|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BC sinaliza que taxa de juro pode cair mais lentamente
Instituição afirma que é recomendável "maior parcimônia" nas novas reduções
Selic já foi reduzida em cinco pontos desde setembro; Copom avalia que "boa parte" dos efeitos ainda não se refletiu na atividade
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de nove cortes seguidos, o Banco Central dá sinais
de que a queda na taxa Selic deve passar a acontecer mais lentamente. Na avaliação dos diretores do BC, os juros estão cada
vez mais próximos do seu piso
e, por isso, é recomendável
"maior parcimônia" nas futuras reduções.
Na semana passada, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) se reuniu e deu
continuidade ao processo de
cortes iniciado em setembro,
cortando a Selic em meio ponto
percentual, para 14,75% ao ano.
Ontem, foi divulgada a ata do
encontro. Segundo o texto, o
BC traça um cenário positivo
para a inflação e diz que a economia continua dando sinais
concretos de crescimento. Com
a relativa tranqüilidade observada nos mercados internacionais nas últimas semanas, "as
incertezas que cercam os mecanismos de transmissão da
política monetária" são apontadas como um dos principais
obstáculos à queda dos juros.
Desde setembro do ano passado, a Selic foi reduzida em
cinco pontos percentuais. Para
o BC, "boa parte dos efeitos
desse corte de juros ainda não
se refletiu no nível de atividade,
assim como os efeitos da recente retomada da atividade sobre
a inflação também não tiveram
tempo de se materializar".
Ou seja, o ritmo de expansão
da economia ainda deve se acelerar nos próximos meses por
causa de cortes nos juros, e o
BC diz ainda ter dúvidas sobre
o comportamento que a inflação terá quando esse crescimento se acelerar. Além disso,
a ata indica que o BC não vê necessidade de uma queda muito
grande nos juros para estimular uma retomada do crescimento, pois a recuperação já
ocorre conforme o esperado.
Diante desse quadro, o mais
provável é que a redução dos juros passe a ser feita de forma
ainda mais cautelosa. "Parecem estar adotando uma política do "devagar e sempre" ", afirma Renato Motta, diretor da
Máxima Asset Management. O
analista evita fazer previsões
sobre a próxima decisão do Copom, que só volta a se reunir
daqui a um mês, mas ressalta
que a taxa Selic "está chegando
cada vez mais perto do seu nível
de equilíbrio".
De acordo com Motta, a inflação parece estar sob controle
e deve ficar abaixo da meta de
4,5% fixada pelo governo para
este ano. Diante disso, espera-se que o preço dos combustíveis sofra um reajuste para
compensar a alta do petróleo
no mercado internacional.
Se esse aumento ocorrer neste ano, diz ele, evita-se uma
pressão sobre os preços em
2007, ano em que o cumprimento da meta de inflação não
é tão certo quanto neste ano.
Para Carlos Cintra, do banco
Prosper, o documento divulgado ontem não deixa dúvidas sobre a estratégia do BC em relação aos juros. "A ata é exatamente igual à ata passada, exceto por uma palavra: agora, eles
dizem que vão conduzir a política monetária com "maior" parcimônia." O termo "parcimônia" já havia aparecido na ata
do encontro anterior do Copom. Para Cintra, o uso da palavra "maior" indica, agora, que o
cuidado na redução da taxa Selic será redobrado. "Claramente é isso aí. Vão reduzir [os juros] em 0,25 ponto, em vez de
0,50", diz.
Segundo a previsão do analista, os juros devem cair para 14%
ao ano até dezembro. Depois
disso, afirma, a expectativa é
que o BC mantenha a taxa inalterada nos primeiros meses de
2007 para ver como a economia brasileira reage a uma taxa
que estaria em níveis historicamente baixos.
Texto Anterior: Mercado aberto Próximo Texto: Investidor já prevê juro sem corte em agosto Índice
|