São Paulo, sexta-feira, 28 de julho de 2000


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PREÇOS
Taxa de 0,97% é a maior desde o início de dezembro e supera a do primeiro semestre; altas podem ter efeito passageiro
Inflação aumenta em SP, mas não assusta

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
Geovaci de Oliveira, que trabalha no setor de verduras do Ceagesp


MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

Os efeitos da geada começam a aparecer fortes na taxa de inflação dos paulistanos, conforme dados divulgados ontem pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Na terceira quadrissemana deste mês, ou seja, nos últimos 30 dias terminados em 23 de julho, os alimentos subiram 1,71%, elevando a inflação na cidade de São Paulo para 0,97%. Na quadrissemana anterior, a taxa tinha sido de 0,51%.
A inflação dessa quadrissemana é a maior desde o início de dezembro e supera a taxa de todo o primeiro semestre, que ficou em 0,87%.
Devido à pressão dos alimentos, Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor, já prevê taxa de 1,3% para a inflação do mês. Se confirmada, essa taxa mensal deverá ser a maior deste ano. Até a semana passada, a previsão da Fipe era de taxa de 1% para este mês.
A taxa de inflação vive os momentos de maior pressão deste ano, segundo Heron, e os alimentos estão determinando o ritmo de evolução.
Mas é preciso cuidado na análise do comportamento dos preços desse setor, diz ele. Alguns produtos terão um efeito permanente de pressão, como é o caso do leite. Outros, como os "in natura", terão efeito passageiro.
Por isso, o economista da Fipe diz que os efeitos da geada sobre os preços dos alimentos ainda são incertos. Não se sabe ainda se os atuais preços dos alimentos chegaram a esse patamar por especulação dos produtores e atacadistas ou por falta de produto, segundo Heron.

Ainda é cedo
Devido a esse cenário, o economista diz que ainda é cedo para previsões da inflação. Ele acredita que a taxa de agosto fique abaixo da de julho, e que a inflação acumulada do ano não passe de 5%.
Entre os itens que terão pressão permanente no índice nos próximos meses, Heron inclui o leite, produto que está com oferta menor devido à entressafra.
Mesmo após a entressafra, os preços vão continuar pressionados porque a desvalorização do real provocou elevação dos custos de importação. O leite longa vida, por exemplo, já subiu 46% neste ano.
Já os produtos "in natura", que saíram de uma queda de 4,18% em junho para uma elevação de 0,49% nesta quadrissemana, devem continuar subindo. Esses produtos participaram com 0,1 ponto percentual da taxa de 0,97% da quadrissemana. Os hortifrútis, no entanto, são de ciclo curto de produção e a oferta deve voltar ao normal em 60 dias, diz ele.

Ritmo normal
Os demais setores pesquisados pela Fipe seguem com as variações de preços dentro do previsto. Os custos da habitação estão em alta, devido aos aumentos de tarifas e gás. O mesmo ocorre com os gastos com transporte, devido aos reajustes de preços dos combustíveis.
A previsão da Fipe é que os preços da gasolina terminem julho com aumento de 10% e os do álcool, com 15%. Juntos, combustíveis e gás devem empurrar a taxa de inflação em 0,35 ponto percentual para cima neste mês.
Os custos com saúde subiram 0,76% na terceira quadrissemana, acima do 0,66% da segunda. Os remédios e produtos farmacêuticos vêm registrando aumentos seguidos desde o início de junho. Na terceira quadrissemana deste mês a alta foi de 1,90%.
O setor de vestuário já sobe menos (0,29%), mas a partir do Dia dos Pais (13 de agosto) deve apresentar quedas de preços devido às liquidações das lojas.
Por causa do frio, os tecidos, lãs e aviamentos subiram nas últimas quatro semanas. Na terceira quadrissemana deste mês a alta foi de 1,89%, segundo a Fipe.



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