo federal para as rendas obtidas com a exploração e produção de petróleo -depois da descoberta das reservas existentes na chamada área do pré-sal, que vai do litoral do Espírito Santo ao de Santa Catarina:
"Não queremos tirar royalties de ninguém, mas discutir o que faremos com os recursos do pré-sal. Se nos transformarmos em país exportador, nossas ambições terão de ser maiores. Podemos discutir como fazer [com os recursos do petróleo] uma política nacional de educação, como a da Noruega."


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