|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PREVIDÊNCIA
MP fixa teto de R$ 15,6 mil para pagamento a quem desistir de ação; sindicato da Força diz que foi "traído"
Aposentados ameaçam boicotar acordo
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Sindicato Nacional dos Aposentados da Força Sindical ameaça boicotar o acordo fechado com
o governo para o pagamento da
dívida de R$ 12,3 bilhões com os
segurados do INSS. A entidade se
diz "traída", alegando que o texto
da medida provisória com as regras do pagamento não condiz
com o acertado.
Entre as reclamações do sindicato está a fixação, pela MP, do teto de R$ 15,6 mil para o pagamento dos aposentados que abrirem
mão de ações que estejam tramitando nos Juizados Especiais Federais Previdenciários. Além disso, a entidade quer ter o direito de
cobrar uma taxa de até 10% dos
próprios aposentados ou receber
dinheiro do governo para intermediar a adesão ao acordo.
"Se a medida provisória for
mantida como está, a orientação
que daremos aos aposentados é
não aderir ao acordo", declarou o
presidente do sindicato, João Batista Inocentini. A entidade foi
uma das que participaram da cerimônia no Palácio do Planalto,
na semana passada, quando a MP
foi assinada pelo presidente Lula.
O ministro da Previdência Social, Amir Lando, explicou que as
ações que tramitam nos Juizados
Especiais Federais Previdenciários já estão sujeitas ao teto de R$
15,6 mil, ou 60 salários mínimos.
A MP só teria repetido o limite já
previsto. O texto não estabelece limite para quem entrou com ação
nos tribunais comuns.
"Durante as negociações com
os aposentados isso foi colocado
explicitamente. De toda forma, isso abrange apenas uma minoria."
Questionado se o boicote não
inviabilizaria o acordo, Lando
disse: "Nós todos precisamos fazer um esforço para resolver esse
problema. Quanto maior a demora, mais tempo o aposentado levará para ter direito à correção do
benefício, que é imediata, necessária e imperativa".
Pelas contas da Previdência, do
1,883 milhão de aposentados com
direito à correção, 238,72 mil têm
mais de R$ 15,6 mil a receber. Desse total, não se sabe quantos têm
ações nos Juizados Especiais, nos
tribunais comuns ou que não recorreram ao Judiciário.
Se todos tivessem entrado com
processos nos Juizados Especiais,
estando portanto sujeitos ao teto
de R$ 15,6 mil, o custo seria de R$
3,438 bilhões. Sem o teto, seriam
R$ 4,785 bilhões -uma diferença
de R$ 1,347 bilhão pró-governo.
Ontem, Lando recebeu Inocentini em seu gabinete e disse que
analisará as reivindicações da entidade. Lando concorda que apenas um ponto poderá ser aperfeiçoado quando o ministério regulamentar a medida provisória.
De acordo com os aposentados,
como a MP estabelece que os atrasados são referentes às últimas 60
parcelas -e não aos últimos 60
meses-, a interpretação que se
tem é que o 13º salário ficaria excluído do acordo. "A redação dá
margem a interpretações diferentes, mas na regulamentação podemos ajeitar isso", disse o ministro.
O sindicato também alega que a
MP veda a possibilidade de associações e sindicatos receberem recursos para intermediar a adesão
ao acordo. "A CEF e o Banco do
Brasil vão receber dinheiro do governo para participar do acordo.
Aceitamos a metade do que eles
vão cobrar", afirmou Inocentini.
Outra reclamação da entidade é
que a MP estabelece que só será
considerada ação judicial aquela
na qual a Previdência já tenha sido citada como ré. O texto afirma
que as desistências de ações judiciais precisarão ser homologadas
pelo juiz. "Até a Justiça homologar, já se passaram mais de cinco
anos e acabou o prazo para aderir
ao acordo", disse o sindicalista.
Texto Anterior: Argentina: Autopeças pedem ajuda contra Brasil Próximo Texto: Frase Índice
|